Goiás conquista o mundo da inteligência artificial com supercomputadores e sotaque brasileiro

Goiás está sendo cobiçada e admirada nacional e internacionalmente com o seu trabalho em inteligência artificial (IA) graças a investimentos, parcerias e pesquisas de ponta conduzidas pelo Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA), da Universidade Federal de Goiás (UFG). Em abril deste ano, o estado se tornou o primeiro da América Latina a receber oito supercomputadores da Nvidia, marca líder global em tecnologia de IA. Além disso, avança no desenvolvimento do modelo GAIA em parceria com o Google, uma IA adaptada ao português brasileiro.

Esses avanços foram detalhados em entrevista ao Jornal Opção pelo secretário-geral de Governo de Goiás, Adriano da Rocha Lima, pela fundadora e diretora executiva do CEIA, Telma Woerle de Lima Soares, e pelo professor e pesquisador Sávio Salvarino Teles de Oliveira, um dos líderes do projeto com o Google. Juntos, eles explicam como Goiás vem transformando investimentos tecnológicos em soluções inovadoras e de alto impacto.

Segundo Adriano Lima, a criação do CEIA foi o ponto de partida dessa transformação. “É importante a gente contar todo o contexto para não tratar todo o investimento recente de forma isolada, porque isso faz parte de uma política pública mais abrangente que começou em 2019”, afirmou. Naquele ano, o governo celebrou uma parceria com o Instituto de Informática da UFG, investindo R$ 12 milhões no CEIA, com exigência de contrapartida: criar o curso de graduação em inteligência artificial, lançado em 2020, e captar R$ 50 milhões junto à iniciativa privada ao longo de quatro anos.

Adriano Rocha Lima | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

O impacto foi exponencial. A contrapartida projetada foi amplamente superada, ultrapassando os R$ 300 milhões até o momento. O curso de IA tornou-se o mais concorrido da UFG, superando até mesmo a tradicional Medicina, seguido de perto pela nova graduação em Engenharia de Software, também lançada no contexto do CEIA. 

Telma destacou a importância da criação da graduação em inteligência artificial. “O curso foi uma aposta, vendo ali o Instituto de Informática, o corpo docente, que essa área estava crescendo e a demanda por profissionais na área.” Já foram formadas duas turmas, e a nota de corte do curso no SISU está entre as maiores da universidade. “O Instituto de Informática da UFG já tem essa fama, porque nós criamos o primeiro curso de engenharia de software do país, e o primeiro curso de inteligência artificial.”

Fundadora e diretora executiva do CEIA, Telma Woerle | Foto: Divulgação

A diretora do CEIA destaca o impacto do centro no ecossistema local e nacional. “Aqui no CEIA a gente já executou mais de 130 projetos com a iniciativa privada e em diferentes áreas de atuação. Temos projetos em finanças, agro, saúde e mobilidade. É uma gama muito grande.” Ela calcula que cerca de 150 milhões de brasileiros já utilizam, direta ou indiretamente, soluções desenvolvidas com apoio do CEIA. “Tem soluções que a gente ajudou a construir, não a solução inteira, mas a parte de IA dela, que atinge aproximadamente esse número de usuários.”

Atualmente, o CEIA mantém 77 projetos ativos, sendo que mais de 90% deles envolvem empresas da iniciativa privada que aportam recursos no desenvolvimento de soluções competitivas. “O CEIA começou de uma iniciativa da gente enxergar uma possibilidade de trabalhar, de se aproximar mais da indústria, de realmente levar as soluções produzidas na universidade para o setor industrial, comercial, do ecossistema do país”, explica Telma. Segundo ela, o crescimento da inteligência artificial para o público geral explodiu em 2022 com o lançamento do ChatGPT, mas para a academia as grandes mudanças começaram a partir de 2015 e 2016.

As parcerias são diversas. Com o governo, o foco é fomentar pesquisas de médio e longo prazo, garantindo recursos para infraestrutura. Já com a iniciativa privada, os projetos costumam ter prazos curtos e objetivos específicos. “Às vezes a gente tem que desenvolver uma pesquisa mais fundamental, mas em geral eles já têm um propósito bem mais específico,” explica Telma. Os projetos com empresas normalmente contam com co-investimento da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII). “Não é só a empresa que põe o aporte financeiro, a gente também faz um co-investimento junto.”

Telma também destaca a importância dos recursos públicos no avanço da infraestrutura. “Um supercomputador dessa magnitude custa cerca de 2 milhões de dólares. Não vai ter uma empresa que vai pôr 2 milhões de dólares para você comprar um computador e depois, quem sabe, você resolve o meu problema. Então, a gente precisa ter formas de adquirir isso. E eu diria que foi uma aposta muito acertada do governo de Goiás e realmente uma aposta na ciência.”

