
Caso repercutiu no fim de maio, quando a estudante de engenharia civil Sthefanny Samyra disse que foi importunada por mensagem e pessoalmente durante uma palestra. Entidade estudantil publicou portaria na última sexta-feira (6). Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco
Victor Lebre/g1
Após a repercussão da denúncia envolvendo a estudante Sthéfanny Samyra, presidente e fundadora do Centro Acadêmico de Engenharia Civil (Caec) da Universidade Federal do Acre (Ufac), e um integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) que supostamente a teria assediado sexualmente, a entidade estudantil divulgou que o envolvido foi desligado da diretoria.
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Segundo a portaria, publicada na última sexta-feira (6), o colaborador não era membro efetivo do DCE e atuava como colaborador eventual.
“Essa medida tem caráter administrativo e preventivo, adotada em razão dos fatos e relatos noticiados, não se configurando juízo de valor definitivo sobre a apuração ou comprovação das acusações, que deverão seguir os trâmites legais e competentes para sua devida elucidação”, disse o documento, assinado pela presidente do DCE, Ingrid Maia.
Ainda de acordo com a publicação, o Diretório ofereceu apoio jurídico e psicológico à vítima, e disse que as medidas em torno do afastamento do estudante foram tomadas ‘com base no compromisso ético desta gestão e no dever de zelar por um ambiente seguro para todos os estudantes’.
“Essa postura, absolutamente incompatível com os valores da entidade, foi tratada com a seriedade necessária. O referido diretor, sem apresentar justificativas relacionadas aos fatos, renunciou voluntariamente ao cargo, em documento formalmente protocolado e homologado pela entidade”, falou.
Além disto, a entidade disse que, como encaminhamento, irá construir um Protocolo Institucional de Enfrentamento ao Assédio. “O DCE/UFAC não se omite. Não se cala. Não recua. Atuamos com responsabilidade, escuta ativa, coragem política e profundo respeito ao devido processo legal e à comunidade acadêmica”, complementou.
O nome do estudante que, supostamente, teria praticado o assédio contra Sthéfanny não foi divulgado publicamente. Por isso, o g1 não conseguiu contato com a defesa.
DCE da Ufac publicou nota de esclarecimento na última sexta-feira (6)
Reprodução/DCE-AC
O caso
Segundo a estudante, o caso ocorreu no último dia 27 de maio. Contudo, ela contou que o suspeito já a importunava através de mensagens em redes sociais, por onde falava frases de cunho sexual e outras falas consideradas inconvenientes por ela.
Sthéfanny conta ainda que a importunação via mensagem ocorria há cerca de dois meses, mas ela teve receio de questionar devido ao fato do suspeito ser membro do DCE, o que, para ela, poderia prejudicar seu centro. Entretanto, após o caso, ela registrou boletim de ocorrência e procurou a ouvidoria da Ufac para relatar o caso.
“No dia do evento, ele sentou do meu lado. Ele chegou no meu ouvido e falou a seguinte frase: ‘Cê [sic] tá uma delicinha hoje. Eu te daria uns pegas aqui, agora. Só não vou fazer nada porque perdi o encanto’. E foi isso que aconteceu”, relata.
Por meio de nota, na época dos fatos, o DCE informou que não compactua com assédio nem violência. O vice-reitor da Ufac, Josimar Ferreira, também manifestou solidariedade à jovem.
Sthéfanny Samyra é presidente do Centro Acadêmico de Engenharia Civil da Ufac, e relata ter sido assediada por um integrante do DCE
Arquivo pessoal
Suposto silenciamento
Inicialmente, a jovem afirma que a única reação foi avisar a um grupo de amigos o que havia ocorrido, e que a orientou a sair do local.
Ela também conta que um integrante da gestão do DCE, que havia lhe convidado para a palestra na qual ocorreu o assédio, tentou convencê-la a não expor a situação e chegou a oferecer um cargo no DCE para que não compartilhasse o relato.
“O mesmo membro que me chamou pro evento, veio conversar comigo depois que ficou sabendo o que aconteceu e me desencorajou, queria que eu ficasse quieta, me ofereceu um cargo no diretório central. Ele falou que achava que eu não deveria, porque provavelmente eu seria atacada. Uma tentativa de silenciamento. Eles estavam tentando deixar o mais coberto possível”, acusa.
Ao g1, o DCE alegou não ter conhecimento sobre esse trecho do relato e que iria apurar o caso internamente.
Violência contra mulher: como pedir ajuda
A PM disponibiliza os seguintes números para que vítimas peçam ajuda:
(68) 99609-3901
(68) 99611-3224
(68) 99610-4372
(68) 99614-2935
Veja outras formas de denunciar casos de violência:
Polícia Militar – 190: quando a vítima está correndo risco imediato;
Samu – 192: para pedidos de socorro urgentes;
Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres;
Qualquer delegacia de polícia;
Secretaria de Estado da Mulher (Semulher): recebe denúncias de violações de direitos da mulher no Acre. Telefone: (68) 99930-0420. Endereço: Travessa João XXIII, 1137, Village Wilde Maciel.
Disque 100: recebe denúncias de violações de direitos humanos. A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa;
Profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros, precisam fazer notificação compulsória em casos de suspeita de violência. Essa notificação é encaminhada aos conselhos tutelares e polícia;
WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656- 5008;
Ministério Público;
Videochamada em Língua Brasileira de Sinais (Libras).
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