Eleições venezuelanas consolidam resistência do Sul Global contra imperialismo

As eleições parlamentares e regionais na Venezuela, realizadas recentemente, consolidaram a hegemonia do Bloco Patriótico liderado pelo PSUV de Nicolás Maduro, em um processo que observadores internacionais e analistas vinculam à consolidação do país como uma força geopolítica estratégica do Sul Global. Representando a União Brasileira de Mulheres (UBM), a ex-deputada federal Jô Moraes enviou algumas impressões, destacando a relevância da participação feminina e comunitária como alicerces do novo modelo de governança venezuelano.

“Podemos dizer que o resultado dessa eleição é consequência do desejo de paz e estabilidade que estava presente nas conversas que tivemos, sobretudo com as mulheres venezuelanas”, afirmou Jô Moraes, enfatizando o papel dos conselhos comunais, formados majoritariamente por mulheres, como mecanismos decisórios que aproximam o Estado das demandas populares. “O Sistema Comunal empodera venezuelanas”, resumiu.

Ela relata que a mobilização popular foi incentivada com recursos orçamentários extras às comunidades com maior índice de votação. Em comício pré-eleitoral em Brisas de Maiquetía, mulheres do conselho comunal cobraram diretamente compromissos do candidato à reeleição ao governo estadual, Alejandro Téran — um exemplo de como a democracia direta se efetiva no cotidiano político do país.

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Divanilton Pereira: “Sul Global celebrou vitória do chavismo”

Divanilton e Jô Moraes durante plenária com Nicolás Maduro, nesta segunda (26)

Representando o PCdoB e a secretária de Relações Internacionais do partido, Ana Prestes, o dirigente Divanilton Pereira afirmou que a vitória eleitoral venezuelana tem impacto direto no tabuleiro geopolítico global. “O Sul Global não estaria tão bem se não tivesse uma consolidação do país na dimensão política, da sua riqueza natural e do seu projeto político liderado por um processo revolucionário bolivariano”, disse. Confira o que mais disse ele em entrevista ao final.

Para ele, a vitória não foi apenas do chavismo, mas de uma articulação internacional de forças antifascistas e antimperialistas que enxergam na Venezuela um pilar da transição para uma ordem multipolar. Ele criticou a postura do governo brasileiro, especialmente em relação às declarações de Lula sobre o processo eleitoral venezuelano: “Foi um erro. A eleição consolida a legitimidade popular. Se havia dúvidas, estão sanadas com os 83% conquistados na Assembleia Nacional”.

Divanilton defendeu abertamente a inclusão da Venezuela no BRICS, bloco que atualmente é presidido por Lula. “Não faz sentido o país, com a força que tem, estar de fora. Está mais do que na hora”, afirmou.

Fragmentação da oposição e renovação da Revolução

A eleição também evidenciou a fragmentação da oposição venezuelana. Enquanto María Corina Machado apostou no voto nulo e em uma campanha difusa nas redes, Henrique Capriles optou por disputar o Parlamento e foi eleito deputado. “Eles têm o mesmo julgamento de valor contra a Revolução Bolivariana, mas táticas distintas”, explicou Divanilton. “Corina segue a cartilha de Trump, enquanto Capriles percebe que precisa disputar o espaço institucional”.

Apesar das alegações oposicionistas sobre abstenção, Divanilton apontou que a participação aumentou em relação ao pleito anterior: “Houve 1,3 milhão de votos a mais. A oposição que antes governava quatro estados agora governa apenas um”.

Outro ponto destacado foi a renovação geracional e de gênero nas lideranças do chavismo. Jovens e mulheres assumem papel de protagonismo como governadores e dirigentes. “É algo alvissareiro”, afirmou.

Sistema comunal e cristianismo popular como alicerces bolivarianos

Divanilton também destacou o uso de valores cristãos como parte da narrativa política bolivariana: “Maduro e os líderes chavistas incorporaram fortemente valores da paz e da família como centrais na campanha. Isso neutraliza discursos conservadores da oposição e disputa o imaginário popular”.