Supercomputadores trouxeram agilidade nos processos no CEIA

A chegada dos supercomputadores da Nvidia amplia significativamente o potencial do CEIA. Cada máquina possui múltiplos processadores internos, equivalentes ao processamento de 200 mil computadores comuns. “Isso é o que vai permitir que possamos construir grandes modelos de inteligência artificial,” afirma Telma. No entanto, até recentemente, o centro enfrentava um gargalo: a capacidade computacional.

Os algoritmos de IA exigem processamento massivo e elevado consumo energético. A aquisição dos supercomputadores com os chips B200, instalados no Data Center do Estado, solucionou esse desafio. “As unidades B200 consomem a mesma quantidade de energia que todo o restante do parque computacional do estado”, explica Adriano Lima.

Telma ressalta que adaptar grandes IAs para o Brasil é essencial, já que “nem sempre o que se aplica para outros países é exatamente igual aqui. A gente tem contextos específicos. Quando você fala da área jurídica, por exemplo, as nossas leis são diferentes das leis americanas, europeias, chinesas.” Para realizar essa customização, a infraestrutura robusta é imprescindível. Ela detalha que o poder de processamento exigido é enorme e demanda trabalhar com múltiplos supercomputadores simultaneamente para dar conta do volume de cálculos necessários.

Parceria com o Google

O professor Sávio Teles, um dos responsáveis pelo projeto GAIA junto ao Google, explica que a parceria surgiu a partir da convergência de interesses. “Começou com a ideia do Google. Eles querem cada vez mais modelos especializados para diferentes línguas. Já há parcerias com países como a Bulgária, onde o modelo foi adaptado para o idioma local. No Brasil, não existia nada parecido, e o CEIA, liderado pela professora Telma, é uma referência no país.”

Professor Sávio Teles | Foto: Arquivo pessoal

Desde então, a equipe do CEIA tem se dedicado a pesquisas aprofundadas sobre a língua portuguesa e o contexto cultural brasileiro. “Temos trabalhado há muito tempo para reunir grandes volumes de textos em português para treinar o modelo. Isso é essencial porque o GAIA será gratuito e aberto ao público, por isso a curadoria dos dados precisa ser rigorosa”, afirma Sávio. Inicialmente, a adaptação baseou-se no modelo Gemma, do Google, que é multilíngue, mas o diferencial do GAIA foi especializá-lo para o português brasileiro.

Telma reforça a importância de uma IA que compreenda as nuances da linguagem brasileira. “A IA responde com base no que ela conhece, por isso, quando customizamos para o português brasileiro, insistimos para que ela priorize informações relevantes para nosso contexto, como o fato de Santos Dumont ser o inventor do avião, por exemplo.” Ela também aponta os desafios dos regionalismos. “No Brasil, temos muitas gírias e expressões regionais. Um participante do Big Brother pode usar termos que alguém do Sul ou de Goiás jamais ouviu. Para um agricultor do interior, por exemplo, é fundamental que a IA reconheça essas palavras.”

Essa riqueza linguística exige um processo criterioso de coleta e validação de dados. “Muita informação disponível em blogs ou até mesmo na Wikipedia pode estar incorreta. Por isso, temos um grupo forte de pesquisadores dedicados à curadoria dos dados para evitar que conteúdos tóxicos ou imprecisos sejam incorporados à IA”, alerta Sávio.

Atualmente, o GAIA ainda não está disponível ao público geral por meio de uma interface própria, mas já pode ser testado por pesquisadores da área, que fornecem feedbacks para o aperfeiçoamento do sistema. O uso prático da IA já começou: no Tribunal de Contas do Estado de Goiás, o auditor Maurício testou o sistema com documentos técnicos e aprovou os resultados. “Ele é técnico na área de informática e ficou impressionado com a qualidade da IA”, relata Sávio.

O professor Sávio destaca ainda como a aceleração do projeto foi possível graças à instalação dos supercomputadores Nvidia no CEIA. “Quando as máquinas chegaram, foi um verdadeiro parque de diversões para nós. O processo de treinar a IA é muito complexo e exige enorme capacidade computacional. Sem esses equipamentos, não seria possível fazer o que fizemos”.

