Na expectativa de um novo Conclave, o reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, padre Marco Aurélio, compartilhou em entrevista exclusiva ao Jornal Opção sua opinião sobre os possíveis nomes que podem suceder o Papa Francisco. Com sinceridade, o sacerdote afirmou que seu favorito é o cardeal filipino Luis Antonio Gokim Tagle, a quem ele considera espiritualmente próximo do povo e portador de uma mensagem evangélica poderosa. Segundo ele, Tagle, conhecido como o “Francisco Asiático”, possui qualidades que o aproximam da missão pastoral deixada pelo Papa Francisco e representa o perfil de líder que a Igreja precisa neste momento de transição.
Durante a conversa, o padre Marco descreveu a atmosfera que antecede o Conclave como um dos momentos mais importantes da fé católica, destacando a responsabilidade que recai sobre os cardeais. Ele explicou que, embora existam nomes cotados, como aconteceu anteriormente, a eleição pode surpreender — assim como ocorreu com o Papa Francisco, cuja escolha, segundo o reitor, foi “uma surpresa evangélica”.
Com entusiasmo, padre Marco não hesitou ao revelar seu preferido. “Eu gosto muito do Luis Tagle, que é um filipino e ele tem uma espiritualidade maravilhosa, uma proximidade. Ele é até chamado como Francisco Asiático, justamente pela beleza de que ele seria uma força daquilo que nós hoje celebramos e que não podemos perder”, declarou. Para ele, a vivência pastoral de Tagle é um diferencial essencial. “Ele esteve esse tempo todo com o pé na igreja real, ali, com a realidade das pessoas, e é o que nós queremos, é a nossa expectativa.”
Além de Tagle, o padre também mencionou o cardeal italiano Pietro Parolin como um nome forte dentro da Igreja. Segundo Marco Aurélio, Parolin “é um cara muito administrativo”, que esteve ao lado do Papa Francisco em momentos-chave. “Foi ele o braço direito do Francisco, até falam que ele era quase que um vice-Papa”, disse. No entanto, ponderou que a atuação pastoral de Tagle pode pesar mais no Conclave. “A condução é daquela pessoa. Então, a gente espera que realmente seja um Papa que seja tão sensível quanto foi o Papa Francisco.”
Em suas reflexões, padre Marco ressaltou que, embora cada Papa tenha um estilo distinto de liderança — João Paulo II era “um Papa para se ver”, Bento XVI, “um Papa para se ouvir” e Francisco, “um Papa para tocar” —, o importante é que o próximo líder da Igreja mantenha o espírito de misericórdia e acolhimento que marcou o pontificado de Francisco.
O sacerdote também falou sobre a possibilidade de um brasileiro ocupar o trono de Pedro. Destacou, entre outros, o primeiro cardeal da Amazônia Brasileira, Dom Leonardo Ulrich Steiner, que ele descreveu como “um homem trabalhador, um homem que tem o pé na realidade do seu povo […] teve à frente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma pessoa que tem uma delicadeza na relação com os seus pares”. Embora o considere um nome “muito assertivo para conduzir a Igreja”, ele acredita que é improvável que o próximo Papa seja latino-americano, uma vez que há uma forte tendência de retorno a um pontífice italiano, como Parolin.
Ao comentar o filme ‘Conclave’, padre Marco fez uma leitura crítica e ao mesmo tempo espiritual da obra. Segundo ele, o longa apresenta “um exagero que aliás apresentou no filme até das manobras que o cardeal promoveu para tentar se eleger”. No entanto, destacou a mensagem final como sendo a mais impactante. “Quem não era esperado chegou lá: uma pessoa que ninguém sabia que foi nomeada exclusivamente pelo Papa Francisco e por um motivo muito específico ele é eleito Papa diante da sua palavra de simplicidade, de comunhão, da responsabilidade”, explicou.
Para o sacerdote, esse desfecho do filme toca no cerne da fé: a ação do Espírito Santo. Ele lembra da cena em que, durante a última votação, um vento entra pela janela, simbolizando essa presença divina. “Teve um barulho, um vento entrou assim naquela janela, como que dissesse, o vento do Espírito Santo, essa luz que está entrando, está vindo algo novo. […] É justamente esse anseio do Espírito Santo que prevalece”, disse.
Apesar de reconhecer que há articulações políticas nos bastidores do Conclave, padre Marco reforça a importância do rito sagrado e da responsabilidade espiritual de cada cardeal. “Existe uma política, existe. Mas, nessa intensidade ali, acredito que não, de forma nenhuma. […] Dentro da experiência do conclave tem um rito que é muito sagrado. […] Antes de cada votação, tem um juramento que é feito, cada cardeal faz um juramento ali quando ele vai colocar o seu voto”, afirmou. Para ele, cada voto reflete a “concepção de Igreja daquele cardeal” e a visão de mundo e de missão que ele deseja para a Igreja Católica.
Mesmo admitindo que “falar de um nome é mais complexo”, o padre reafirmou seu apreço por Tagle e sua expectativa de que o novo Papa mantenha o espírito de Francisco vivo dentro da Igreja. “Vamos ver o que o Espírito Santo vai nos dizer. Eu até tenho falado também que às vezes teremos uma nova surpresa, né, como tivemos com o Francisco. Quem sabe não vai surgir um nome ainda melhor, que de fato será aquele que vai conseguir fazer com que esta mensagem de misericórdia, de compaixão, de acolhida do Francisco possa ser preservada.”
Por fim, padre Marco deixou claro que, seja quem for o eleito, sua esperança está na ação divina. Para ele, o Conclave é mais do que uma eleição — é uma manifestação da fé coletiva da Igreja e, acima de tudo, do Espírito Santo que sopra onde quer. A escolha do novo Papa, segundo suas palavras, deve ressoar mais com a missão de servir e acolher do que com desejos de poder. E nisso, acredita ele, reside a verdadeira força da Igreja.
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