Por trás das articulações silenciosas que já movimentam os bastidores da política goiana para 2026, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) trabalha com um aprendizado: não quer pulverizar os votos para o Senado, apostando em candidaturas avulsas. No pleito de 2022, com apenas uma vaga ao Senado, a diluição dos votos em múltiplas candidaturas dentro da própria base governista — Delegado Waldir (UB), Alexandre Baldy (PP) e Vilmar Rocha (PSD) — acabou favorecendo Wilder Morais (PL), eleito por ocupar sozinho o espaço entre os bolsonaristas.
Agora, com duas vagas em jogo, o cenário é outro — e a estratégia também será outra. A primeira cadeira, segundo fontes próximas ao núcleo duro do governo, já tem nome e sobrenome: Gracinha Caiado, primeira-dama e figura com crescente protagonismo dentro do União Brasil. A segunda vaga, no entanto, está em aberto e carrega consigo um peso político considerável: pode ser a peça-chave para atrair o PL à base governista, movimento que teria o poder de esvaziar uma eventual candidatura de Wilder ao governo estadual.
Essa vaga se torna, portanto, uma moeda valiosa de negociação, e Daniel Vilela sabe disso. Diferente de 2022, quando o entorno do Palácio das Esmeraldas não conseguiu evitar a fragmentação, o plano agora é construir uma chapa majoritária afinada, sem candidaturas avulsas que abram brechas para adversários.
Mais do que um rearranjo de cargos, o movimento visa blindar a aliança estadual e potencializar uma base coesa tanto para as eleições estaduais quanto para o palanque presidencial que será montado em Goiás.
E engana-se quem imagina que o governador Ronaldo Caiado estará distante dessas articulações, focado apenas em seu projeto presidencial. A avaliação no entorno do governo é que, mesmo em busca de voos nacionais, Caiado não deixará o controle político local ao acaso. Sua liderança sobre os prefeitos, deputados e estruturas partidárias ainda é o principal eixo de sustentação da base.
Com o nome da esposa na disputa ao Senado e a própria continuidade de seu legado em jogo, o governador tende a atuar diretamente na montagem da chapa, tanto para assegurar a vitória quanto para garantir que eventuais aliados nacionais não comprometam a harmonia em solo goiano.
Federação também ajuda a ajustar o tabuleiro
Outro fator que colabora com a engenharia política de Daniel Vilela é a federação entre União Brasil e PP, que reduz a margem de pressão por parte dos progressistas — especialmente para o nome de Alexandre Baldy, que novamente ventila seu interesse por uma vaga ao Senado.
Com Gracinha Caiado representando o União Brasil na chapa, a expectativa é de que o PP aceite outro espaço na coligação, ou mesmo articule apoios em outras frentes, sem força para impor nomes na formação majoritária – a federação fará com isso ocorra sem nenhum tipo de ruído. (T.P.)
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