Confira os principais momentos do interrogatório de Mauro Cid

O delator do processo que busca julgar o ex-presidente da república Jair Bolsonaro (PL) e mais seis integrantes do Núcleo 1 pelo crime de golpe de Estado, Mauro Cid, foi interrogado pelo ministro relator Alexandre de Moraes da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Cid também foi questionado pelo ministro Luiz Fux e pelo procurador geral da República (PGR), Paulo Gonet.  

Na reunião de mais de quatro horas, Cid afirmou que Bolsonaro havia editado a minuta do golpe, além de negar que teria sido coagido pela Polícia Federal (PF).

Bolsonaro teria editado o documento

Na reunião, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente afirmou que Bolsonaro teria editado o documento da minuta do golpe e que havia retirado a prisão do presidente eleito Luiz Inácio Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Segundo Cid, Bolsonaro teria “enxugado” e mirava apenas a prisão do ministro relator no documento final. “Ele enxugou o documento, retirando as prisões. Somente o senhor [Moraes] ficaria preso”, afirmou.

A edição do documento confirma não só o conhecimento do ex-presidente da trama golpista, mas também cria um vínculo entre o ex-presidente e a minuta que mirava o golpe de Estado. De acordo com Cid, o ex-assessor de Bolsonaro, Felipe Martins, teria levado a minuta ao ex-gestor, durante duas reuniões presenciais. 

O documento, conhecido como Garantia da Lei e da Ordem (GLO), pretendia instaurar um estado de sítio e impedir a posse de Lula no Palácio. Além disso, pretendia um nova eleição por supostas fraudes ao sistema eleitoral. 

Bolsonaro se reuniu com Zambelli e hacker para discutir as urnas

No interrogatório, Cid confirmou que o ex-presidente havia feito reuniões com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), e o hacker da “Vaza Jato”, Walter Delgatti Neto, para investigar as urnas eleitorais sobre possíveis fraudes no sistema. 

Segundo Cid, a reunião teria sido intermediada por Zambelli e objetivava apurar sobre uma possível invasão nos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “O único hacker que esteve com o presidente foi o Delgatti Neto. Ele estava levantando as hipóteses e tentando descobrir como poderia acontecer essa fraude.”

Ambos Delgatti e Zambelli foram julgados juntos pela invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ambos foram condenados a 10 anos de prisão pela Suprema Corte. Apesar disso, Zambelli fugiu para os Estados Unidos da América (EUA) e está foragida com o nome publicado na lista vermelha da Polícia Internacional (Interpol).

Cid nega ter sido coagido pela PF

De acordo com Cid, o tenente afirmou que não foi coagido a prestar um depoimento para Polícia Federal (PF) e afirmou que os áudios que levantaram dúvidas sobre o processo foram divulgados sem o consentimento do ajudante de ordens. 

“Foi um vazamento de áudio sem meu consentimento, um desabafo de um momento difícil que eu e minha família estávamos passando. Eu vendo minha carreira militar desabando, minha vida financeira desabando, isso gerou uma crise psicológica muito grande e me levou a um certo desabafo a amigos, nada de maneira oficial ou acusatória”, afirmou. 

A suspeita sobre o depoimento original foi um das principais narrativas para desacreditar os relatos dados aos delegados para o indiciamento.  

Almir Garnier era um dos mais “radicais” a tentativa de golpe de Estado

Segundo relato de Cid, o comandante da Marinha, Almir Garnier, era um dos mais “radicais” para o uso da minuta do golpe que mirava sustar as eleições de 2022. De acordo com Cid, havia três grupos que se diferenciavam quanto ao uso da minuta: os radicais que apoiavam o movimento, os moderados que acreditavam em uma posição equilibrada para o uso da GLO, e os conservadores ou legalistas que eram contra o recurso e apoiavam a não interrupção das eleições. 

“Os grupos não eram organizados. Era cada um com sua ideia. Não existia uma organização e nem reuniões. Não eram grupos organizados que iam junto ao presidente. Era pessoas que levavam ideias. Tinham dos mais conservadores aos mais radicais”, disse em relato.

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