Petrobras reduz preço da gasolina, mas custo na bomba não cai — Goiás paga o segundo maior valor do Brasil

O preço dos combustíveis em Goiás, especialmente em Goiânia, se manteve estável após a queda de R$ 0,17 no preço do litro da gasolina repassada pela Petrobras às distribuidoras. A redução foi anunciada no último dia 2.

Comercializada a R$ 6,43 em média, o litro da gasolina em Goiás é R$ 0,18 mais caro do que a média nacional (R$ 6,25). O economista Luiz Carlos Ongaratto explica que o Estado, considerado um dos maiores produtores de etanol do Brasil, é um dos poucos que ainda mantém o preço elevado visto que, no geral, houve redução em todo o país. “Se você olhar fora de Goiânia, em cidades fronteiriças como Nerópolis, o combustível já está mais barato. É um ponto para o consumidor ficar atento”, explica o especialista. 

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O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, explica que a Petrobras repassa a gasolina pura às distribuidoras, que não aplicam a redução na mesma proporção da empresa de capital aberto. 

Além disso, o presidente do Sindiposto conta que é necessário levar em conta a mistura do álcool no líquido (27% da gasolina é formada por álcool), assim como gastos com outras áreas da empresa. O cenário impacta a redução na bomba e, consequentemente, o valor no preço pago pelo consumidor final. 

“Tem empresa que está com a margem mais folgada, ela consegue repassar a redução e manter o negócio. Tem empresa, às vezes, que já estava com o preço um pouco mais barato, que não conseguiu reduzir”, reforça. 

Apenas neste ano, a Superintendência de Proteção aos Direitos do Consumidor de Goiás (Procon-GO) autuou 40 postos de combustível e notificou outros 46 por irregularidades. Destes, ao menos 28 foram flagrados com aumento abusivo nos preços durante a fiscalização do órgão entre janeiro e meados de maio. Em todo o ano passado, as autuações por aumento sem justificativa chegaram a 179, de acordo com levantamento realizado à pedido da reportagem. 

Segundo maior gasto do Brasil 

Uma das justificativas para o preço do combustível é o valor que o produto chega aos dutos do Terminal de Senador Canedo — o segundo maior entre as 17 distribuidoras para onde a gasolina é enviado no país através da Petrobras. 

A tabela dos preços praticados pela empresa, divulgados no site da Petrobras, mostra que o litro da gasolina enviado para o município goiano custa R$ 2,33, valor abaixo apenas do comercializado por Mato Grosso (R$ 2,43). O Distrito Federal (R$ 2,29) fecha o ranking dos três mais caros.

“A questão é a distância que você tem do ponto de originação do combustível. A nossa logística tem uma parte que é rodoviária, uma parte que é ferroviária, mas a gente não tem, por exemplo, nenhum duto para o transporte de combustível. Por isso que a gente também não tem gás. Acaba que a nossa logística é mais cara mesmo”, afirma Luiz Ongaratto. 

Existem pontos de refinaria da Petrobras espalhados por todo o Brasil, como no Rio de Janeiro e na Bahia, de acordo com o economista. Em Goiás, o Estado é abastecido pelo combustível que sai da refinaria de Paulínia, em São Paulo — a maior em termos de produção. O trajeto interestadual é realizado de forma terrestre. 

Já para Márcio, a falta de concorrência é o principal motivo do Estado adquirir o combustível por R$ 0,8 acima da média nacional. De acordo com ele, os dutos são de propriedade da Petrobras — fato que impede a exploração de empresas estrangeiras, criando um monopólio. 

“Se o duto fosse compartilhado, alguma distribuidora poderia importar um produto e mandar via duto. Não temos uma concorrente da Petrobras em Goiás. Quando você vai pra Região Norte do país, que em tese é mais longínquo, você tem produto que chega importado. A Petrobras tem competição lá”, concluiu.

Redução

A Petrobras anunciou a redução no preço da gasolina vendida às distribuidoras no último dia 2. O preço médio da gasolina passou a ser de R$ 2,85 por litro — uma redução de R$ 0,17, o equivalente a 5,6%.

“Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para composição da gasolina C vendida nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará a ser de R$ 2,08/litro, uma redução de R$ 0,12 a cada litro de gasolina C”, diz a nota da empresa.

Ainda segundo a empresa, com o novo reajuste, a Petrobras acumula uma redução de R$ 0,22 por litro no preço da gasolina para as distribuidoras desde dezembro de 2022, o que representa uma queda de 7,3%. A decisão ocorreu em meio à tendência de queda nos preços do petróleo no mercado internacional, observada desde o início do ano, o que tem possibilitado a redução dos combustíveis no Brasil.

Preços na bomba

Segundo a Petrobras, os preços praticados pela empresa representam apenas cerca de um terço do valor final pago pelos consumidores nos postos. A petroleira explica que o preço da gasolina nas bombas é composto por diversos fatores, além do valor cobrado pela estatal. São eles:

  • Custos e margem de lucro de distribuidoras e revendedores;
  • Custo do etanol anidro, que é misturado à gasolina A para formar a gasolina C;
  • Impostos federais, como Cide, PIS/Pasep e Cofins;
  • Imposto estadual (ICMS), cuja alíquota varia conforme a unidade da federação.

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