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Imagem Ilustrativa/Canva
Com a meta de perder peso, os empresários Marciela Gineli e André Luis Carvalho decidiram comprar o medicamento Mounjaro (tirzepatida). No primeiro mês, em maio, ambos já notaram resultados: cada um perdeu cerca de 10 quilos. No entanto, o tratamento precisou ser interrompido devido à falta da caneta emagrecedora no mercado.“Fizemos mais quatro pedidos e, desses, três foram cancelados. Ainda estamos aguardando a última compra, feita há um mês, mas, infelizmente, não temos previsão de recebê-la”, lamentou Marciela.Eles não são os únicos, como revela o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Espírito Santo, Edson Daniel Marchiori. Segundo ele, há até fila de espera em algumas farmácias. “A caneta está sendo vendida no País desde maio, mas só estava permitida para o tratamento do diabete tipo 2”.A médica endocrinologista e metabologista Priscila Pessanha Faria confirmou que o medicamento está em falta nas farmácias e faz um alerta sobre a manipulação.“Não temos qualquer garantia de que a versão manipulada contenha a dosagem correta, e tampouco sabemos a procedência da tirzepatida utilizada. Por isso, o único Mounjaro que deveria ser prescrito é o produzido pela farmacêutica Eli Lilly. A versão manipulada, até o momento, não é reconhecida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).”Gisele Dazzi Lorenzoni, médica endocrinologista, destacou que a falta da medicação atrapalha o tratamento. “Para pacientes que estão em tratamento com Mounjaro, as alternativas possíveis são o Ozempic ou o Wegovy. Porém, é fundamental que cada caso seja avaliado individualmente para determinar se o uso é adequado”.A empresa Eli Lilly informou que o lançamento no Brasil, em maio deste ano, apresentou uma demanda sem precedentes. “Atualmente estamos enfrentando disponibilidade intermitente das dosagens de 2,5 mg e 5 mg de Mounjaro no Brasil”.A farmacêutica norte-americana diz que já garantiu a importação de volumes adicionais para o Brasil e está trabalhando com propósito e urgência para estabilizar o abastecimento.“A Lilly está otimista de que, em breve, será capaz de resolver essa questão temporária de disponibilidade, uma vez que receberemos cargas mensais de Mounjaro no Brasil. Temos acompanhado de perto esse tema, dada a demanda dinâmica do mercado, e reconhecemos que desafios de abastecimento intermitente podem persistir nas próximas semanas”, finalizou.Anvisa aprova injeção para obesidade e sobrepesoA Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso da tirzepatida no tratamento da obesidade no Brasil. A aprovação foi publicada ontem no Diário Oficial da União.Comercializado sob o nome Mounjaro, o medicamento estava, até então, autorizado oficialmente no País só para o tratamento do diabetes tipo 2 e começou a ser vendido em farmácias no dia 15 de maio.Com a nova indicação, o Mounjaro poderá ser prescrito a adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30, critério usado para definir quadros de obesidade, ou a pessoas com sobrepeso (IMC a partir de 27) na presença de pelo menos uma condição de comorbidade relacionada ao peso, como hipertensão, colesterol alto, apneia obstrutiva do sono, doença cardiovascular, pré-diabetes ou diabetes mellitus tipo 2.Questionada sobre os principais riscos associados, a Anvisa disse que os dados de segurança derivados dos estudos Surmount, realizados para a nova indicação de controle de peso crônico, sugerem uma maior incidência de certos eventos quando comparados com o que foi previamente reportado nos estudos para tratamento de diabetes melito tipo 2, incluindo eventos adversos gastrointestinais e relacionados à vesícula biliar, hipersensibilidade e reações no local da injeção.Além disso, vários novos eventos adversos foram identificados (incluindo queda de cabelo, tontura, colecistite, hipotensão, reação anafilática e angioedema), que foram adicionados às informações do produto. “Os dados globais estimam que 1.461.200 pacientes já foram expostos a tirzepatida. As notificações com maior frequência nesse período, mas ainda com baixa incidência, foram pancreatite, vômito, diarreia, náusea, desidratação, insuficiência renal aguda”.Ainda segundo a Anvisa, alguns estudos ainda estão em andamento para avaliação de risco para uso prolongado. “A experiência de uso de tirzepatida em pacientes com insuficiência hepática ou renal (incluindo doença renal em estágio terminal) é limitada e, portanto, deve ser utilizado com cuidado nesses casos”. Saiba MaisTratamentoDe uso injetável e aplicação semanal, a tirzepatida é uma substância que imita a ação de dois hormônios intestinais: o GLP-1 e o GIP (peptídeo inibidor gástrico). É diferente do Ozempic e Wegovy, à base de semaglutida e agem apenas no GLP-1.Por isso, o Mounjaro é classificado como um duplo agonista. A ação é semelhante à da semaglutida, com controle dos níveis de açúcar no sangue e da saciedade. No entanto, ao acionar os dois hormônios de uma vez, sua atuação é potencializada. Nos estudos da fabricante Eli Lilly, ele se se mostrou mais efetivo do que o Ozempic no tratamento da diabetes tipo 2 e na redução de peso.ValorO Tratamento mensal chega aos pacientes dentro do Programa Lilly Melhor Para Você pelo preço máximo de: R$ 1.406,75 (2,5 mg) no e-commerce; R$ 1.759,64 (5 mg) no e-commerce; R$ 1.506,76 (2,5 mg) e R$ 1.859,65 (5 mg), ambos valores em lojas físicas.Já as compras feitas fora do programa terão os valores máximos de: R$ 1.907,29 (2,5 mg) e R$ 2.384,34 (5 mg), considerando a alíquota de 18% de ICMS.Retenção de receitaEm abril, os diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiram tornar a retenção de receita obrigatória para essa classe de medicamentos, para coibir o uso abusivo. A medida deverá entrar em vigor neste mês, 60 dias após a publicação no Diário Oficial da União.Com a decisão, a prescrição médica deverá ser feita em duas vias, e a venda só poderá ocorrer com a retenção da receita na farmácia ou drogaria, assim como acontece com os antibióticos. A validade das receitas será de até 90 dias a partir da data de emissão.