Fulvio Stefanini reforça importância de peça sobre pai com Alzheimer: ‘Ajuda as pessoas a passarem por isso’


Com 70 anos de carreira, ator interpreta no teatro um pai que começa a ter lapsos de memória. Peça já foi encenada em mais de 30 países e emociona por mostrar o drama vivido por uma família. Aos 70 anos de carreira, Fulvio Stefanini está em cartaz com a peça ‘O Pai’
João Caldas
São 85 anos de vida e 70 dedicados à arte. Não à toa, a experiência do ator Fulvio Stefanini tem emocionado o público com a peça “O Pai”, apresentada no Teatro Municipal “Teotônio Vilela” (TMTV), em Sorocaba (SP), no sábado (7).
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A montagem se passa em um apartamento em Paris, na França, onde uma filha tem a dura missão de cuidar do pai com Alzheimer. Ao mesmo tempo, ela pensa em se mudar para Londres, na Inglaterra, onde quer viver sua vida, mas sem se distanciar do pai.
“Não é toda família que tem um pai ou outro familiar com essa doença. O personagem André, mesmo sofrendo de Alzheimer, é alegre, inteligente e muito carismático. A plateia fica apaixonada por ele, com as coisas que ele faz, as suas reações. Inclusive, a filha dele enfatiza isso no decorrer da peça: ‘Meu pai é muito simpático’'”, diz Fulvio, em entrevista exclusiva ao g1.
A história do protagonista, interpretado por Fulvio, emociona e leva a plateia a uma reflexão sobre a doença, que corrói aos poucos a memória.
“Durante o decorrer das apresentações, nós descobrimos uma coisa curiosa nessa peça: tem muita gente, muita família que tem alguém com Alzheimer. Nós não sabíamos disso, mas a gente foi pesquisando e analisando, sem contar que as pessoas começaram a comentar com a gente. É impressionante como é uma doença que está presente dentro das casas”, comenta.
História gira em torno de André, um senhor de 80 anos que começa a ter lapsos de memória
João Caldas
O ator também observa que a história é uma forma de conscientização, ao passo em que o teatro tem o poder de retratar algo que pode acontecer dentro de casa. “A pessoa que sofre dessa doença, até certo ponto, não sofre, ao contrário de quem tem que cuidar. Durante as apresentações, foi gratificante saber que a arte pode ajudar as pessoas a passarem por esse obstáculo”, relata.
Conforme Fúlvio, em várias exibições da peça, pessoas vão ao encontro dele e dos demais atores para comentar que não são as únicas a passar por isso. “Têm pessoas que choram ali, depois do espetáculo, e parece que aquilo é um alívio, uma forma do nosso trabalho poder ajudar as pessoas a passarem por isso.”
🎴 70 anos dedicados à arte
De longa carreira iniciada na antiga TV Tupi, em 1955, Fulvio Stefanini atuou em novelas de todas as emissoras do Brasil, à exceção da Manchete.
Na TV Globo, participou de obras como “Gabriela”, “Pátria Minha”, “Porto dos Milagres”, “Chocolate com Pimenta”, entre outras. No cinema, a partir de 1957, participou de filmes como “Absolutamente Certo”, “O Bem Dotado – o Homem de Itu” e “Quincas Borba”, entre outros.
“São 70 anos dedicados à arte, em que eu sempre trabalhei focado, com muita garra. Eu me emociono quando piso no palco e olho para a plateia. É algo maior que o frio na barriga. Talvez ela seja aquela coisa inusitada, mas, no meu caso, já não dá mais”, brinca.
Para Fulvio, ver o público em um teatro traz a certeza de que ele escolheu a profissão certa. Isto porque, após décadas dedicadas aos palcos, à televisão, ao teleteatro, aos comerciais e a outras manifestações artísticas, a paixão pela arte continua como no início.
“O teatro, eu posso dizer que é a minha vida, porque eu não sei fazer outra coisa. Aliás, eu nunca soube fazer outra coisa, eu não tive outra profissão que não fosse essa. Interpretar é o que eu sei fazer, o que me sustenta, com o que criei a minha família. É a minha profissão, o que eu sempre quis ser e que se tornou a minha paixão”, comenta.
Com um toque de humor leve e poético, ‘O Pai’ trata com muita sensibilidade sobre a doença de Alzheimer
João Caldas
🎭 Sobre a peça
A peça “O Pai” já foi apresentada em mais de 30 países e também virou filme, adaptado pelo próprio autor, Florian Zeller. O longa, lançado em 2020, com o ator Anthony Hopkins, ganhou dois prêmios no Oscar: melhor ator e melhor roteiro adaptado. Mais recentemente, Zeller lançou outro filme, “O Filho”(2022), que chegou aos cinemas brasileiros neste ano.
Nos teatros, a peça também foi muito premiada. Em 2014, na França, ganhou o famoso Prêmio Molière de melhor espetáculo, ator e atriz. Na Inglaterra, foi escolhida como a peça do ano pelo jornal The Guardian.
A história gira em torno de André, um senhor de 80 anos, teimoso, mas simpático e bem-humorado. Quando ele começa a ter lapsos de memória, sua filha precisa tomar uma decisão difícil: levá-lo para morar com ela e contratar uma cuidadora ou colocá-lo em um asilo para conseguir seguir sua própria vida com o novo namorado.
Com um toque de humor leve e poético, “O Pai” trata esse tema delicado com muita sensibilidade. A peça faz o público refletir sobre o envelhecimento, a convivência com a família e as escolhas que precisamos fazer ao longo da vida.
Dois filhos de Fulvio também participam da peça: Fulvio Filho contracena com o pai e o irmão, e Léo dirige o espetáculo. Déo Patrício, Luciano Schwab, Lara Córdula e Carol Mariottini completam o elenco.
Fulvio Stefanini interpreta pai com idade avançada e cuja memória começa a vacilar
João Caldas
*Colaborou sob supervisão de Eric Mantuan
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