Desmatamento cai mais de 30% no Brasil e alcança todos os biomas

O Brasil registrou em 2024 uma das maiores quedas no desmatamento da última década. Foram 1,24 milhão hectares de vegetação nativa suprimidos — uma redução de 32,4% em relação ao ano anterior, segundo o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD2024), do MapBiomas.

Pela primeira vez, todos os biomas brasileiros apresentaram estabilidade ou redução no desmatamento. A Amazônia, historicamente a região mais afetada, apresentou um recuo de 16,8%, com 377.708 hectares desmatados. Já o Cerrado, que lidera o ranking nacional pelo segundo ano seguido, perdeu 652.197 hectares — uma redução de 41,2% em relação a 2023.

O destaque vai para o Pantanal, que registrou a maior queda proporcional: 58,6%. A Caatinga reduziu 13,4% e o Pampa, 42,1%. A Mata Atlântica manteve-se praticamente estável, com leve variação positiva (2%) — influenciada por eventos climáticos extremos no sul do país.

Ações e monitoramento dão resultado, mas ilegalidade persiste

A tendência de queda é atribuída a ações coordenadas de fiscalização e controle, ao fortalecimento de sistemas de monitoramento como o MapBiomas Alerta, e à retomada de políticas ambientais. Em áreas protegidas, o recuo também foi significativo: Unidades de Conservação tiveram redução de 42,5% no desmatamento, enquanto Terras Indígenas registraram queda de 24%.

Ainda assim, o relatório acende um alerta: mais de 93% da área desmatada em 2024 apresentou indícios de irregularidade – ou seja, sem sobreposição com autorizações válidas ou ocorrendo dentro de áreas legalmente protegidas. “A impunidade segue sendo um fator de estímulo ao desmatamento ilegal”, afirma o relatório.

A agropecuária segue como principal vetor de pressão, responsável por mais de 97% da supressão de vegetação nativa nos últimos seis anos. Além disso, 5,5 milhões de hectares foram desmatados após 31 de dezembro de 2020 — marco estabelecido pela nova regulamentação da União Europeia (EUDR), que pode afetar cerca de 310 mil imóveis rurais brasileiros.

Destaques territoriais

As regiões do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e da AMACRO (Acre, Amazonas e Rondônia) responderam por uma parcela significativa do desmatamento em 2024. O MATOPIBA concentrou 42% da perda total no país, com 516 mil hectares desmatados.

Mesmo com queda de 42% em relação a 2023, a região da AMACRO continua crítica, com 89.826 hectares desmatados.

Entre os municípios, São Desidério (BA), Balsas (MA) e Lábrea (AM) lideraram o ranking. Apesar de redução em mais de 50% das áreas nos dois primeiros, continuam entre os que mais desmatam. Lábrea, por outro lado, teve aumento de 19,1%.

Estados que mais desmataram em 2024

O Maranhão liderou o ranking com 218 mil hectares desmatados, mesmo com redução de 34,3%. Pará e Tocantins completam o pódio. Em contraste, Goiás reduziu 71% e a Bahia, 54,2%. O Rio Grande do Sul foi um dos poucos com aumento expressivo (70%), impulsionado por desastres climáticos.

A média diária de desmatamento em 2024 foi de 3.403 hectares — o equivalente a quase 142 hectares por hora. O dia com maior área desmatada foi 21 de junho, quando se perdeu uma área equivalente a mais de 3.500 campos de futebol.

A queda no desmatamento é um alento em meio à crise climática, mas o desafio permanece: transformar a tendência em política de Estado e impedir retrocessos. O avanço depende da consolidação de mecanismos de monitoramento, responsabilização efetiva e desincentivo econômico ao desmatamento ilegal.

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