Alunos brilham no mundo da IA 

Outro destaque na UFG, é a sinergia entre o CEIA e às graduações, que permite que estudantes sejam inseridos em projetos reais desde o início, preparando-os melhor para o mercado de trabalho. “Eles já começam a atuar nos projetos e saem profissionais mais preparados para o mercado”, destaca Telma. Sávio reforça esse protagonismo dos alunos. “O grande mérito no projeto com o Google, por exemplo, é dos alunos. São eles que no dia a dia estão fazendo acontecer.” Segundo ele, a equipe inclui estudantes de diversas regiões do país, como Bahia e Santa Catarina.

Para que esse envolvimento se mantenha saudável, Telma reforça que o acompanhamento do desempenho acadêmico é fundamental, de modo a garantir que os estudantes consigam conciliar os estudos com os projetos práticos. “Para esses alunos, em geral, a gente recomenda trabalhar como voluntários… para começar a assumir essa responsabilidade ele precisa estar com uma disponibilidade maior de tempo e isso a gente avalia normalmente pelo desempenho que ele está tendo na graduação.” Além disso, ela explica que os alunos são estimulados a explorar diferentes áreas da inteligência artificial, como ciência de dados, visão computacional e processamento de texto, até escolherem uma especialidade para aprofundar na residência em IA.

O professor Sávio destaca ainda que o CEIA possui grupos de estudo e pesquisa que reforçam o aprendizado e o desenvolvimento contínuo dos alunos. “Tem encontros até à noite, onde – de um aluno para outro – trocam conhecimentos e enfrentam os desafios dos projetos, como no caso do Google.”

Além de formar profissionais capacitados, o centro também cria um ambiente colaborativo que mantém vínculos entre ex-alunos e projetos em andamento. “Temos alunos que foram construir as suas próprias empresas, empreender… mas todos eles de vez em quando estão em contato ‘Ah, tem alguma coisa, posso ajudar?’ E eles têm também esse senso de retorno, de continuar fomentando os grupos, ajudando os colegas que continuam aqui. Isso é bem legal”, ressalta Telma.

Ceia está criando projetos inovadores para o país

Paralelamente à parceria com o Google, o CEIA também desenvolve iniciativas com o setor elétrico, por meio do apoio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). “A Cemig é uma das maiores do país nessa área. Então, um grande parceiro”, enfatiza Sávio. A empresa financiou a compra dos supercomputadores H100, indispensáveis para o treinamento de IAs mais avançadas. 

Telma detalha que, inicialmente, a Cemig cogitou utilizar serviços de cloud para o projeto, mas a necessidade de maior capacidade computacional levou ao investimento direto nas máquinas. “A Cemig investiu para que pudéssemos adquirir às máquinas, acho que esse foi um dos maiores investimentos que a gente já teve em percentual de montante, acredito que foram mais de 10 milhões nesse projeto.”

Especializar a inteligência artificial para o setor elétrico envolve alimentar os sistemas com bases específicas, incluindo normas regulatórias e particularidades técnicas. “É uma área extremamente importante, estratégica para o país e para o mundo”, explica Sávio, que revela que o projeto é inovador e pioneiro no Brasil. “A gente começa a alimentar a IA agora não somente com base em português, ou seja, a gente fala assim, ‘tá, português, agora você está falando bem, agora vamos aprender a técnica específica, a linguagem específica do setor elétrico?’”

Telma Soares e Sávio Teles | Foto: Jornal Opção

Embora haja uma ferramenta voltada ao atendimento ao público, Telma esclarece que a maior parte da aplicação será interna, com o objetivo de acelerar tarefas complexas. “A IA vai ter todas essas regulamentações técnicas ali dentro e vai conseguir acelerar o trabalho do funcionário do setor elétrico.” Todo o desenvolvimento está integrado ao ecossistema da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o que garante que a solução seja pública e acessível a outras empresas do setor.

Entre as aplicações práticas já previstas, Sávio cita um projeto voltado ao mercado livre de energia. Nele, a IA será capaz de extrair automaticamente informações das faturas enviadas pelos consumidores, facilitando a análise e a comercialização de energia. “A pessoa manda a fatura, a imagem, a IA extrai todas as informações de forma automática e já gera lá para o analista… para poder gerar o que a gente chama de comercialização da Cemig.”

Telma Soares e Sávio Teles | Foto: Jornal Opção

Outros usos envolvem as áreas jurídica e de auditoria da empresa, que tradicionalmente enfrentam dificuldades com o volume de documentos. A IA ajuda a selecionar e analisar contratos e regulamentações, ampliando a eficiência e a precisão do trabalho humano. De acordo com Sávio, o processo é iterativo, com constante retorno humano para que os resultados sejam aprimorados. “O reforço a falar se o modelo tá certo ou errado, vem do ser humano, então a gente tem que usar isso para retroalimentar a IA e a IA continuar melhorar cada vez mais.” O projeto da Cemig tem previsão de conclusão para novembro do próximo ano.

