Do jornal O Globo
O deputado Rogério Correia (PT-MG) encaminhou à Mesa Diretora da Câmara, hoje, um pedido para uma ação de busca e apreensão no gabinete do também deputado Delegado Caveira (PL-PA), depois que ele exibiu duas armas em seu gabinete nesta semana. Na ocasião, o parlamentar posou segurando uma pistola calibre .40 ao lado do vereador bolsonarista Zezinho Lima (PL-PA), que segurava um fuzil de 5.56 mm.
Caveira, que se apresenta como policial civil licenciado, é um dos autores do projeto que proíbe o uso de armamentos por agentes que integram a segurança presidencial e de ministros de Estado. O episódio em seu gabinete, no entanto, foi denunciado por Correia como uma violação do regimento interno da Casa.
“O ingresso de armas nas dependências da Câmara, especialmente armas de guerra, está condicionado ao acautelamento prévio das armas junto ao Departamento de Polícia Legislativa, nos termos do artigo 2º do Ato da Mesa nº 103/2019, tampouco há notícia de autorização excepcional concedida pela autoridade competente”, diz o documento apresentado pelo parlamentar petista.
Leia mais
Além da publicação nas redes, Correia também afirmou que as armas foram “ostensivamente exibidas a assessores e visitantes, sem qualquer registro prévio ou autorização formal da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados”. Ainda de acordo com o deputado, o porte de armas de fogo de uso restrito nas dependências do Congresso “além de violar as normas de segurança da Casa, configura afronta à Mesa e todos os Deputados, sendo incompatível com o regular funcionamento da Casa Legislativa sob a égide do Estado Democrático de Direito”.
A representação solicitou, além da busca e apreensão no gabinete do Delegado Caveira imediata, a comunicação do fato à Corregedoria Parlamentar, a análise da infração administrativa ou disciplinar no Conselho de Ética da Casa e a apuração, em caso de crime, com o envio de cópias para a PGR.
Ao GLOBO, Rogério Correia afirmou que a atitude gera um clima de insegurança na Casa, acirrado pelas disputas internas e pela polarização.
— A entrada com esse procedimento tem como objetivo fazer cumprir o regimento interno. Não se pode andar armado lá, mas, pelo que nós estamos vendo, não tem nada detectando se o deputado está entrando armado ou não. Ele não poderia fazer isso. O clima na Câmara de Deputados hoje é muito acirrado, então eles fazem ofensas e ameaças. Eles são policiais treinados, com uso de arma e agindo livremente na Câmara desse jeito. É um risco para todos, tem que ser tomada atitude urgente contra essa tal bancada da bala bolsonarista e, no meu entendimento, de ideologia neofascista — disse o Correia.
Procurado, Delegado Caveira não se manifestou até a última atualização desta matéria. O espaço segue em aberto.
Leia menos