
O Brasil conseguiu retirar seis milhões de pessoas da extrema pobreza entre 2023 e 2024, segundo estudo do FGV Social. Este é o menor nível de miséria registrado no país desde 2012. A principal razão, explica o coordenador do estudo, Marcelo Neri, foi a combinação de crescimento da renda e queda da desigualdade, reforçada por um mercado de trabalho aquecido e programas como o Bolsa Família.
De acordo com os dados do IBGE, divulgados nesta quinta-feira (8), a parcela da população em extrema pobreza caiu de 8,3% em 2023 para 6,8% em 2024 — ou seja, atualmente 14,7 milhões de brasileiros vivem com rendimento mensal per capita abaixo de R$ 333. “O que mais chamou a atenção foi a queda da desigualdade, que foi relativamente acelerada, principalmente porque veio acompanhada de crescimento no rendimento e no PIB per capita”, destacou Neri.
Desigualdade cai junto com a pobreza
O rendimento médio por pessoa no Brasil cresceu 4,7% em 2024, chegando a R$ 2.020 por mês, o maior valor já registrado desde o início da série histórica em 2012. Entre os 5% mais pobres, a alta foi ainda maior: 17,6%.
O Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda (0 significa igualdade total e 1 desigualdade máxima), recuou de 0,518 em 2023 para 0,506 em 2024, mostrando um avanço importante na distribuição de renda.
Gustavo Fontes, analista do IBGE, explicou: “Apesar dos importantes programas sociais do governo, que também contribuíram, o rendimento do trabalho, em 2024, foi bastante importante no crescimento do rendimento por todas as fontes e no rendimento domiciliar per capita”.
Bolsa Família, salário mínimo e Regra de Proteção
Um dos fatores centrais para esse avanço foi a interação entre os programas sociais e o mercado de trabalho. Em especial, a Regra de Proteção, criada em 2023, permite que famílias beneficiárias do Bolsa Família continuem no programa mesmo após aumentos moderados de renda, incentivando a busca por empregos formais. “No ano passado, 75% das vagas formais abertas no país foram ocupadas por trabalhadores inscritos no Bolsa Família”, lembrou Neri.
Além disso, a política de valorização do salário mínimo teve grande impacto. Para o economista Bruno Imaizumi, da LCA 4intelligence, “a política de valorização do salário mínimo teve papel crucial, pois tem um efeito direto sobre os salários mais baixos, já que muitos trabalhadores têm vínculo direto com o piso, e também é balizador de trabalhos informais”. Ele alerta, no entanto, que esse efeito positivo também pressiona as contas públicas, já que afeta aposentadorias e benefícios sociais.
Os dados indicam que, embora desafios permaneçam, o país conseguiu nos últimos dois anos um avanço significativo na luta contra a pobreza extrema e a desigualdade. Como reforça Marcelo Neri, “em 2023 e em 2024, cerca de 6 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza”.
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com agências
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