Professor vence prêmio com robô para auxiliar autistas

Antônio Celso Perini Tagliati explica que o objetivo é atingir os alunos do ensino fundamental

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Clóvis Rangel/AT

Muitas crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) sofrem com dificuldades no processo de aprendizagem. Pensando nos obstáculos enfrentados por esse grupo, Antônio Celso Perini Tagliati, professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Cachoeiro de Itapemirim, desenvolveu o projeto “Luna e os Números”.Trata-se de um robô feito com materiais recicláveis que promete ser um aliado no ensino da Matemática básica para estudantes autistas. “A Luna é mais do que um robô, é uma ponte entre o conhecimento e a inclusão”, destacou Antônio Celso.A proposta foi aprovada recentemente no edital de Iniciação Científica Júnior da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), o que garantirá apoio institucional e recursos para sua implementação.“A iniciativa busca promover equidade educacional ao integrar a tecnologia como ferramenta pedagógica, facilitando a aprendizagem de conceitos matemáticos de forma adaptada às necessidades específicas”, afirmou o professor.Segundo ele, o objetivo é atingir os alunos do ensino fundamental, etapa em que muitas crianças autistas enfrentam suas primeiras barreiras cognitivas no ambiente escolar.“Nossa ideia foi desenvolver um robô educativo, uma ferramenta interativa, lúdica e abrangente, de apoio à aprendizagem de Matemática básica para crianças neurodivergentes do ensino fundamental, proporcionando uma experiência de aprendizagem personalizada, direta e acessível”.FormaçãoAlém do impacto pedagógico, o projeto também promove a formação técnica dos estudantes do Ifes, que ficarão responsáveis por construir a Luna. “Os nossos alunos vão poder aplicar os conhecimentos de eletrônica, programação e fabricação com impressoras 3D”.Especialistas da área de neurociência reconhecem o valor de iniciativas como essa.Para a neuropsicóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Lúcia Mendes, a personalização no ensino é uma das chaves para o progresso cognitivo de crianças com Transtorno do Espectro Autista.“Crianças autistas respondem melhor a estímulos visuais e experiências táteis. Um robô como a Luna pode estabelecer uma conexão emocional com esses alunos, ajudando a manter o foco e a concentração, o que é frequentemente um desafio nas aulas tradicionais”, finalizou.Antônio Celso Perini Tagliati, professor: “Conhecimento e inclusão”A Tribuna – Por que criar um robô para auxiliar crianças neurodivergentes na aprendizagem da Matemática?Antônio Celso Tagliati – Porque Muitas dessas crianças enfrentam dificuldades cognitivas logo no início da vida escolar. A Matemática, por ser uma linguagem abstrata, costuma representar uma barreira. A Luna foi pensada como uma ferramenta lúdica, visual e interativa que dialoga com o modo como crianças autistas aprendem. A Luna é mais do que um robô, é uma ponte entre o conhecimento e a inclusão.Como Luna funciona na prática e o que ela tem de especial?A Luna será feita com materiais recicláveis, equipada com sensores, sons e estímulos visuais que interagem com os alunos. Ela transforma conteúdos de Matemática básica em atividades práticas e envolventes, tornando o aprendizado mais acessível e menos frustrante para crianças com TEA.Quais são os diferenciais pedagógicos dessa proposta?O principal diferencial é a personalização do ensino. A Luna permitirá que o estudante aprenda no seu tempo e do seu jeito. Além disso, promove o engajamento por meio da ludicidade e da interação, dois elementos essenciais para manter o foco de crianças neurodivergentes. O projeto também envolve os alunos do Ifes.Qual o impacto disso na formação deles?É uma oportunidade única de aplicar conhecimentos técnicos em um projeto com impacto social real. Os estudantes vão trabalhar com eletrônica, programação, impressão 3D e, ao mesmo tempo, desenvolver empatia e consciência cidadã, entendendo como a tecnologia pode transformar vidas.PerfilAntônio Celso Perini Tagliati é professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus Cachoeiro de Itapemirim, onde atua nas áreas de Tecnologia e Eletrônica.Com formação voltada para a aplicação pedagógica da ciência e da tecnologia, desenvolve projetos que integram inovação e responsabilidade social.É idealizador do projeto “Luna e os Números”, um robô educativo criado para apoiar o aprendizado de Matemática por crianças neurodivergentes, especialmente com Transtorno do Espectro Autista (TEA).Opiniões

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