Começa o julgamento do rapper Sean ‘P. Diddy’ Combs por acusações de tráfico sexual; rapper pode receber prisão perpétua

O julgamento do rapper bilionário e magnata da música Sean “P. Diddy” Combs teve início nesta segunda-feira, 5, em Nova York, com a seleção do júri em um tribunal federal de Manhattan. Acusado de crimes como tráfico sexual, conspiração para extorsão, sequestro, suborno e violência, o fundador da Bad Boy Records pode enfrentar prisão perpétua caso seja condenado em todas as acusações.

P. Diddy, de 55 anos, responde criminalmente por acusações de tráfico para fins de exploração sexual e transporte de pessoas para prostituição, além de ser investigado por mais de uma centena de denúncias de violência sexual, feitas por homens e mulheres em tribunais civis. Segundo a Promotoria, o empresário teria usado sua influência, fortuna e uma rede de colaboradores para montar um esquema de abuso que se estendeu por mais de 20 anos.

Os promotores afirmam que ele manipulava vítimas por meio de promessas de ascensão na carreira musical, mas também recorria a ameaças, espancamentos e até sequestros.

As denúncias contra P. Diddy incluem a realização de orgias movidas a drogas, conhecidas como “Freak Offs”, onde mulheres — supostamente drogadas — eram coagidas a manter relações sexuais com ele e, por vezes, com prostitutos masculinos. De acordo com os promotores, o rapper filmava os atos e usava os registros como forma de controle e intimidação das vítimas. A acusação sustenta que ele “oferecia impulsionar a carreira das mulheres no entretenimento se elas fizessem o que ele pedia — ou as cortava se não fizessem”.

Desde setembro de 2024, P. Diddy está sob custódia no Centro de Detenção Metropolitano (MDC), no Brooklyn. Na época, ele foi preso após ser indiciado por três crimes federais: conspiração para extorsão, tráfico sexual e transporte para prostituição. Em abril deste ano, a Promotoria ampliou o escopo do processo ao apresentar uma nova denúncia, incluindo mais uma acusação de tráfico sexual e outra de transporte para prostituição. Em todas essas ocasiões, o empresário se declarou inocente.

As acusações ganharam maior atenção pública após a ex-parceira de P. Diddy, a cantora Cassie Ventura, romper o silêncio. Em uma ação judicial apresentada no fim de 2023, Cassie alegou ter sido submetida a mais de uma década de abuso físico e psicológico, incluindo espancamentos, coerção sexual com drogas e um estupro ocorrido em 2018.

Um vídeo de 2016, capturado por câmeras de segurança de um hotel em Los Angeles, mostra P. Diddy agredindo fisicamente a artista em um corredor. O juiz Arun Subramanian autorizou parcialmente o uso dessas imagens como evidência durante o julgamento.

Os promotores argumentam que P. Diddy chefiava uma organização criminosa privada, operando por meio de sua comitiva e funcionários da Bad Boy Records. O império musical de P. Diddy, que já lançou artistas como Mary J. Blige e Notorious B.I.G., teria servido de fachada para facilitar os abusos.

Segundo a acusação, ele utilizava seu prestígio para atrair mulheres e as mantinha em um ciclo de dependência emocional, econômica e física. “Combs e seus associados recorriam a atos violentos, incluindo espancamentos, sequestros e incêndios criminosos”, afirmam os documentos judiciais.

Além do caso criminal em andamento, P. Diddy enfrenta dezenas de processos civis em diferentes instâncias. Algumas das vítimas alegam ter sido menores de idade na época dos supostos abusos. A promotoria afirma que, em diversas ocasiões, P. Diddy teria oferecido drogas a essas jovens para reduzir sua resistência e facilitar os atos sexuais.

O advogado de defesa, Marc Agnifilo, admite que P. Diddy teve comportamentos questionáveis, mas sustenta que “não era uma pessoa perfeita”. Ele reconhece que houve uso de drogas e envolvimento em relacionamentos tóxicos, mas insiste que toda atividade sexual entre seu cliente, Cassie e outras pessoas envolvidas foi consensual.

A defesa também rejeita a ideia de que houvesse uma organização criminosa por trás dos atos e afirma que “qualquer sexo grupal era consensual”.

Ainda assim, o histórico do artista inclui outros incidentes problemáticos. Em 1999, ele foi acusado de invadir o escritório de um executivo da Interscope Records com seus guarda-costas e agredi-lo com uma garrafa de champanhe e uma cadeira. O caso terminou com P. Diddy se declarando culpado de uma infração menor e frequentando um curso de controle da raiva após pedido da própria vítima, Steve Stoute, por uma punição mais branda.

Diferente de outros julgamentos de alto perfil, o processo contra P. Diddy não será televisionado, conforme as regras do tribunal federal. Imagens do interior da corte devem ser divulgadas apenas por meio de ilustrações forenses.

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