O que se sabe sobre os ‘partidos’ que irão compor o conclave

O sucessor do papa Francisco deve ser escolhido em maio pelo conclave. A decisão, tomada pelo grupo de cardeais, é uma decisão política, mesmo que cumpra ritos religiosos, e ocorre após uma eleição cujo votantes agem, segundo a Igreja Católica, por inspiração divina.

Quando os 135 cardeais elegíveis a votar se reunirem na Capela Sistina, a votação começará oficialmente. Durante o conclave, convergências e discordâncias virão a tona.

A reunião secreta está marcada para começar entre os dias 6 e 11 de maio. No conclave, posições serão construídas e, a cada sessão de votação, haverá uma apuração. Um papa só pode ser eleito quando dois terços dos eleitores chegarem ao mesmo nome.

“Como o papa estava muito enfermo e idoso, é normal que os participantes do conclave já estivessem conversando discretissimamente sobre possíveis sucessores e realizando sondagens, obviamente orais”, diz o teólogo, filósofo e jornalista Domingos Zamagna, professor na Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP) e na Faculdade São Bento, em entrevista à BBC News Brasil.

“Mas não costumam deixar transparecer esses bastidores do poder eclesiástico”, completa, ressaltando que alguns “fornecem pequenos indícios a amigos e colaboradores mais íntimos”.

Levando em conta que 108 dos 135 cardeais aptos a votar no conclave foram indicados por Francisco, é natural supor que seu “partido” seja o mais forte na eleição. Porém, não há consenso de os cardeais nomeados por ele são alinhados.

“O que não sabemos é se os cardeais agora serão fiéis ao seu projeto iniciado há 12 anos. Porque o mundo mudou nesses 12 anos. A Igreja avançou, mas, por outro lado, os reacionários também colocaram suas manguinhas de fora”, diz o teólogo e historiador Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Embora alguns nomes despontem, como do italiano Matteo Maria Zuppi ou do filipino Luis Antônio Tagle, especialistas concordam que Francisco não deixou sucessor natural.

Porém, a ala considerada conservadora da cúpula da Igreja pode ser pequena em número, mas é bastante ruidosa. Entre os americanos, o cardeal Burke, considerado um dos maiores críticos do papado do argentino, é visto como um dos líderes da oposição.

Como funciona um conclave atualmente?

Após a morte ou renúncia de um papa, os cardeais têm entre 15 e 20 dias para iniciar o conclave. A eleição ocorre na Capela Sistina, no Vaticano. Apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar, sendo o número máximo permitido de eleitores 120.

O voto é secreto e são necessárias pelo menos duas votações diárias até que um dos candidatos receba dois terços dos votos. Durante todo o processo, os cardeais são isolados e proibidos de qualquer comunicação externa.

Quando um novo papa é eleito, uma fumaça branca sai da chaminé da Capela Sistina, anunciando ao mundo a escolha. Em seguida, o novo pontífice é apresentado ao público com a tradicional frase: “Habemus Papam!”

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