A dimensão religiosa na Venezuela, contudo, se dá de forma distinta do Brasil: “Não vi presença articulada dos evangélicos como acontece no Brasil. O chavismo é quem incorpora desde a origem o cristianismo popular, dentro da aliança civil-militar que lidera o processo bolivariano”.

Apesar dos avanços sociais e políticos, ele fez críticas à condução da política econômica. “Minha maior crítica ao chavismo é o voluntarismo econômico. Falta um plano estratégico estruturado para industrializar o país e reduzir sua dependência de importações”, disse. Mesmo assim, apontou que o governo prepara uma nova reforma constitucional, com ampliação da consulta popular e democratização da gestão do orçamento.

Desinformação externa e soberania digital

Divanilton também chamou atenção para o papel das Big Techs e da mídia internacional na tentativa de deslegitimar o processo político venezuelano. “Há um sistema externo poderoso gerando mentiras. Mas aqui há um contraponto maior — na mídia estatal, nas redes e principalmente no sistema comunal, que é uma reserva moral da Revolução Bolivariana”, concluiu.

O processo eleitoral na Venezuela, mais do que uma disputa interna, reafirmou o protagonismo do país no cenário do Sul Global. A vitória do chavismo, a participação popular e o fortalecimento dos mecanismos de democracia direta foram interpretados por observadores internacionais como marcos de um modelo alternativo à lógica neoliberal e imperialista. Para os entrevistados, a legitimidade política conquistada nas urnas abre caminho para a reinserção plena da Venezuela no cenário multilateral — e reforça a necessidade de o Brasil, especialmente sob a liderança de Lula no BRICS, reconhecer e dialogar com essa nova fase do processo bolivariano.

Leia os principais trechos da entrevista de Divanilton:

Vermelho: Que efeito principal você acredita que tem esse resultado eleitoral?

Pereira: A eleição de domingo (25) consolida uma vitória do Maduro em julho do ano passado. Essa vitória faz muito bem a esse quadro de transição multipolar liderado pelo Sul Global. O Sul Global não estaria tão bem se não tivesse uma consolidação do país na dimensão política, da riqueza natural que é a Venezuela, sobretudo pelo projeto político liderado por um processo revolucionário bolivariano na sua conceituação.

Então por isso que toda essa luta antifascista, antimperialista, por um mundo multipolar, todos esses segmentos de forças globais estavam atentos à eleição. Então, não só o povo venezuelano, o chavismo, a Revolução Bolivariana, com vigor, tiveram uma grande vitória, mas essa grande disputa geopolítica, essa transição multipolar também aplaudiu e dormiu ontem também, vitoriosa com esse resultado aqui na Venezuela. Então, acentuo isso, que alguns segmentos tentam mergulhar em certa especificidade do país, tentando transportar, às vezes, uma realidade, por exemplo, do Brasil para a Venezuela. São processos políticos distintos, que se perdem nessas diferenças, nessas especificidades e não coloca a Venezuela como das grandes líderes nessa disputa pela multipolaridade. Então, isso é muito importante e por isso aplaudimos esse processo 

Vermelho: Especialmente nesse momento de Donald Trump, que fala abertamente em retomar o “quintal” dos Estados Unidos. 

Pereira: Pois é. Eu estava aqui num local com a Jo Moraes, no quartel da Montana, de onde se vê Caracas, ouvindo Maduro avaliar o resultado. A gente conversando: Você já imaginou a derrota de Maduro e desse processo aqui? Quem estaria aqui falando era Donald Trump. Então, nós não podemos vacilar nesse debate. 

Vermelho: Você acredita que o governo brasileiro vacila na posição em relação ao processo eleitoral da Venezuela? 

Pereira: Claro, porque eu não vi Lula pedir ata na eleição do Equador, por exemplo. Uma eleição com questionamentos de um lado e do outro. Então eu acho que isso foi uma infeliz posição de um governo que se complicou. Por que a Venezuela não está no BRICS? Não sem sentido o país, na dimensão da Venezuela, com o papel, força e liderança que tem na América Latina, no Sul Global, para o BRICS. Eu acho que está mais do que na hora… o presidente Lula agora ficou refém do erro que cometeu lá atrás ao não dar legitimidade ao presidente Maduro. E agora vai arrastar isso até quando?

