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A excursão entre amigos, familiares e demais passageiros para Raposo, no Rio de Janeiro, saiu da Grande Vitória na noite da última sexta-feira (25), com previsão de retorno no domingo (27). Mas a volta do passeio foi interrompida no km 361 da BR-101, em Anchieta, no Sul do ES.O ônibus – que transportava 28 pessoas, incluindo o motorista – foi atingido de frente por uma carreta carregada de mamão, que tombou ao fazer uma curva. Três pessoas do ônibus morreram e mais de 20 ficaram feridas.As vítimas fatais foram: o motorista Davi Lima, de 44 anos, a passageira Penha da Silva Pereira, de 90, e o jovem Jadson Zordan, de 25. Ele era neto da guia da excursão e ajudava a avó na viagem.Sobreviventes contaram os momentos de terror vividos após a batida, às 17h10 de domingo, e o socorro às vítimas.Ainda abalada, a aposentada Terezinha da Rocha, de 70 anos, se mostrou grata por não ter tido lesões ou fraturas. Ela acompanhou a irmã no hospital, a aposentada Irene da Rocha, de 79 anos, e relatou que o momento foi assustador.“Foi uma cena de terror: muito sangue, pessoas presas, gente machucada. Tiveram que quebrar os vidros para socorrer um casal em que o rapaz havia quebrado o braço”.Terezinha disse que estava na parte central do andar superior do veículo e que o ônibus parecia que ia tombar no momento da colisão.“A mão de Deus segurou naquele momento para evitar que tombasse para o lado direito. Foi questão de segundos. Graças a Deus consegui sair sem ferimentos”.Sem apresentar nenhum sintoma grave, ela ainda ajudou os paramédicos no socorro às vítimas.Emocionada, contou que a ficha só começou a cair após ser informada das mortes causadas pelo acidente. “Após o impacto, vi a Deonina (guia da excursão) perguntando pelo neto (que morreu). Não imaginava que ele havia se ferido. É muito triste. Em um momento você conhece a pessoa e depois descobre que ela se foi. Era tão jovem”.Familiares e amigos das vítimas, entre as quais Claudia Rocha, que mora em Vila Velha, falaram sobre o desespero de tentar chegar até a Santa Casa de Misericórdia em Cachoeiro de Itapemirim, já que a BR-101 ficou interditada nos dois sentidos por cerca de seis horas.Vítimas fatais
Jadson Zordan, Penha da Silva Pereira e Davi Lima não resistiram aos ferimentos e morreram após o acidente
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Reprodução/Arquivo pessoal
Relatos de sobreviventes e familiares das vítimasEm busca de notíciasMoradora de Vila Velha, a empresária Claudia Rocha, de 49 anos, viajou para Cachoeiro em busca de notícias de sobreviventes levados para a Santa Casa de Misericórdia. Entre as vítimas, a mãe, uma aposentada de 85 anos.A aposentada foi submetida a uma cirurgia de emergência. “Minha mãe está com vários parafusos na perna. A cuidadora dela, de 47 anos; minha irmã, de 62; e a sogra do meu filho, de 60, também foram submetidas a cirurgias. Todas estavam atrás do motorista”, contou.“Meu chão desapareceu”O aposentado Antônio Bianchi, de 72 anos, acompanha a recuperação da sobrinha Carla Bianchi, de 27 anos, internada na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim. Com a voz embargada, ele contou que a jovem foi submetida a uma cirurgia. “Quando soube do acidente, meu chão desapareceu. Moro em Vila Velha e só queria chegar ao hospital, abraçá-la e dizer que ela não estava sozinha”.Antônio contou que Carla fraturou a perna e sofreu cortes profundos no braço. “Vê-la naquela maca, cheia de aparelhos, foi uma dor que não desejo para ninguém. Quero ver o meu anjo sorrindo de novo”.“O impacto foi impressionante”
Irene Rocha
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Pedro Henrique Oliveira
A aposentada Irene da Rocha, de 79 anos, é passageira frequente das excursões organizadas por Dona Deonina, mas embarcou pela primeira vez para Raposo (RJ) com a irmã Terezinha da Rocha, de 70 anos.Ela contou que o acidente aconteceu de forma muito rápida, logo após o tradicional lanche ser servido. “Tinha acabado de servir o lanche e, de repente, aconteceu a batida. Foi tudo muito rápido e o impacto foi muito forte, impressionante. Nunca vi algo assim”, relembra Irene, ao sair do Hospital Geral Dr. Luiz Buaiz, em Guarapari.O acidente resultou em pequenas fraturas em três vértebras. Irene acredita que o uso do cinto de segurança foi fundamental para evitar lesões mais graves. Ela também destacou a agilidade no atendimento: as ambulâncias chegaram logo e começaram a triagem dos feridos, separando rapidamente os passageiros mais graves para receber assistência prioritária.Segundo Irene, muitas pessoas apresentavam ferimentos na cabeça e no rosto em consequência do impacto.Desespero“Papel fundamental”
Lusiane Loyola, fisioterapeuta
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Clóvis Rangel
Após saber do acidente pelas redes sociais, a fisioterapeuta Lusiane Loyola, de 49 anos, seguiu de carro direto para o local da tragédia.Ela relatou que a filha, de 19 anos, a irmã, de 46, e o cunhado, de 45, permanecem internados na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim. Uma sobrinha, também envolvida, foi levada para a mesma unidade hospitalar, mas recebeu alta na manhã de ontem.Após o susto e a confirmação do estado de saúde dos familiares, Lusiane contou que a sobrinha desempenhou papel fundamental no resgate. “Minha sobrinha foi uma guerreira. Ela ajudou a socorrer todos os parentes, chegando a quebrar os vidros das janelas do ônibus”, afirmou.Segundo Lusiane, a irmã segue internada na sala vermelha, após fraturar três vértebras e apresentar acúmulo de líquido abdominal. A filha sofreu um corte profundo acima dos olhos, que exigiu 10 pontos. Já o cunhado fraturou o ombro e teve diversos hematomas pelo corpo. Ambos estão na sala laranja do hospital sem previsão de alta.