O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou ontem sua 11ª mudança ministerial desde o início do mandato, com a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social. A próxima troca, já encaminhada, deve ser na pasta de Mulheres, com a provável substituição de Cida Gonçalves por Márcia Lopes, ambas do PT. As mudanças mais recentes frustraram expectativas de partidos do Centrão, que aguardavam mais espaço na Esplanada. Diferente da primeira metade do governo, quando PP e Republicanos foram contemplados para ampliar a base, as trocas de 2024 têm ocorrido por crises individuais, não por negociações políticas mais amplas.
A estratégia de reforma “a conta-gotas” tem limitado o impacto político das mudanças. Desde janeiro, cinco pastas sofreram alterações: Comunicação Social, Saúde, Relações Institucionais, Comunicações e agora Previdência. A motivação, no entanto, tem sido mais administrativa do que estratégica. O Centrão, que esperava ampliar sua presença, observa com frustração a continuidade de um governo que tem privilegiado nomes ligados ao próprio PT ou a siglas próximas. As informações são do jornal O Globo.
No Ministério das Mulheres, a iminente saída de Cida Gonçalves, abalada por conflitos internos e denúncias já arquivadas, ocorre apesar de sua relação próxima com a primeira-dama Janja. A escolha de Márcia Lopes como sucessora deve manter a pasta sob controle petista. Lopes, assistente social e ex-ministra no governo Lula, tem ligação familiar com o ex-chefe de gabinete Gilberto Carvalho e já ocupou cargos na área social.
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A troca mais recente antes de Lupi foi nas Comunicações, com a demissão de Juscelino Filho (União-MA) após denúncias da PGR e a entrada de Frederico Siqueira, aliado de Davi Alcolumbre (União-AP). No início do ano, Alexandre Padilha deixou Relações Institucionais para assumir a Saúde no lugar de Nísia Trindade. A movimentação, embora vista como necessária pelo Planalto para dar perfil mais político à Saúde, contrariou parte do Centrão, que via na pasta uma oportunidade de maior influência.
Os principais partidos do bloco, como PSD, PP, Republicanos e União Brasil, continuam pressionando por mais espaço. O PSD reivindica o Turismo, atualmente ocupado por Celso Sabino (União), mas enfrenta resistência. A recente federação entre União e PP fortaleceu o grupo, agora com 109 deputados e 14 senadores. Ainda assim, líderes reclamam da falta de diálogo direto com Lula e do pouco espaço para novas negociações.
Com o calendário eleitoral se aproximando — já que ministros que pretendem disputar eleições em 2026 precisam deixar os cargos até abril de 2026 —, o tempo para uma reforma mais ampla está se esgotando. A avaliação entre aliados é de que Lula prefere manter o controle sobre as escolhas e evitar abrir margem para disputas internas, mesmo sob o risco de perder apoio em votações importantes no Congresso.
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