Porque o povo agora acabou de consolidar. Se o Lula tinha dúvida de algum processo, está aí: 83% da Assembleia Nacional, 23 governadores contra um governador da oposição. Se faltava algum componente, alguma dúvida da opinião popular, o povo expressou o vigor da democracia venezuelana. Aliás, em seis meses, vão três processos eleitorais, duas eleições e três consultas. Essa eleição dá uma oportunidade à política externa brasileira de se entender com a Venezuela e incorporá-la no BRICS, até porque o presidente Lula preside o Brics este ano. 

Vermelho: Foi um resultado acachapante pro governo, mas ao mesmo tempo você tem a oposição alegando abstenção muito alta como uma forma de deslegitimar o processo. Como que você vê essa argumentação, Divanilto?

Pereira: A oposição estava dividida. Corina defendeu voto em branco, mas o Capriles não concordou e foi até eleito deputado da Assembleia Nacional. Ele liderou um bloco que teve 18% de votos, foram 14 deputados nacionais. Tem uma particularidade: essa eleição de governador, do parlamento, não gera aquele envolvimento popular, como em todo o planeta, as eleições presidenciais geram. Então se você fizer uma revisita das eleições passadas, em 2012, se eu não me engano, foi 54% de participação, 2017 foi a 61%, dois pleitos em que a oposição participava. Quando chega em 2021 e 2025, a oposição não participa. E se a eleição, por si só, já não gera essa empolgação, claro que com esse conjunto de abstenção, terrorismo, ambiente midiático e externo influenciando parte do interno, isso gera uma desmotivação no eleitorado. Então não é um pequeno percentual. Afirma isso quem quer insistir em deslegitimar um projeto político que há 26 anos foi vencedor e produziu 32 eleições. 

Vermelho: Da eleição anterior pra essa, a diferença é de 12% pra mais nesta eleição, ou seja, houve até um aumento da participação. 

Pereira: O PSUV teve um milhão e 300 mil votos a mais que a eleição passada. Então, não à toa, que a oposição que tinha quatro governadores, agora tem apenas um.

Vermelho: Fala-se tanto de uma eleição manipulada, de um processo extremamente controlado pelo chavismo, no entanto você tinha quatro governadores de oposição. Tem uma parcela do eleitorado de direita que está representada nas instituições também. 

O presidente Maduro tem um programa semanal. Uma hora e meia de entrevista, com opinião política. E Ao comentar a eleição de ontem, tinha alguns governadores ali, e me chamou atenção um jovem de origem bem popular, de uma base comunitária. Governador, no Estado. Me chama a atenção aqui a renovação geracional dos quadros do chavismo se despontando, inclusive liderando, sendo governadores. Mulheres, jovens também, são outra particularidade interessante. O crescimento de mulheres sendo governadoras, é algo alvissareiro do ponto de vista da renovação geracional de líderes da Revolução Bolivariana.

Vermelho: Existe uma diferença no posicionamento, em relação ao governo, entre o Capriles e a Corina? Porque do ponto de vista eleitoral a diferença é muito grande…

Pereira: Eu acho que não tem diferenças de juízo de valor em relação à Revolução Bolivariana, à Chaves e à Maduro. A diferença entre eles está na tática de enfrentamento. Então, o Capríles concluiu o óbvio, de que precisa de um parlamento para ter voz, criticar e disputar. Essa é a diferença. O slogan da Corina é: eu já votei em 28 de julho. Na verdade, reproduz fielmente essa diretriz que, na verdade, não nasce dela, mas de Donald Trump. Eles têm o mesmo julgamento de valor, mas um resolve entrar no parlamento para fazer a disputa para não ser derrotado permanentemente. O Capriles raciocinou publicamente dessa forma, inclusive. 

Vermelho: E que valores eles defendem, quando eles fazem a campanha? 

