Trump põe EUA em ruína e perderá para a China, diz Martin Wolf

Em artigo no Financial Times, o comentarista-chefe de economia Martin Wolf destaca que a estratégia adotada pelos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, está comprometendo sua posição frente à China. De acordo com o articulista, os EUA não terão sucesso, muito menos podem vencer a guerra contra os comunistas.

Parte disso acontece pois ele rifa os ativos responsáveis por manter o status do país. No texto com o título “Por que os EUA perderão para a China”, Wolf classifica as medidas de tarifas recíprocas de Trump perante o mundo como uma das políticas comerciais mais excêntricas já realizadas. O artigo foi republicado pela Folha de S.Paulo.

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Para Wolf, a ideia de que os EUA sairão vencedores e a China perdedora não é plausível, pois os chineses também têm instrumentos poderosos do seu lado. Portanto, tentar persuadir parceiros comerciais para levantar barreiras contra os chineses em troca de melhores acordos com o EUA não soa tão atrativo.

Em partes isso ocorre, pois, muitos países tem mais comércio com a China do que com os EUA, como Brasil, Austrália, Índia, Indonésia, Japão e Coreia do Sul. No sentido contrário, produtos chineses são essenciais para diversas economias, inclusive sem substitutos no mercado internacional.

A análise de Wolf sugere que a abordagem “transacional” dos EUA, focada em ganhos imediatos e desconsiderando alianças e princípios fundamentais, está enfraquecendo sua influência global. A falta de um compromisso sólido com normas internacionais e a crescente hostilidade em relação a imigrantes e instituições democráticas minam a confiança de outros países em sua liderança.​

Wolf entende que, com essas atitudes, Trump tirou a confiabilidade dos EUA. Prova de que o papel jogado pelo norte-americano não é sensato foi a eleição dos liberais no Canadá, após estarem em descrédito. O discurso contra as medidas de Trump uniu o partido e a população.

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Segundo o comentarista, Trump não mudará e a China dificilmente esquecerá essa guerra comercial. Além disso, os comunistas chineses acreditam que seu povo pode suportar melhor esta batalha.

Ele ainda aponta que para os EUA essa guerra se mostra como choque de oferta, enquanto para a China é um choque de demanda, algo mais fácil de ser superado. Em sua avaliação, a Casa Branca deverá recuar quando a realidade bater à porta, sem admitir derrota, mas buscando novas alternativas.

Wolf também observa que, enquanto os EUA enfrentam desafios internos, como ataques ao Estado de Direito, à ciência, ao meio ambiente e à educação, além do desprezo por alianças históricas que sustentam a ordem global, a China mantém uma postura coesa e resiliente.

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A nação asiática tem investido consistentemente em áreas estratégicas, como tecnologia e infraestrutura, consolidando sua posição como potência global. Além disso, a China demonstra uma capacidade de suportar dificuldades econômicas de forma mais eficaz, o que lhe confere uma vantagem em disputas prolongadas.​

Na visão de Wolf, a economia mundial carece de avanços, assim como a dos EUA. No entanto, o que Trump promove é a ruína do sucesso de outrora, com danos quase irreversíveis que terão como lembrança as suas digitais.

Por fim, o artigo conclui que um EUA que competitivo e cooperativo com outras nações seria a saída, mas o que se tem é um “capitalismo corrupto de compadrio” que será engolido pela China.

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