
Casal de empresários pode responder por estelionato, associação criminosa e apropriação indébita. Polícia Civil estima que o valor do prejuízo ultrapasse os R$ 10 milhões. Donos de loja de carros de luxo são presos suspeitos de ficar com dinheiro das vendas
Os donos de uma loja de compra, venda e consignação de carros de luxo, em Goiânia, presos suspeitos de dar golpes, fizeram mais de 100 vítimas, segundo o delegado Diogo Rincon, responsável pelo caso. Ainda de acordo com o investigador, o número de clientes lesados corresponde somente ao ano de 2025.
Os nomes dos investigados não foram divulgados pela polícia. O g1 não conseguiu localizar a defesa do empresário para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.
Segundo o advogado Diego Bringel, que faz a defesa da empresária, em 2024 a loja foi vítima de um golpe de R$ 2 milhões, o que refletiu nos demais clientes. A defesa alegou que, desde o golpe, a empresária se colocou à frente das situações que acabaram ocorrendo, inclusive resolvendo várias delas até ser presa, tendo em vista que seu esposo estava em situação de saúde debilitada (veja a nota na íntegra ao fim do texto).
O dono da loja foi preso na manhã de quinta-feira (12) suspeito de estelionato e associação criminosa. O suspeito teve sete veículos apreendidos, além do bloqueio de R$ 3 milhões.
A mulher dele já estava presa desde 3 de junho, em Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia, suspeita de desviar R$ 2,5 milhões de clientes por meio da venda dos carros de luxo. No dia de sua prisão, dois mandados de busca e apreensão foram realizados na casa da empresária e na loja.
Golpe milionário
Rincon explicou que, em alguns casos, o casal pagava o valor parcial dos veículos ou dava um cheque sem provisão de fundos ou com divergências de assinaturas para que voltassem. O delegado ainda disse que o prejuízo total causado pelo casal de empresários ainda precisa ser apurado, mas a estimativa é que o valor ultrapasse os R$ 10 milhões.
“Quando as vítimas somavam 25, o valor dava em torno de R$ 3 milhões. Considerando que agora são mais de 100 vítimas, se fizermos uma média, vai dar cerca de R$ 10 a R$ 12 milhões. Todavia, precisa ser apurado esse valor”, explicou o delegado.
Polícia Civil apreende veículos de donos de loja de carros de luxo, em Goiânia
Divulgação/Polícia Civil
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O delegado explicou que a loja captava as vítimas por meio de sites de anúncio, onde convenciam os proprietários a fazer a consignação dos veículos. Ainda segundo o delegado, a maioria das vítimas era de outro estado ou então do interior, o que dificultava a cobrança na loja.
“É uma loja especializada na compra, venda e consignação de veículos de luxo. Eles tinham várias formas de cometer os crimes. A mais usada era a que eles pegavam os carros em consignação, vendiam esses veículos e não repassavam os valores para os proprietários. O comprador também ficava no prejuízo, porque ele não tinha o veículo transferido para o nome dele e nem o proprietário tinha o dinheiro do carro vendido”, explica o delegado.
De acordo com a Polícia Civil, o casal de empresários pode responder por estelionato, associação criminosa e apropriação indébita.
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Empresária é presa suspeita de dar golpe na venda de carros de luxo
Divulgação/Polícia Civil
Nota da defesa da empresária
Primeiramente considero que a Justiça Goiana e a Polícia Civil agiram dentro da legalidade e de acordo com as informações que chegaram.
Em segundo lugar, infelizmente minha cliente não pode exercer o seu contraditório nos procedimentos da Polícia Civil – ainda que minimamente, e isso prejudicou muito a sua condição, tanto é que está presa até o presente momento.
A defesa destaca que a empresa foi vítima de um golpe no mês de dezembro de 2024 – aproximadamente 2 milhões em prejuízo, e isso reverberou em relação aos demais clientes. Existe um boletim de ocorrência narrando toda situação (mas esse procedimento não foi levado a sério pela polícia civil).
A minha cliente, sócia minoritária, esposa do proprietário, se colocou à frente das situações que acabaram ocorrendo, inclusive resolvendo várias delas, tendo em vista que seu esposo estava em situação de saúde debilitada.
Inclusive é importante ressaltar que eu a conheci representando alguém que havia tido problemas com a loja. Ela resolveu prontamente o caso e a partir desse momento me pediu ajuda para resolver as outras situações. Quando comecei a tentar resolver as demais situações, ela foi presa.
Acabei ficando tão responsável somente por resolver e tratar da questão penal.
Ela presa, hodiernamente, significa nada mais nada menos do que o impedimento de tentativas de resolução dos programas em relação à empresa, tendo em vista a condição do esposo dela – saúde.
Acredito que o Judiciário erra em mantê-la presa, porque hoje é a única pessoa que estava tentando organizar saídas para resolver as situações que estão sendo reclamadas agora diante do Judiciário. E tudo isso, vale a pena reiterar, por causa da saúde do marido, que o impedia de estar à frente das situações.
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