Pereira: O primeiro é quase que um jargão imperialista, onde tem projetos diferenciados, classistas, e acusam uma ditadura na China, em Cuba, é na Venezuela. Para que isso repetido muitas vezes vá se configurando como uma verdade. Então, a grande mídia internacional trata assim, os Estados Unidos repercutem, a oposição afirma que não há liberdades, etc. Mas aqui, o presidente do PSUV, que tem uma importante função dentro do governo, é responsável por essa parte de segurança. Então, ele amanhã vai anunciar as gravações, coisas que foram colhidas, comprovando que prendeu gente que ia jogar uma bomba em certos segmentos, em refinarias, para causar uma certa desestabilização do processo eleitoral, para ninguém participar e o processo ficar desestabilizado. Esse é o nível de intervenção desse agrupamento. Não disputam um caminho de desenvolvimento, crítica programática ao governo, nada. Fica nesse jargão de que não há liberdade, não há democracia. Mas as 32 eleições em 26 anos, não revelam, em hipótese alguma, esse diagnóstico que eles repercutem insistentemente. 

Vermelho: O ambiente de desinformação, fake news, caos informacional que a gente vê em vários países, acontece na Venezuela? Existe uma forma organizada da oposição articular isso? 

Pereira: O grande bloco patriótico Simón Bolívar, que foi agregado com 13 partidos, liderado pelo PSUV, tem um sistema de comunicação e televisão, canais que repercutem a verdade e a defesa do projeto. Agora também tem outros canais e redes sociais, CNN, que chegam aqui e vão disputando.
Então, não é algo de uma única voz. O governo tem a sua voz, tem o seu espaço… Agora, esse sistema externo poderoso, de Big Techs, etc, também joga o seu papel desestabilizador, gerador de mentiras. Agora, há aqui um contraponto maior, não só na mídia, mas também na organização de bairro, o sistema comunal, tem um papel importante. Todas as vezes, em que há uma ameaça mais violenta ao projeto, o sistema comunal responde bem e ajuda no combate a essa proliferação de mentiras.

Vermelho: Existe algo parecido com esse cenário que a gente tem no Brasil, de setores econômicos como o agronegócio e de setores religiosos como os evangélicos, que exercem um papel importante na defesa da extrema direita? 

Pereira: Eu já estive aqui em outras eleições, até com o Chaves. O Chaves tem esse projeto nacional, que ele denominou de socialismo do século XXI, fez uma grande aliança civil-militar-nacional, e que tem um componente cristão muito forte. Sinto que hoje isso está mais acentuado. Então, o próprio Maduro, os grandes líderes, têm esse componente religioso cristão muito forte. Acho até que é uma tática discutível, mas, o centro dessa campanha agora, de 25, era a paz e a família. Os valores da família são destacados elevadamente. Com a seguinte formulação: se a família está na centralidade, então significa que teremos políticas públicas para a saúde, para a educação, para o trabalho. Mas eu creio que o movimento tático tenta neutralizar e aglutinar esse pensamento mais conservador. O chavismo é que disputa isso desde a sua origem, incorporando o cristianismo com muita intensidade nessa aliança civil-militar que lidera esse processo bolivariano 

Vermelho: A gente percebe que nesses vizinhos, a população indígena tem um papel muito importante na política. Como isso se deu na Venezuela?

Pereira: Desde Chávez, até hoje, tem uma reserva da representação no parlamento aos indígenas. Algo como oito vagas. Então há sim uma participação de muito respeito, de muita valorização. No programa do Maduro, você vê comunidades indígenas participando, sendo valorizadas. Há uma valorização do povo indígena pra garantir a sua voz não só numa reivindicação, mas numa participação, por exemplo, parlamentar e efetiva. Então, há uma valorização diferenciada dos povos indígenas da Venezuela.

Vermelho: E a situação econômica do país, isso foi um tema eleitoral? É uma questão pra população?

Pereira: Minha grande crítica em relação ao chavismo é a sua limitação econômica. Eu acho que há aqui um voluntarismo econômico. Por que eu digo isso? Ontem, Maduro anunciou que vai apresentar ao novo Congresso Nacional uma nova reforma constitucional, um outro aperfeiçoamento do processo de consulta. No Brasil tem o orçamento participativo, que destina 5% do orçamento para decisão popular. Na Venezuela, o processo de consulta é para o orçamento completo. Agora, em 27 de julho, vai haver uma nova consulta. A juventude vai às urnas escolher qual é o programa, qual é a prioridade orçamentária. Eles priorizam isso como representação direta. É algo que o Brasil liderado pelo Lula, que é de esquerda, deveria aperfeiçoar, porque a democracia representativa está esgotada e em crise no mundo todo inteiro.

