Na próxima terça-feira, 13, autoridades dos Três Poderes da República brasileira, como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, estarão reunidas em Nova York para discutir os rumos econômicos do país em um evento luxuoso patrocinado por empresas, entre elas, a Refit – Refinaria de Manguinhos. Controlada pelo empresário Ricardo Magro, apontado como um dos maiores devedores de ICMS do Brasil, a refinaria deve cerca de R$ 20 bilhões aos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Apesar disso, será a patrocinadora master do “Fórum Veja Brazil Insights”, promovido pela revista Veja em um dos endereços mais caros da cidade americana, o Hotel St. Regis.
Com passagens, hospedagens e consumos bancados pelos patrocinadores, o evento tem como objetivo debater “oportunidades e desafios do Brasil em um cenário global”, conforme material de divulgação. A escolha dos patrocinadores, no entanto, gera controvérsias. Além da Refit, participam como financiadores a JBS — cujos controladores, os irmãos Joesley e Wesley Batista, estiveram no centro de escândalos de corrupção —, a companhia de saneamento Cedae e o próprio governo do Rio de Janeiro.
A presença de figuras centrais do cenário político nacional também chama atenção. Estão confirmados o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta; o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); e o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).
Em notas publicadas sobre suas presenças, “o STF informou que o presidente da corte, Luís Roberto Barroso, aceitou um convite da revista Veja”, enquanto a assessoria do governador paulista também afirmou que ele vai ao evento “a convite da revista Veja”.
Apesar de constar no banner oficial de divulgação, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), não deve comparecer. Ela acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em missão oficial à China. Já o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), declinou do convite há cerca de 20 dias, conforme informou sua assessoria na quarta-feira, 7.

A escolha da Refit como patrocinadora principal do evento se mostra ainda mais delicada diante de seu histórico. Em dezembro de 2024, a empresa foi alvo de operação da Polícia Civil de São Paulo. Segundo o 10º Distrito Policial da Penha, Ricardo Magro, dono da refinaria, está entre os maiores sonegadores de impostos do país.
Em março deste ano, a Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro apontava que a Refit acumulava dívida ativa de R$ 10,87 bilhões. Já em São Paulo, conforme dados de abril, a dívida chegava a R$ 9,51 bilhões. Em ambos os estados, a refinaria aparece entre os primeiros colocados no ranking de inadimplentes do ICMS.
Ricardo Magro, que atualmente reside em Miami, também acumula um histórico controverso fora da Refit. Ele é ex-advogado do ex-deputado Eduardo Cunha e já foi preso sob a acusação de desviar mais de R$ 90 milhões do fundo de pensão dos Correios. À frente de um grupo empresarial que atua em diferentes frentes do setor de combustíveis, Magro também comanda empresas como Fera Lubrificantes, Orizona Combustíveis, Estrela Distribuidora e Máxima Distribuidora.
Um dos alvos da operação da Polícia Civil de São Paulo em dezembro, a Fera Lubrificantes — com sede em Guarulhos — carrega o nome do pai e do avô de Ricardo Magro. A investigação se deu em meio à tentativa de recuperar parte dos valores devidos à Receita estadual.
Apesar do histórico, a empresa foi anunciada como patrocinadora master do fórum que reunirá autoridades brasileiras em solo norte-americano. O Hotel St. Regis, onde o evento será realizado, está situado na prestigiada Quinta Avenida, com diárias que ultrapassam os R$ 11 mil.
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