Conheça perfil, acusação e defesa do general Braga Netto, que depõe no STF

Braga Netto foi preso suspeito de interferir em investigações

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Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Último dos oito réus do núcleo crucial da trama golpista a depor, o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, é ouvido por videoconferência pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal).Além de ministro, Braga Netto foi o vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial de 2022. Ele é o único dos acusados do primeiro núcleo que está preso preventivamente pelo envolvimento na tentativa de golpe de Estado.PERFILWalter Braga Netto, 68, é general da reserva do Exército brasileiro. É formando pela Aman (Academia Militar das Agulhas Negras). No governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), foi interventor federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro.Após a intervenção, tornou-se chefe do Estado-Maior do Exército, segundo posto mais importante na hierarquia da Força. Foi ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro entre fevereiro de 2020 e março de 2021, quando assumiu o Ministério da Defesa.A mudança de pasta se deu após a demissão do general Fernando Azevedo por Bolsonaro, que estava insatisfeito com o afastamento entre a caserna e o governo. A saída de Azevedo culminou na renúncia conjunta dos três comandantes das Forças Armadas pela primeira vez na história.PRISÃOO general está preso preventivamente desde 14 de dezembro de 2024 por determinação do ministro Alexandre de Moraes após pedido da Polícia Federal e aval da PGR (Procuradoria-geral da República). Segundo a Procuradoria, Braga Netto tentou interferir nas investigações.O tenente-coronel Mauro Cid, que firmou acordo de colaboração premiada, afirmou em depoimento que o ex-ministro da Defesa procurou seu pai, o general Mauro Lourena Cid, para pedir detalhes do que ele havia falado na delação.Braga Netto é o primeiro general de quatro estrelas preso na história do Exército brasileiro, segundo a própria instituição.ACUSAÇÃOAssim como os outros réus do núcleo crucial, o general é acusado crimes de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.Na denúncia, a PGR aponta Braga Netto como líder, ao lado de Bolsonaro, da organização criminosa. A PF afirma que ocorreu em sua casa uma reunião em que teria sido discutido o plano de matar Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e Moraes.Em seu interrogatório, Cid reafirmou que recebeu de Braga Netto uma caixa de vinho cheia de dinheiro vivo para entregar ao tenente-coronel Rafael de Oliveira, acusado de liderar o grupo que planejava matar Moraes.DEFESAA defesa do general, comandada pelo advogado José Luis Oliveira Lima, tenta questionar a validade da colaboração de Cid e afirma que a denúncia não apresenta provas que corroborem a delação.As afirmações da PGR são classificadas como “meras suposições”. Além disso, a defesa diz que o delator teria sido coagido, mudando repetidas vezes duas declarações, “extraídas a fórceps”.Em maio deste ano, Moraes negou pela segunda vez o fim da prisão preventiva de Braga Netto. Na ocasião, o advogado do general afirmou que ele havia se transformado em um “bode expiatório”. O ministro do STF também negou o pedido da defesa para não transmitir o interrogatório do general.

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