Paralelamente a todas essas parcerias, o CEIA está criando sua própria inteligência artificial. Um dos grandes diferenciais do projeto goiano é a busca por um modelo totalmente treinado em português brasileiro, o que contrasta com os modelos mais utilizados mundialmente, desenvolvidos em inglês. 

No entanto, essa construção exige uma imensa quantidade de dados. Telma detalha que os grandes modelos internacionais são treinados com mais de três trilhões de tokens — unidades mínimas de linguagem que formam textos — o que equivale a terabytes de informação. “Estamos tentando juntar esses dados, buscando parcerias com veículos de comunicação, bibliotecas digitais e outras fontes. Mesmo que pegássemos todo o conteúdo disponível em português, talvez ainda não fosse o suficiente”, ponderou a diretora.

Base de supercomputadores no Instituto de Informática da UFG | Foto: Jornal Opção

A colaboração com o Google permitiu um avanço significativo, ao adaptar um modelo internacional para o idioma nacional. Ainda assim, a grande meta do CEIA permanece: criar uma IA inteiramente brasileira. “Se você constrói com base em dados do Brasil, a IA dificilmente vai afirmar que outra pessoa criou o avião que não o Santos Dumont. É a visão do Brasil, feita por brasileiros”, enfatizou Telma.

Mas o processo vai além da questão linguística. O manuseio de dados sensíveis exige extremo cuidado com a privacidade. Telma reforça que todas as atividades do CEIA seguem rigorosamente a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). “Temos que tirar todas as informações pessoais antes de treinar a IA. Apenas dados públicos são utilizados na construção da IA de propósito geral.”

Sem uma legislação federal específica sobre o tema, o estado de Goiás saiu na frente ao criar e sancionar a primeira lei estadual voltada à inteligência artificial: a Política Estadual de Estímulo ao Desenvolvimento da Inovação em Inteligência Artificial. O texto foi elaborado com base em uma ampla consulta pública que envolveu sociedade civil, comunidade científica, especialistas, instituições, centros de pesquisa e universidades. O resultado foi um marco legal moderno, elogiado internacionalmente, afirma o secretário Adriano Lima.

A nova lei estabelece diretrizes claras. “É um marco civil, ele se posiciona claramente como nós queremos enxergar a inteligência artificial”, defendeu o secretário. Um dos pilares é a preferência por softwares de código aberto (open source), o que permite transparência nos algoritmos, democratização do acesso e ampla auditabilidade.

A legislação também define áreas prioritárias para aplicação e fomento da IA: agropecuária, saúde e educação. No setor agrícola, Goiás, terceiro maior produtor de grãos do Brasil, enxerga na IA uma aliada para aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente. Em saúde, as ferramentas tecnológicas prometem ampliar o acesso e a eficiência dos serviços públicos. Já na educação, o governo estadual vai incorporar o ensino de IA ao currículo do ensino médio, preparando as novas gerações para um mundo já impactado por essa revolução digital.

Segundo o secretário Adriano Lima, entre as novidades da política pública está a criação de um sandbox regulatório — um ambiente de testes controlado voltado a estudantes e empreendedores que queiram desenvolver soluções tecnológicas sem os altos custos operacionais iniciais. “Ele dá oportunidade para aqueles que tiverem boas ideias terem um ambiente onde possam se desenvolver”, explicou o secretário. A proposta estimula startups e facilita o acesso a recursos de ponta, como os supercomputadores Nvidia.

Telma elogia a iniciativa do governo goiano ao elaborar uma norma que oferece segurança jurídica sem restringir o avanço da tecnologia. “O governo escutou todos os envolvidos e criou uma legislação que não trava o desenvolvimento da IA. Às vezes, as pessoas culpam a IA por um uso indevido, mas a culpa é de quem usou de forma errada, não da ferramenta em si”, afirmou. Para ela, a analogia é clara: “Se alguém é esfaqueado, não culpamos o fabricante da faca, mas quem a utilizou para cometer o crime. Com a IA, é a mesma lógica.”

A equipe do CEIA também acompanha de perto as discussões no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, contribuindo ativamente para a construção de um plano nacional de inteligência artificial. O conceito de “inteligência artificial soberana” não se resume ao controle tecnológico, mas diz respeito à produção de conhecimento autêntico, baseado na cultura, na língua e nas necessidades brasileiras.

Como afirmou Sávio: “A inteligência artificial vai permitir que pessoas tenham acesso a serviços e qualidade de vida que talvez nunca foi permitido ter na história.”

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