Niquelândia: encantos para além da lagoa azul

Niquelândia, o maior município de Goiás em extensão territorial, abriga a lendária Lagoa Azul. Este local, também conhecido como lagoa “sem fundo”, intriga moradores e turistas. Suas águas cristalinas, com um tom azul-esverdeado, e sua profundidade misteriosa a tornaram um ícone turístico. Além disso, a cidade oferece uma variedade de atrações naturais e históricas. Consequentemente, Niquelândia é um destino rico para exploradores e amantes da natureza.

A misteriosa lagoa azul: profundidade e lendas

Niquelândia
Lago Azul em Niquelândia. | Foto: Divulgação.

A Lagoa Azul, a aproximadamente 42 km do centro de Niquelândia, é uma dolina. Este tipo de formação geológica, uma cratera, abre-se por processos de dissolução de rochas calcárias. Acredita-se que seu surgimento se deu com o desabamento do teto de uma caverna. Depois, a cratera se encheu com água do lençol freático.

Sua profundidade exata ainda é um mistério. No entanto, estimativas indicam algo entre 220 e 300 metros. O formato é de funil invertido. Por isso, a maior parte da água acumula-se no fundo. A cor azul intensa da água é resultado da grande profundidade. Além disso, a presença de minerais das rochas calcárias contribui para esse tom.

O nome “lagoa sem fundo” alimenta diversas lendas. Moradores contam histórias de tentativas de encontrar o fundo com âncoras. Cabos de até 350 metros foram lançados sem sucesso. Outros relatam experiências com cabos de 600 metros, também sem encontrar o fundo. Portanto, a imaginação popular criou mitos. Há quem diga que o lago é um “chupa-chupa”, puxando objetos e até pessoas para o fundo. Parece existir um redemoinho invisível. Além disso, alguns acreditam que a lagoa é um portal para outro mundo. Isso, por sua vez, reforça a aura de mistério do lugar.

Acesso e regras da lagoa

Chegar à Lagoa Azul é relativamente fácil. O acesso se dá pela GO-237. Siga no sentido Balneário Bucaína. De lá, são aproximadamente 25 km até a sede da fazenda da Anglo American. Depois, vire à direita e siga por mais 5 km. Você chegará a um ponto de estacionamento.

A partir desse ponto, há uma trilha curta, de cerca de 100 metros. O trecho é íngreme e, por vezes, escorregadio. Contudo, leva diretamente ao lago. O local funciona das 8h às 17h. Não abre em feriados. Atualmente, a entrada é gratuita. No entanto, é necessário obter autorização. Isso porque a lagoa está dentro de uma propriedade privada.

A entrada na água da Lagoa Azul é permitida, mas com restrições. Devido à profundidade extrema e às características do local, o mergulho autônomo é recomendado apenas para profissionais experientes. Eles devem usar equipamentos apropriados. O acompanhamento de guias especializados também é fundamental. Para turistas comuns, nadar na parte superficial é permitido. Sempre utilize coletes salva-vidas. A água, embora cristalina e convidativa, exige cuidado redobrado. Afinal, as margens são abruptas, e a profundidade aumenta rapidamente.

É importante ressaltar a segurança. O local, apesar de sua beleza, não possui uma estrutura turística robusta. Não há salva-vidas nem equipes de resgate no entorno. Assim, é crucial seguir as orientações dos guias. Além disso, utilize sempre equipamentos de segurança. Nunca entre na água sozinho.

Niquelândia: história, economia e outras atrações

Niquelândia é mais do que a Lagoa Azul. Fundada em 1735, sob o nome de São José do Tocantins, a cidade possui uma história rica. Ela já foi uma das vilas mais desenvolvidas de Goiás. Inclusive, chegou a ser capital do império brasileiro por um dia, quando D. Pedro II pernoitou na então Traíras, um de seus povoados. Seu nome atual, Niquelândia, é uma homenagem ao níquel. A região possui uma das maiores reservas de níquel do mundo. Além do níquel, foram encontrados mais de 120 outros minerais. Entre eles, destacam-se cobre, cobalto, ferro, manganês e até urânio.

A economia de Niquelândia é fortemente ligada à mineração. A produção de ferroligas e a realização de obras de montagem industrial são atividades econômicas importantes. Além disso, a agropecuária é relevante. Destacam-se o gado leiteiro e de corte, a suinocultura, piscicultura e apicultura. O PIB per capita de Niquelândia é de R$ 27,4 mil, um valor que reflete a importância de suas indústrias.

O município, com uma área de 9.846,293 km², oferece diversas outras opções de lazer. As belezas naturais do cerrado goiano se manifestam em serras, vales e montanhas.

Lago da Serra da Mesa

Lago Serra da Mesa em Niquelândia | Foto: Reprodução

Um dos grandes atrativos é o Lago da Serra da Mesa. Ele é popular entre turistas e pescadores. A pesca esportiva, especialmente do tucunaré azul, é uma atividade muito procurada. Pousadas e restaurantes à beira do lago oferecem infraestrutura. Além disso, o tucunaré é um prato típico da culinária local.

Cachoeiras e grutas

Niquelândia também é rica em cachoeiras. A Cachoeira do Muquém é uma delas. Há também a Cachoeira de São Bento, onde, dizem, há um “rosto de cristo” na formação rochosa. A Cachoeira de Pai Chico, descoberta por bandeirantes no século XVIII, é outro destaque. A Cachoeira do Jequitibá e a Cachoeira do Limiro, com seus canyons, complementam a lista. Para os amantes de cavernas, as Grutas de São Pedro e a Gruta do Coca são opções para exploração.

Turismo religioso e cultural

A cidade também se destaca pelo turismo religioso. A Romaria do Muquém é um evento de grande tradição. A celebração completa 276 anos em 2024. Devotos de Nossa Senhora da Abadia do Muquém se reúnem. Eles chegam de todo o Brasil. Milhares de romeiros pagam promessas e oferecem prendas. O Santuário Nossa Senhora D’Abadia do Muquém é o ponto central.

O Santuário São José / Altar de Ouro do Nosso Senhor dos Passos e a Igreja Santa Efigênia são outros marcos religiosos. A história de Santa Efigênia, protetora do município, é valorizada. Ela foi uma mulher negra escravizada e depois martirizada. Para os devotos, ela é uma rainha.

Niquelândia possui também o Centro de Cultura Senador José Ermínio de Moraes. Ruínas de Traíras, no povoado de Tupiraçaba, revelam a história de uma cidade outrora importante. Essa antiga localidade foi um polo econômico e até capital goiana por um dia. A Rua da Direita e a Casa Centenária com Arquitetura Barroca Colonial também remetem ao passado. Esta casa oferece visitação guiada. Seu acervo histórico aborda o período escravocrata.

Niquelândia, portanto, é um município de múltiplas facetas. Suas riquezas naturais e sua história se entrelaçam. Isso proporciona uma experiência completa para quem a visita. Desde a intrigante Lagoa Azul até suas cachoeiras e grutas, Niquelândia é um convite à aventura e ao conhecimento.

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