
Iniciativa serve de exemplo para capacitação de observadores, gestores e profissionais que trabalham com educação ambiental. EAN capacita alunos para atuar na conservação e interpretação do patrimônio natural
Florencia Barrionuevo
Há três décadas, a Escola Argentina de Naturalistas (EAN), vinculada à organização ambientalista Aves Argentinas, vem capacitando apaixonados pela natureza para atuar na conservação e interpretação do patrimônio natural.
A diretora da instituição Claudia Nardini compartilhou a trajetória, os desafios e a visão desse projeto que já formou centenas de naturalistas.
A entrevista concedida à equipe do Terra da Gente é um dos destaques na programação do Fórum Observai, de Educação Ambiental, que será realizado em São Paulo durante os dias do Avistar 2025, maior encontro de observadores de aves da América Latina. A íntegra desta conversa será exibida no auditório do Fórum no domingo, dia 18 de maio, às 10 da manhã.
A escola
A EAN surgiu a partir de um grupo de observadores de aves que, movidos pela curiosidade, passaram a estudar também mamíferos, plantas e fungos. O interesse crescente levou à criação de cursos de ensino técnico, com foco na formação de naturalistas e intérpretes ambientais.
“Nossos alunos aprendem a analisar ecorregiões, identificar espécies, avaliar ameaças como invasões biológicas e propor ações práticas, desde a criação de reservas até projetos de educação ambiental”, explica Claudia.
Formação inclui atividades voluntárias
Julieta Maccarino
Com 24 disciplinas, o curso pode ser concluído em até 10 anos, a depender da disponibilidade do aluno. As aulas incluem ensino teórico em ambiente online e saídas de campo em diferentes regiões da Argentina para observar a fauna e documentar ecossistemas.
Não há limite de idade, mas é necessário ter concluído o ensino médio. Cursos rápidos como identificação de árvores ou borboletas estão abertos ao público global. Mais informações sobre a instituição e os cursos oferecidos estão disponíveis no site da escola.
“A tecnologia nos permitiu alcançar alunos de toda a América Latina, mas nada substitui a experiência prática. Nas saídas, identificamos espécies, avaliamos o estado de conservação e planejamos ações de conservação”, destaca Claudia.
Enquanto a biologia aborda temas de forma mais especializada, a EAN prioriza uma visão integrada da natureza, focada em identificação de espécies e aplicação direta no campo. Muitos biólogos e professores frequentam a escola para complementar sua formação, especialmente em interpretação ambiental.
Impacto e conquistas
Dentre o perfil dos alunos estão gestores de áreas protegidas, observadores que contribuem com dados sobre espécies e educadores que promovem workshops em escolas. A escola também apoiou a escolha de aves e borboletas emblemáticas em províncias argentinas, fortalecendo a identidade ambiental local.
Projecto tordo-amarillo
Aves Argentinas
Para Claudia, o maior desafio dos naturalistas é combater a desconexão entre sociedade e natureza. “Muitos ainda veem a natureza como algo distante, não como um ecossistema vivo. Ensinamos a observar, entender e defender essa complexidade”.
A escola, hoje com 400 alunos, planeja se tornar a Escoela Sulamericana de Naturalistas, integrando estudantes de outros países. “O Brasil, com sua nova lei de educação ambiental, é um parceiro fundamental. Queremos inspirar professores a unir teoria e prática, criando espaços selvagens até em centros urbanos”, conclui.
Fórum Observai
Participe do Fórum Observai de Educação Ambiental, Avistar-Terra da Gente. Faça sua inscrição no site avistarbrasil.com.br. O Avistar é gratuito, mas o acesso ao Jardim Botânico ( local do encontro) requer ingresso. Clique aqui para acessar o site do evento e adquirir seu ingresso.
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