Ex de Diddy chora em tribunal, dizendo que ele ignorou seus apelos para interromper maratonas de sexo


Músico se diz inocente da acusação de administrar seu império empresarial como uma empresa de extorsão que teria permitido e ocultado o abuso de mulheres ao longo de duas décadas. Ilustração de julgamento de Diddy, em maio de 2025
Elizabeth Williams / AP
Uma mulher que estava namorando Sean “Diddy” Combs na época de sua prisão no ano passado depôs contra ele no julgamento desta sexta-feira (6), em Nova York. Ela descreveu maratonas de sexo regadas a drogas e disse que o rapper ignorou seus sinais para interromper os atos. Ele ainda teria a repreendido por chorar após um encontro.
Testemunhando pelo segundo dia sob o pseudônimo de “Jane”, a mulher disse que Combs a pressionou a continuar fazendo sexo com homens enquanto ele observava, mesmo depois de ela dar “sinais sutis” — dizendo que estava cansada e com fome, fazendo caretas e gestos — de que queria parar. Em vez de respeitar seu pedido, ele teria dito para ela “terminar com força”.
Questionada sobre o motivo de não ter conversado com ele diretamente, Jane soluçou: “Eu só… eu não sei”. Mais tarde, ela disse que Combs a silenciava quando ela tentava falar sobre o fim dos encontros, que ela chamou de “sombrios” e “desprezíveis”.
Combs, de 55 anos, declarou-se inocente da acusação de administrar seu império empresarial como uma empresa de extorsão que teria permitido e ocultado o abuso de mulheres ao longo de duas décadas. Se condenado, ele pode pegar de 15 anos a prisão perpétua. A defesa afirmou que as atividades sexuais foram todas consensuais e que nada do que o rapper fez equivalia a uma atividade criminosa.
Ilustração do julgamento de Diddy, em maio de 2025
Elizabeth Williams/AP
Jane conta história semelhante à de Cassie
O relato de Jane na quarta semana do julgamento espelha muito o depoimento da cantora de R&B Casandra “Cassie” Ventura, ex-namorada de Combs que testemunhou que ele a agrediu e a forçou a ter “centenas” de encontros com homens profissionais do sexo — encontros que são chamados de “freak-offs”. Jane chamou esses eventos de “noites de hotel”, e os homens de “artistas”.
A promotora Maurene Comey buscou demonstrar que Combs usava sua riqueza para manipular mulheres, fazendo-as se submeterem às suas exigências sexuais e torná-las dependentes dele e de suas necessidades. Em setembro de 2023, disse Jane, o rapper já pagava o aluguel dela há cerca de cinco meses.
Questionada sobre o que temia que acontecesse se parasse de trabalhar em hotéis, Jane respondeu: “Que Sean tirasse a casa” dela. Ele continua pagando seu aluguel, afirmou.
Depois de um desses encontros no hotel, Jane disse que chorou e Combs lhe disse: “Não faça isso agora” e “não consigo fazer isso agora. Estou muito chapado”. Ela testemunhou que havia desmaiado antes por causa do ecstasy que Combs teria lhe dado.
Ela diz que, em outro encontro, tentou se manter sóbria, mas vomitou no banheiro depois de fazer sexo com dois homens em sequência. Combs teria dito: “Que bom. Você vai se sentir melhor agora que vomitou. Então, vamos lá.” Ela então teria feito sexo com um terceiro homem, descrevendo a si como “repulsiva”.
Jane disse que suportou os encontros porque valorizava o tempo a sós com Combs depois. “Eu realmente lutava para bloquear o quão triste eu estava depois”, testemunhou ela. Em mensagens para ele, ela escreveu: “Meu coração está realmente nisso e está se partindo”.
Jane enxugou as lágrimas enquanto relatava os muitos efeitos nocivos das noites em hotéis, incluindo dores constantes nas costas, infecções frequentes do trato urinário e dores nos genitais e na região pélvica. Cassie testemunhou que também sofria de infecções urinárias após suportar maratonas sexuais envolvendo Combs e profissionais do sexo.
Ilustração de julgamento de Diddy, em maio de 2025
Elizabeth Williams/AP
Jane fala das noites de hotel
Jane namorou Combs de 2021 a 2024. Na quinta (5), ela testemunhou que o relacionamento deles começou amoroso e apaixonado, mas logo evoluiu para maratonas de sexo com outros homens. A mais longa durou três dias e meio, enquanto a maioria durou de 24 a 30 horas.
Nesta sexta-feira, ela disse que escreveu seus pensamentos em notas do celular em novembro de 2021. Redigiu uma mensagem para Combs, mas nunca enviou.
“Não sei por que você está me chamando, mas me desculpe, não quero usar drogas por dias e dias e ter você me usando para satisfazer seus desejos estranhos e selvagens em quartos de hotel”, escreveu Jane na mensagem não enviada.
Em 2023, ela disse ter enviado uma mensagem de texto para Combs dizendo que ansiava por voltar aos primeiros dias do relacionamento e que se arrependia de ter se envolvido nos encontros sexuais, mas que se sentia obrigada. Combs respondeu “garota, pare”, disse ela.
Jane disse que os encontros continuaram em 2024 e que ela participou de um na casa de Combs em Miami em agosto — poucas semanas antes de sua prisão em um hotel em Manhattan.
Nesta sexta, os jurados ouviram o primeiro áudio de um desses encontros. Na gravação, Jane pede a um homem que use camisinha durante sua primeira noite no hotel, mas Combs teria feito com que ela desistisse. “Não era algo que ele queria ver.”
Jane também disse que Combs a fez servir de mula para o tráfico de drogas pelo menos duas vezes, contrabandeando comprimidos em sua bagagem despachada em voos comerciais de Los Angeles para Miami. Ela disse que ele dividia os comprimidos coloridos em frascos, e ela acabou usando algumas das drogas com ele.
Para proteger o anonimato de Jane, o juiz proibiu os observadores do tribunal de descrever ou esboçar sua aparência de forma que revelasse sua identidade. A Associated Press não identifica pessoas que se dizem vítimas de abuso sexual, a menos que optem por tornar seus nomes públicos, como Cassie fez.
Defesa mira credibilidade de testemunhas
Os advogados de Combs tentaram semear dúvidas entre os jurados sobre a credibilidade das testemunhas de acusação. Nos argumentos iniciais, o advogado Teny Geragos reconheceu que Combs tinha um “temperamento ruim” e explosões violentas, mas argumentou que seus hábitos sexuais faziam parte de um estilo de vida consensual de swing.
A defesa retratou Cassie, por exemplo, como uma participante ávida das brigas. Quando Cassie estava no banco das testemunhas, os advogados de Combs a fizeram ler mensagens de texto e e-mails nos quais ela expressava disposição para participar dos encontros.
Antes de Jane começar a depor na quinta-feira, a defesa interrogou Bryana “Bana” Bongolan, amiga de Cassie e designer gráfica que está processando Combs.
Bongolan testemunhou que, em 2016, Combs a segurou da beirada de uma sacada em um arranha-céu em Los Angeles por 10 a 15 segundos, um episódio que, segundo ela, a traumatizou e a deixou com pesadelos constantes.
A advogada de defesa Nicole Westmoreland sugeriu que Bongolan mentiu ou exagerou. A advogada observou que Combs estava em turnê durante boa parte de setembro de 2016, incluindo shows na Costa Leste na época do incidente na sacada. Bongolan testemunhou posteriormente que não se lembrava da data exata do incidente, mas não tinha dúvidas de que ele ocorreu.
Ilustrações mostram P. Diddy em tribunal durante julgamento
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