Conclave começa com forte influência de nomeações de Francisco

Após o período de luto pela morte do Papa Francisco, o Vaticano se tornou, nesta quarta-feira (07), o epicentro das atenções com o início do conclave para a eleição do novo líder da Igreja Católica. Os 135 cardeais eleitores, reunidos na Capela Sistina, iniciam nesta tarde o processo de escolha do Sumo Pontífice, em um conclave que já se configura como um marco histórico. Este é o terceiro conclave do século 21, sucedendo às eleições de Bento 16 em 2005 e do próprio Francisco em 2013.

Um dos pontos de maior destaque desta eleição é a expressiva maioria de cardeais eleitores – 108 dos 135, o que representa 80% do total – foram nomeados pelo próprio Papa Francisco durante seus 12 anos de pontificado. Essa maioria esmagadora, representando uma rica diversidade de comunidades católicas de diferentes culturas, sugere uma forte possibilidade de que o próximo líder da Igreja compartilhe da visão de um pontificado mais progressista e inclusivo, marcas da gestão de Francisco. Contudo, analistas vaticanos ponderam que o eleito dificilmente será um revolucionário da mesma magnitude que o Papa falecido.

O conclave teve seu rito inicial com uma missa na Basílica de São Pedro, seguida pela entrada solene dos cardeais na Capela Sistina. Lá, realizaram o juramento de sigilo e obediência, um momento crucial que precede o isolamento total dos eleitores do mundo exterior. A expectativa para o primeiro dia inclui a possibilidade de uma votação inicial, cujo resultado – inconclusivo (fumaça preta) ou decisivo (fumaça branca e sinos) – seria divulgado por volta das 14h (horário de Brasília). Ao todo 133 cardeais participam da votação, dos 135 que poderiam – dois estão fora por questões de saúde, segundo o Vaticano.

A partir desta quinta-feira (8), o ritmo se intensifica com quatro votações diárias, duas pela manhã e duas à tarde, até que um candidato alcance a maioria qualificada de dois terços dos votos (90 votos). As cédulas de votação, preenchidas em segredo com o nome do preferido sob a inscrição latina “Eligio in Summum Pontificem”, são queimadas ao final de cada rodada, com a adição de tinta para sinalizar o resultado através da cor da fumaça expelida pela chaminé da Capela Sistina. Uma pausa para oração e contemplação está prevista para o sábado (10), caso nenhuma decisão seja tomada até o final da sexta-feira.

A composição do Colégio Cardinalício para este conclave reflete a estratégia de Francisco de ampliar a representatividade global da Igreja. Pela primeira vez na história, 71 países estão representados entre os eleitores, um aumento significativo em relação aos 48 de 2013. Atualmente, dos 252 cardeais no total, 138 não são europeus, e entre os 135 eleitores, 82 são de fora da Europa, um número recorde que evidencia a crescente importância do Sul Global no cenário católico.

O Brasil possui uma participação relevante no conclave, com sete cardeais aptos a votar:

  • Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador (65 anos)
  • Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre (64 anos)
  • Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo (75 anos)
  • Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (74 anos)
  • Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (57 anos)
  • João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (77 anos)
  • Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (74 anos)
Dom Leonardo Ulrich Steiner | Foto: Efe/Epa/Fabio Frustaci

Recentemente, o nome de Dom Leonardo Ulrich Steiner chegou a figurar em listas de possíveis favoritos, conforme noticiado pela agência Reuters.

A duração do conclave é incerta, mas a história recente aponta para processos relativamente rápidos. Nos últimos dez conclaves, nenhum ultrapassou cinco dias, e os dois mais recentes duraram apenas dois dias. Assim que um novo papa for eleito e aceitar o cargo, a fumaça branca e os sinos de São Pedro anunciarão ao mundo o novo líder da Igreja Católica. O anúncio formal, precedido pela tradicional saudação em latim “Habemus Papam”, deverá ocorrer cerca de uma hora após a confirmação da eleição.

O mundo aguarda com expectativa o desenrolar do conclave que definirá os rumos da Igreja Católica em um período de complexos desafios globais. A forte influência das nomeações de Francisco sinaliza uma possível continuidade, mas o nome do novo pontífice e seu estilo de liderança ainda são incógnitas que mantém os fiéis e observadores atentos aos sinais vindos do Vaticano.

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com agências

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