
Dezenas de milhares de pessoas tomaram as ruas da Europa no último final de semana para denunciar os ataques de Israel à Faixa de Gaza. A maior mobilização ocorreu na cidade de Haia, na Holanda, onde cerca de 100 mil manifestantes, vestidos de vermelho, marcharam exigindo que o governo holandês interrompa todo apoio político, econômico e militar ao que foi descrito como genocídio em curso contra o povo palestino.
Protestos simultâneos foram registrados em Londres, Estocolmo, Berlim, Amsterdã e Atenas. No sul do Egito, parlamentares italianos e membros do Parlamento Europeu protestaram diante da fronteira fechada de Rafah, pedindo a entrada imediata de ajuda humanitária em Gaza.
No domingo (19), manifestantes holandeses ocuparam a cidade de Haia com cartazes, bandeiras palestinas e trajes vermelhos, simbolizando uma “linha vermelha” contra a cumplicidade do Ocidente na ofensiva militar israelense.
Segundo os organizadores, foi a maior manifestação no país em vinte anos. A polícia não divulgou estimativas.
“Às vezes, tenho vergonha do meu governo porque ele não quer impor nenhum limite”, afirmou a professora Jolanda Nio, de 59 anos. Para a representante da Anistia Internacional Marjon Rozema, “é urgente interromper todo apoio político, econômico e militar a Israel enquanto houver bloqueio de ajuda e violação sistemática dos direitos humanos”. As duas declarações foram dadas à Al Jazeera.
A manifestação ocorreu no mesmo dia em que Israel anunciou uma nova operação terrestre em Gaza. De acordo com o Escritório de Mídia do governo local, o número de mortos ultrapassa 61.700. Autoridades palestinas acusam Israel de manter milhares de corpos soterrados sob os escombros.
Londres marcha contra limpeza étnica
No sábado (18), cerca de 600 mil pessoas participaram de uma marcha da ponte Embankment até a Downing Street, em Londres, marcando os 77 anos da Nakba — a expulsão em massa de palestinos em 1948.
Convocados pela Campanha de Solidariedade à Palestina, os manifestantes pediram o fim da limpeza étnica e condenaram o bloqueio israelense à entrada de alimentos e medicamentos.
Entre os participantes estavam o ex-líder do Partido Trabalhista Jeremy Corbyn, a deputada Apsana Begum e a atriz Juliet Stevenson. “Parem de armar Israel”, diziam os cartazes erguidos diante do gabinete do primeiro-ministro.
Contra-manifestantes pró-Israel exibiram bandeiras e entoaram “Parabéns pra Você”, em provocação à data da Nakba.
O embaixador palestino no Reino Unido, Husam Zomlot, denunciou a cumplicidade do governo britânico e afirmou que “a destruição de Gaza não começou agora, mas há 77 anos”. Ele relatou a escassez extrema de alimentos e medicamentos, afetando inclusive médicos, jornalistas e trabalhadores humanitários.
Berlim, Estocolmo, Amsterdã e Atenas também se somam
Capitais como Berlim, Estocolmo, Amsterdã e Atenas também registraram manifestações no fim de semana. Na Suécia, milhares se reuniram na Praça Odenplan, carregando fotos de crianças mortas e nomes de vítimas.
O ativista sueco Dror Feiler, de origem judaica, classificou os ataques como genocidas e criticou o silêncio do governo.
Em Berlim, centenas protestaram na Potsdamer Platz, um importante praça da cidade, com cartazes como “Seu silêncio é cumplicidade”. Três pessoas foram detidas. Na Praça Dam, em Amsterdã, o ativista Mohammed Kotesh alertou que “Gaza está à beira de uma nova Nakba”.
Em Atenas, uma marcha passou pelas embaixadas dos EUA e de Israel. O líder muçulmano Naim el-Ghandour sugeriu uma reunião internacional pela paz liderada pela Turquia.
Os protestos ocorrem em meio à retomada dos bombardeios israelenses desde 18 de março. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, ao menos 53.339 pessoas foram mortas desde outubro de 2023. Israel nega as acusações de genocídio, mas responde a um processo na Corte Internacional de Justiça, sediada em Haia.
Parlamentares italianos protestam na fronteira de Rafah
Também no domingo (19), parlamentares italianos e eurodeputados realizaram um protesto simbólico no lado egípcio da fronteira de Rafah, bloqueada por Israel desde 2 de março. “A Europa não faz nada para impedir o massacre”, declarou a eurodeputada Cecilia Strada à agência AFP.
O presidente da ONG ARCI, Walter Massa, afirmou que “as bombas podem ser ouvidas a 12 km de onde estamos, enquanto a ajuda humanitária continua impedida de entrar”. Os manifestantes exibiram faixas com frases como “Parem o genocídio agora” e espalharam brinquedos no chão em solidariedade às crianças palestinas.
A manifestação ocorreu no mesmo dia em que Israel intensificou sua campanha militar, anunciando operações terrestres mais amplas na Faixa de Gaza. A repressão à população civil tem sido duramente criticada por organizações humanitárias e pela sociedade civil europeia, enquanto a pressão sobre os governos por sanções efetivas aumenta.
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