
O Exército de Israel disparou tiros de advertência contra uma delegação internacional de diplomatas nesta quarta-feira (21) na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada. A ação, classificada pela diplomacia palestina como “ato imprudente” e “crime hediondo”, provocou reação imediata de governos europeus e intensificou a pressão por explicações por parte de Tel Aviv.
O incidente ocorreu durante uma visita oficial coordenada pelo ministério das Relações Exteriores da Palestina, com o objetivo de apresentar aos representantes estrangeiros a situação humanitária no campo de refugiados de Jenin.
Segundo testemunhas e vídeos divulgados por agências internacionais, diplomatas e jornalistas que os acompanhavam correram para se proteger enquanto soldados israelenses disparavam para o alto a partir de um dos acessos ao campo. Nenhuma pessoa ficou ferida.
Relatórios das agências AFP, France 24 e Times of Israel confirmam que a delegação era composta por diplomatas da União Europeia, França, Espanha, Itália, Reino Unido e Canadá.
Fontes do governo espanhol e da chancelaria italiana também reconheceram oficialmente a presença de seus representantes no local.
Já a agência turca Anadolu e a agência oficial palestina Wafa afirmam que a delegação incluía também diplomatas de países como Egito, Jordânia, Marrocos, Brasil, China, Índia, México, Turquia, Sri Lanka e Chile.
A reportagem do Vermelho consultou o ministério das Relações Exteriores do Brasil, mas até o fechamento deste texto a presença de representantes brasileiros na comitiva ainda não havia sido confirmada.
Governos europeus exigem explicações e responsabilização
As reações diplomáticas começaram ainda na quarta-feira. A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, cobrou uma apuração rigorosa: “Qualquer ameaça à vida de diplomatas é inaceitável”, afirmou em entrevista coletiva em Bruxelas.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, declarou em rede social: “Pedimos ao governo de Israel que esclareça imediatamente o que aconteceu. As ameaças contra diplomatas são inaceitáveis.” Tajani afirmou ter conversado com o vice-cônsul italiano em Jerusalém, Alessandro Tutino, que estava na comitiva e passa bem.
Fontes do ministério das Relações Exteriores da Espanha também confirmaram que um diplomata espanhol estava no grupo. Em nota à agência AFP, declararam: “Estamos em contato com outros países afetados para coordenarmos conjuntamente uma resposta ao ocorrido, que condenamos veementemente.”
A Bélgica também solicitou esclarecimentos ao governo israelense. As manifestações se somam às denúncias da diplomacia palestina, que considerou a ação das FDI como parte de uma escalada contra alvos civis e diplomáticos.
Israel confirma os disparos
Após a repercussão internacional, as Forças de Defesa de Israel (FDI) divulgaram nota confirmando que os soldados dispararam tiros de advertência e justificaram a ação afirmando que “o grupo entrou em uma área onde não estava autorizado a permanecer”.
Segundo o Exército, a visita foi previamente coordenada e uma rota específica havia sido aprovada devido ao fato de Jenin ser considerada uma zona ativa de combate.
O comandante da divisão militar na Cisjordânia, general de brigada Yaki Dolf, determinou a abertura de uma investigação. Já o general de brigada Hisham Ibrahim, chefe da Administração Civil de Israel, informou que está em contato com os países envolvidos e realizará conversas diretas com os diplomatas para apresentar os resultados da apuração. Em nota final, as FDI declararam: “Lamentamos o inconveniente causado.”
Campo de Jenin está sob cerco militar israelense desde janeiro
O campo de refugiados de Jenin é um dos principais focos da atual ofensiva israelense na Cisjordânia. Desde janeiro de 2025, as Forças de Defesa de Israel impuseram um cerco permanente à região, com a instalação de portões metálicos e aumento das operações militares sob justificativa de combater grupos armados.
Segundo a agência das Nações Unidas para refugiados palestinos (UNRWA), cerca de 16 mil pessoas foram deslocadas de Jenin até o final de março em razão dos ataques e destruições promovidos pelo Exército israelense.
A visita diplomática desta quarta-feira foi organizada justamente para apresentar aos governos estrangeiros os impactos humanitários dessa ofensiva prolongada.
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