Do jornal O Globo
O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), se encaminha para repetir os movimentos dos chefes do Executivo de Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e Pernambuco, Raquel Lyra, e abandonar o ninho tucano. Aliados do gestor afirmam que as tratativas para que ele se filie ao PP encontram-se avançadas. Se concluído, o movimento deixaria o PSDB sem o comando de nenhum estado.
A senadora Tereza Cristina (PP-MS) é quem tem organizado a articulação. Porém, como forma de amarrar um apoio do PL à sua intenção de reeleição em 2026, o grupo de Riedel não deve ir todo para o PP. O ex-governador do estado Reinaldo Azambuja, por exemplo, se movimenta para trocar o PSDB pela legenda presidida por Valdemar Costa Neto, assim como o deputado federal Beto Pereira.
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A costura envolvendo os dois partidos faz parte de uma estratégia para não desagradar a nenhuma das siglas, mantendo ambas a bordo do projeto eleitoral do grupo para o ano que vem. Acordo semelhante aconteceu em São Paulo, onde o secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, saiu do PL para se filiar ao PP e obteve o aval de sua antiga legenda para tal.
Azambuja deve ser candidato ao Senado na chapa de Riedel. Além disso, o governador e seus aliados já se comprometeram a dar palanque ao candidato do bolsonarismo à Presidência da República, independentemente de qual seja o nome escolhido.
Acordo em 2024
O acordo foi fechado ainda nas eleições municipais de 2024, quando a direção nacional do PL fez o partido abrir mão de lançar candidato à prefeitura de Campo Grande e apoiar o tucano Beto Pereira como candidato. Em troca, já havia sido alinhavada a ida dele e de Azambuja para o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Riedel e Azambuja se reuniram com Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, na última quarta-feira, e ficaram de definir o futuro partidário após o dia 5 de junho, quando o PSDB vai fazer uma convenção nacional para decidir formalmente sobre uma fusão com o Podemos. Na mesma data, governador e ex-governador estiveram com o presidente tucano, Marconi Perillo, e reforçaram o mesmo recado: só decretariam o destino a partir de junho.
O PSDB já adiantou o acordo para fusão com o Podemos em uma reunião realizada em maio. Depois disso, a ideia é que esse novo partido procure mais legendas para formar uma federação. Uma das opções à mesa é uma composição que envolva o Republicanos, mas não há previsão para que essas tratativas sejam efetivamente concluídas.
— Talvez o Azambuja cumpra o compromisso que tem com Bolsonaro, já que o Mato Grosso do Sul é muito bolsonarista, mas Riedel tem a opção de ficar no partido, sobretudo se a gente avançar na federação com o Republicanos — declarou Perillo.
O grupo do governador também foi convidado a se filiar ao PSD. A negociação, contudo, ainda não prosperou, e as movimentações mais avançadas indicam a costura com PP e PL como a mais provável.
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