Na manhã desta quarta-feira, 7, o plenário da Câmara Municipal de Goiânia testemunhou, com registro e transmissão pela TV Câmara, manifestações transfóbicas contra a realização de uma audiência pública que discutiria, no Auditório Carlos Eurico, a situação de crianças e adolescentes trans na Capital. “Não é o vereador ou esta casa que procuram as famílias, mas pelo contrário, são as famílias que clamam por políticas públicas que nos procuraram”, manifestou-se o vereador Fabrício Rosa (PT), autor da proposta da audiência.
O pedido de cancelamento da audiência na Câmara partiu do vereador Igor Franco (MDB). O parlamentar ignorou, inclusive, a presença de crianças trans da Escola Municipal Santa Terezinha no plenário na manhã de hoje enquanto discursava contra a realização da audiência pública nas dependências do Legislativo. “Estamos deixando as minorias dominarem sobre as maiorias”, justificou Franco na tribuna.
Com a mobilização contra o debate na Casa, a audiência pública “Cuidar com respeito: saúde de crianças e adolescentes trans” ocorrerá às 19 horas de hoje na Praça do Trabalhador, em frente à Câmara Municipal.
Manifestações dos vereadores
Os vereadores Sargento Novandir (MDB) e Thialu Guiotti (Avante), que já são réus pela prática do crime de homofobia no plenário da Câmara em junho de 2021, também se manifestaram publicamente contra a realização da audiência pública. Isaías Ribeiro (Republicanos) tratou o tema como “gosto”, enquanto Sanches da Federal (PP) declarou que serve de influência para seus filhos em casa.
A vereadora Aava Santiago (PSDB) lembrou que aqueles que se manifestaram contra a audiência pública são os mesmos que não se importam com fechamento de CMEI, o que evidencia a hipocrisia dos ditos “defensores das crianças”.
Já o vereador Juarez Lopes (PDT) se posicionou a favor da realização da audiência pública e declarou que aqueles que são contrários ao tema devem participar e se manifestar, já que a discussão é voltada para os pais e mães de crianças e adolescentes trans.
Necessidade da audiência
Em seu discurso, o vereador Fabrício Rosa (PT), autor da proposta de realização da audiência pública, defendeu a necessidade da discussão por se tratar de um pedido das mães e pais de crianças e adolescentes trans de Goiânia.

“As mesmas pessoas que tentam impedir que o assunto seja discutido, são aquelas que incentivam diariamente a violência contra a comunidade LGBTQIA+. Impedir a audiência pública é tentar fingir que essas pessoas não existem, mas as crianças e adolescentes trans existem, precisam ser notados e assistidos pelas políticas públicas de nossa cidade”, declarou Fabrício Rosa.
Ao final da sessão de hoje, por meio de votação simbólica, apenas quatro vereadores foram contra o requerimento que impediu a realização da audiência pública: Fabrício Rosa (PT), Edward Madureira (PT), Aava Santiago (PSDB) e Rose Cruvinel (UB).
A assessoria jurídica do vereador Fabrício Rosa estuda as medidas cabíveis contra as manifestações transfóbicas feitas em plenário durante a manhã desta quarta-feira. Inclusive para questionar a tentativa de impedir o debate público a respeito do tema.
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