
O Governo de Nicolás Maduro consolidou neste domingo (25) uma vitória contundente nas eleições parlamentares e regionais da Venezuela, em uma jornada marcada pelo boicote de setores radicalizados da oposição. Com 93% das urnas apuradas, o Grande Polo Patriótico (GPP), coalizão liderada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), conquistou 23 dos 24 governos estaduais e obteve 82,6% dos votos válidos para a Assembleia Nacional, segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
A aliança oficialista conquistou 4.553.484 votos de um total de 5.507.324 votos emitidos, garantindo 40 dos 50 assentos em disputa, informou o presidente do CNE, Elvis Amoroso, durante uma coletiva de imprensa em Caracas. Neste domingo, o povo venezuelano foi às urnas para eleger os 285 deputados ao Parlamento, 24 governadores e 260 legisladores regionais.
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Chavismo amplia presença institucional
Antes das eleições, o PSUV e sua coligação já governava 19 dos 23 estados do país e detinha mais de 90% das cadeiras no Parlamento, demonstrando que os candidatos que disputam têm chances de hegemonizar votos em algumas áreas do país. Com os resultados deste domingo, ampliou ainda mais sua presença institucional. Além dos 23 estados vencidos, a coalizão governista também conquistou a maioria dos assentos da Assembleia Nacional. Apenas no estado de Cojedes a oposição manteve um posto relevante, com a reeleição de Alberto Galíndez, do partido democrata-cristão Copei, com 55,2% dos votos.
O presidente Nicolás Maduro celebrou os resultados como prova de que o chavismo está “mais atual e forte do que nunca”. Jorge Rodríguez, atual presidente do Parlamento, foi reeleito deputado, assim como outros nomes importantes da Revolução Bolivariana.
Oposição dividida e radicalizada
A eleição contou com a nomeação de 569 cargos, entre deputados, governadores, prefeitos e legisladores regionais. Apesar da magnitude do pleito, a jornada foi marcada por uma abstenção habitual em eleições regionais. O CNE informou que 42,63% dos eleitores compareceram às urnas, portanto, com 57,37% de abstenção, o que revela um aumento de participação de 12% em relação à eleição regional anterior. Com mais de 5,5 milhões de venezuelanos exercendo seu direito de voto, Amoroso descreveu o dia como “árduo”, mas bem-sucedido para o sistema eleitoral venezuelano.
Líderes opositores, como María Corina Machado, utiliza os dados de abstenção para deslegitimar o processo eleitoral. Ela ignora que a própria justiça eleitoral anuncia uma abstenção, que poderia ter sido disputada pela oposição. A Aliança Democrática, principal coalizão de oposição, obteve 344.422 votos (6,25%), seguida pela Aliança UNTC Única com 285.501 votos (5,18%) e a Aliança Força de Vizinhos com 141.566 votos (2,57%). O restante dos votos, incluindo cédulas nulas e outras opções menores, somaram 182.351 votos, equivalente a 3,31 por cento do total
Grande parte da oposição, reunida na Plataforma Unitária Democrática (PUD), optou por não participar das eleições sob a alegação de protesto pela reeleição de Maduro em 2024. Em vez de disputar o processo eleitoral e ampliar sua base, a oposição sempre alega algum motivo para boicotá-lo. O candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, vive atualmente na Espanha.
Por outro lado, uma ala minoritária da oposição, liderada por nomes como Henrique Capriles, Juan Requesens e Manuel Rosales, decidiu disputar o pleito, defendendo a participação como forma de resistência institucional. Essa divisão gerou o rompimento entre grupos opositores e resultou na expulsão dos partidos Un Nuevo Tiempo e Movimiento por Venezuela da coalizão majoritária.
Clima de tensão e detenções durante o processo eleitoral
O processo eleitoral foi precedido por denúncias de planos de sabotagem e tensões entre governo e oposição. O ministro do Interior, Diosdado Cabello, alertou que setores da oposição planejavam ataques a embaixadas e sequestros, o que resultou na prisão de cerca de 70 pessoas, incluindo o ex-deputado Juan Pablo Guanipa, aliado de María Corina Machado. As eleições ocorreram sob acompanhamento de mais de 300 observadores de 64 países, talvez a mais vigiada do mundo.
Pela primeira vez, os eleitores venezuelanos foram chamados a votar em representantes para o território do Esequibo, região de 160 mil km² em disputa com a Guiana. Foram eleitos um governador e 15 legisladores (oito nacionais e sete regionais) para o que o governo considera um novo estado venezuelano. A Corte Internacional de Justiça pediu à Venezuela que se abstivesse de realizar eleições na área. O CNE argumentou que a medida cumpre o mandato popular expresso em referendo realizado em dezembro de 2023.
Os resultados preliminares marcam uma nova vitória para o projeto político iniciado por Hugo Chávez e continuado por Nicolás Maduro, reforçando a gestão governamental em um contexto de desafios econômicos e diplomáticos internacionais promovidos principalmente a partir de Washington.
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