O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é aquele tipo de taxa que age como ninja: você não vê, não sente, mas ele está sempre lá. “Fez empréstimo? IOF. Parcelou no cartão? IOF. Comprou dólar, contratou seguro ou mandou dinheiro para fora para estudar? IOF também”, diz a colunista do Estadão Maria Carolina Gontijo, a Duquesa de Tax. “É um imposto rápido, invisível, certeiro e lucrativo para o governo.”
No programa extra ‘Não vou passar raiva sozinha’, a colunista comenta sobre as mudanças no IOF anunciadas ontem pelo governo e o recuo, no mesmo dia, após a recepção negativa do mercado. A especialista afirma que, mesmo quem não manda dinheiro para fora do País ou investe e bolsa, a população vai sentir os efeitos.
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“Mudanças efetuadas em operações financeiras, de pessoa jurídica, de empresas, podem, sim, se transformar em quê? Em preços mais altos, porque a essa altura do campeonato, a gente já aprendeu que imposto nunca é para empresa”, diz a Duquesa.
Segundo ela, a nova alíquota atingiu também cartões de débito em moeda estrangeira − muito usados por turistas − que, do dia para a noite, passaram a pagar até três vezes mais IOF. O governo ainda tentou emplacar o fim da isenção para fundos brasileiros que investem no exterior, mas o recuo foi tão rápido quanto a confusão: “Em menos de cinco horas, voltaram atrás”.
O que deveria ser um imposto para regular o mercado virou uma solução de caixa. Portanto, o decreto original não foi um erro técnico. Tudo indica que foi um teste de limites. “Ele foi para ver até onde que dava para esticar a corda. E quando esticou demais, veio o susto do mercado, toda aquela confusão e aí, sim, o recuo. Mas aí o estrago já estava feito”.
O resultado, diz a Duquesa, foi confiança arranhada, investidor em alerta e contribuinte com um olho no extrato e um outro na canetada. Segundo ela, o mais curioso é como tudo foi vendido como “equalização” e “justiça fiscal”. Só que, nesse ajuste, sempre tem alguém pagando mais.
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