Por Marcus Prado*
Escrevi por dois motivos: para celebrar a passagem em 2025 dos 800 anos de nascimento de Santo Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo, doutor da Igreja, um dos pilares cimeiros da doutrina cristã, discípulo fiel da Sabedoria encarnada. Lamentando que, no Recife, pouco ou quase nada a data tenha sido lembrada. Sua obra, especialmente a Suma Teológica, continua a ser estudada e a influenciar o pensamento filosófico e teológico, mesmo séculos após sua morte.
A Ética Filosófica em Tomás de Aquino, do brasileiro Sávio Laet de Barros Campos, livro que volto a ler na sua nova edição, atualizada, pode ser uma referência ao leitor interessado no sistema filosófico-teológico desenvolvido pelo “Doctor Angelicus”, que teve ambiente acolhedor, em Olinda, no Seminário de Nossa Senhora da Graça (Seminário Maior), e, no Recife, na Universidade Católica. O livro O conceito do amor em Santo Agostinho, da filósofa Hannah Arendt (1906-1975), será tema do meu próximo artigo nesta página. Deu uma ampla e importante contribuição ao pensamento do autor de A Cidade de Deus, obra preferida do Papa Leão 14.
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O outro foco é sobre a “crise dos relatos” relacionada à narrativa, (há páginas pertinentes no livro Verdade e Método, volume II, de Hans-Georg Gadamer) com um exemplo visto durante a eleição do Papa Leão 14 por uma estação de TV, no histórico 8 de maio. Foi dito por um locutor que Santo Agostinho “foi o maior teólogo da Igreja”. A notícia para fechar o noticiário deveria lembrar o nome de Santo Tomás de Aquino, um dos mais iluminados teólogos da humanidade cristã, um dos pilares da Igreja, ao lado de Agostinho, sempre juntos no campo da teologia, embora em épocas diferentes.
No pensamento tomasiano, que nunca se distanciou de Agostinho, o justo consiste sempre numa certa relação de igualdade. Santo Tomás acreditava que a alma espiritual é agregada ao corpo por ocasião do nascimento. É importante reconhecer a monumental obra de todos os grandes teólogos cristãos, e não apenas os mais proeminentes.
A Igreja acumula ao longo dos tempos uma história, no campo da Teologia, de incomensurável grandeza. Cada um contribuiu de maneira única para o desenvolvimento da teologia cristã, e todos eles são figuras importantes na história da Igreja. O filósofo francês Jean-François Lyotard (1924-1998) tinha a proposta de desvendar os caminhos da deslegitimação da notícia de impacto na história de qualquer época, a questão da legitimidade no contexto do seu tempo.
“A opinião mediatizada de liberdade de opinar e dizer contém geralmente ambiguidades de verdade e do erro, unidas estreitamente”. Há opiniões nos meios apressados de TV que guardam a marca da “impaciência”, capazes de desestabilizar a fixidez do fato histórico. Para uma pauta como a cobertura do papa, que envolve pesquisa e planejamento cuidadosos e eficazes, (sendo a pauta bem concebida um dos pilares de qualquer mídia), deve ser precedida de uma investigação de equipe aprofundada, até para emergências fora dela.
*Jornalista
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