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Pedro Severino ainda vê muito distante a possibilidade de retomar sua carreira após ficar entre a vida e a morte, mas já voltou a “jogar bola”, guardadas as devidas proporções, de acordo com a equipe médica da Unimed Ribeirão Preto. O jogador do Bragantino teve atividades relacionadas ao futebol introduzidas em sua fisioterapia passado o primeiro mês do grave acidente que sofreu, evoluiu na recuperação e impressionou os profissionais de saúde.Os médicos que o trataram por mais de 90 dias ressaltam que ainda é muito precoce para projetar se Pedro poderá ou não voltar aos gramados, mas trabalham com a expectativa otimista. Ele está começando a andar sozinho e a retomar funções motoras, principalmente do seu lado direito, o dominante. Após receber alta hospitalar, o jogador seguirá sua recuperação em casa, tendo a evolução apresentada, as condições físicas e o “propósito de vida” pesando a seu favor.”Atualmente, se você estimula, ele responde de forma coerente e lúcida, mas lentificada. Ele ainda tem um quadro inflamatório cerebral que vai levar muito tempo ainda para ser minimizado. A deambulação [caminhar sozinho] tem um pouquinho de déficit motor na esquerda, principalmente na parte superior, mas Pedro está jogando bola”, disse Amanda Benelli Kujavo, cardiologista coordenadora de enfermaria da Unimed Ribeirão Preto.”Em todas as sessões de fisioterapia era dada uma bola para ele, colocado um golzinho e ele, com a perna direita, a principal, mandava muito bem. Para o tempo de evolução… Há 95 dias ele estava lutando pela vida. Considerando o tempo, é uma recuperação muito significativa. Já está jogando bola, mas em quanto tempo vai conseguir falar e deambular normalmente e jogar bola profissionalmente, só o tempo dirá. Não temos condições de dizer se ele vai ou não jogar. Nossa expectativa é que ele volte.””Só falamos de sequela definitiva em condições de evento cerebral aguda pelo menos dois anos para bater o martelo. Estamos falando de um paciente jovem, de 19 anos, atleta. Esse fator também faz toda a diferença, contribui para uma recuperação mais rápida. Pode ser que tenhamos boas notícias com o tempo, mas não tem como bater o martelo de qualquer previsão agora. Surpreendeu a gente de forma muito positiva. Foram só três meses, temos muito tempo pela frente para ter várias notícias boas”, acrescentou a médica, em entrevista coletiva na Unimed Ribeirão.”Um paciente com condicionamento físico e com um propósito de vida como o dele, que é o amor ao futebol… Isso passa na cabeça dele: ‘Quero voltar a jogar futebol’. Então, vamos estimular com as coisas que ele gosta. Esse propósito também fez toda a diferença, está fazendo e vai fazer”, disse Amanda Benelli Kujavo.O QUE MAIS DISSERAM SOBRE A RECUPERAÇÃO DE PEDRO SEVERINOIntrodução da bola no tratamento: “Foi logo quando ele começou a esboçar reconhecimento e nível de consciência. A gente colocou a bola no pé dele, estimulamos verbalmente, e ele começou a fazer os movimentos. Foi colocado o gol e ele chutou para o gol e fazer controle de bola também. Isso aconteceu na enfermaria mesmo, com uns 30, 40 dias. O que estimula essa melhora é a neurosplasticidade, capacidade do cérebro tem de fazer novas conexões entre os neurônios para voltar a ter aquela função. Isso depende de estímulos, por isso que a bola foi a primeira coisa que a gente pensou a oferecer para ele poder, pela paixão que ele tem, e já tem a memória, conseguiu começar a fazer os movimentos e foi só progredindo. É mais com o lado direito, o esquerdo ainda está mais fraco, vai precisar de bastante tempo para essa neurosplasticidade mostrar mais resultado”.Próximos passos: “Ele recebeu alta em uma condição muito satisfatória. Ele está consciente, orientado, verbalizando, deambulando com muito pouco auxílio. É um paciente que realmente teve uma recuperação muito positiva e a cada dia ele manifesta uma evolução bem satisfatória. Cuidados principais que ele precisa agora são um bom acompanhamento neurológico, já foi direcionado para um neuroendocrinologista, e na parte motora, com fisioterapia. Parte médica e reabilitação motora são os principais pontos da recuperação plena do Pedro. Ele tem uma condição que ao meu ver fez muita diferença que é o apoio da família. A cada visita ele tinha uma evolução mais significativa. Expectativa é que em casa isso seja ainda mais efetivo.”.O CASOO jogador de 19 anos recebeu alta hospitalar nesta semana após passar mais de três meses internado desde o acidente gravíssimo que sofreu na Rodovia Anhanguera, em Americana (SP), no início de março. Ele, inclusive, teve um protocolo de morte encefálica aberto, mas surpreendeu até a equipe médica e teve o processo interrompido após tossir.O atacante do sub-20 do Bragantino teve um grave traumatismo craniano após acidente sofrido em 4 de março na rodovia Anhanguera, na altura da cidade de Americana. Pedro é filho de Lucas Severino, atacante que jogou em Athletico, Cruzeiro e Corinthians no início do século.O carro colidiu contra a traseira de um caminhão, e ele estava no banco do passageiro. O motorista particular admitiu que dormiu ao volante. Ele passou por teste de bafômetro, que não detectou consumo de álcool.O jovem jogador está emprestado pelo Botafogo-SP e faria seu primeiro treino pelo Bragantino quando sofreu o acidente. Ele estava a caminho do CT do novo time junto de outro atleta, Pedro Castro, que sofreu uma fratura na vértebra cervical, mas recebeu alta hospitalar dias depois.Em maio, Pedro Severino fez sua primeira aparição pública desde o episódio. Ele caminhou pelo quarto do hospital e surgiu rapidamente em uma das janelas do hospital, gerando a euforia de fãs, amigos e familiares que foram ao local. Após a alta, o pai do jogador publicou as primeiras fotos fotos dele já em casa, com a família.