Agora, voltando a sua pergunta, do ponto de vista da democracia, da participação popular, dos instrumentos de consulta e opinião efetiva, ocorre de baixo pra cima. Então há instrumentos de aperfeiçoamento da democracia, há aperfeiçoamento na estrutura do Estado. Porém, eu acho que há uma lacuna. Eu não vejo um movimento nacional em torno de um projeto de maior autonomia industrial na Venezuela. Essa é uma dívida que Chávez deixou.

Historicamente, a Venezuela com seus trilhões de dólares oriundos do petróleo comprava tudo… até papel higiênico. Tinha tanto dinheiro, que comprava de fora, não precisava fabricar. Então, quando essa revolução bolivariana chega, começam as sanções, o boicote, etc., o país sente que não tem uma independência, uma soberania econômica. Eu acho que isso é uma lacuna.

Eu pensava, ao voltar aqui, ouvir sobre esse debate econômico. Mas ele não apareceu. O debate é a paz contra os fascistas, que é uma disputa polarizada, etc. Mas não há um esforço de elaboração em busca de um desenvolvimento econômico capaz de dar uma autonomia econômica. O país que vive nessas tensões, com o norte-americano ali em cima, é preciso cuidar disso. Eu acho que essa é uma lacuna da revolução bolivariana, não ter uma concentração de esforços em busca de seu desenvolvimento economicamente autônomo. 

Vermelho: Ficou uma dependência muito grande do petróleo, da agricultura, turismo… 

Pereira: Pois é, não tem indústria aqui, se importa tudo. Com uma sanção e um bloqueio, resta depender da Rússia, da China, etc. Eu imaginava que Maduro fosse dar mais centralidade a isso. Tudo bem cuidar do poder, do aperfeiçoamento da democracia, da relação popular, muito importante. Porém, se não cuidar da economia, essa fragilidade econômica faz com que se crie um ambiente para desestabilizar o poder político. Então, eu considero a fragilidade da revolução bolivariana a falta de uma autonomia econômica, sobretudo a industrial. 

Vermelho: E essa questão de Essequibo no processo eleitoral? 

Pereira: Eu creio que entrou um componente para reforçar essa formulação nacionalista da campanha. Isso é do povo venezuelano, e também dá um tempero ao discurso nacional do Maduro. Mas eu acho que é algo que também vai desafiá-lo, do ponto de vista que, não creio que isso seja tão pacífico. Ele deu um passo, que não vai terminar em si. Isso vai ter consequências e gerar novas tensões e disputas. Hoje, no programa, ele trouxe uma parlamentar que foi eleita lá, onde foi caracterizado o grau de corrupção local. É um estado de calamidade. Creio que por essa razão, eles criaram esse ambiente, essa iniciativa de enfrentar.

Vermelho: Fica um clima de otimismo sobre a governabilidade, agora, em relação a esse resultado? Eu imagino que o governo tem expectativas, o congresso tem expectativas…

Pereira: Sim, o semblante dos eleitos é da alegria de quem se sente na linha de frente, que tem o pertencimento a esse projeto. Quem sabe o plano econômico aparece? Maduro disse, hoje, que vai convocar uma mesa com os eleitos, para discutir a Venezuela 2030. Vai fazer um plano com as grandes prioridades nacionais. Quem sabe, será inevitável nesse planejamento que ele vai liderar, a questão econômica, sobretudo a política industrial, ter uma ênfase que não há aqui, até então. Acho que é uma fala interessante, arregimentar os governadores eleitos, os parlamentares, unificar o país em grandes prioridades, estabelecer o projeto Venezuela 2030. Ele anunciou isso há uma meia hora atrás no programa dele. 

Vermelho: E precisa envolver as elites do país, também, em torno de um projeto…

Pereira: É… rapaz… se a elite brasileira é um problema… eu acho que a elite daqui é mais americana do que a nossa. É habituada a ganhar fácil e quer entregar a soberania deles aos americanos e retomar os grãos que tinham. Simples assim! Exportar o petróleo, gastar e acumular. 

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