
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu nesta segunda-feira (28), no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, na Reunião de Chanceleres do Brics, a “retirada total” das forças israelenses da Faixa de Gaza, a libertação de todos os reféns e detidos e a garantia da entrada de assistência humanitária na região.
No encontro, que integra a agenda da presidência brasileira do Brics, o chanceler brasileiro pontuou que o grupo está fortalecido com sua expansão para responder os desafios globais.
“Com onze estados-membros representando quase metade da humanidade e uma ampla diversidade geográfica e cultural, o Brics está em uma posição única para promover a paz e a estabilidade baseadas no diálogo, no desenvolvimento e na cooperação multilateral”, discursou o chanceler brasileiro no encontro que ocorre até esta terça-feira (29).
No caso da Faixa de Gaza, ele disse que a situação é devastadora nos territórios palestinos ocupados que continua sendo uma fonte de profunda preocupação.
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“A retomada dos bombardeios israelenses em Gaza e a obstrução contínua da ajuda humanitária são inaceitáveis”, considerou o ministro.
De acordo com ele, o colapso do cessar-fogo anunciado em 15 de janeiro é deplorável. “Instamos as partes a cumprirem integralmente os termos do acordo e a se engajarem de boa-fé em prol de uma cessação permanente das hostilidades”, disse.
O chanceler disse ainda que uma solução justa e duradoura para o conflito entre Israel e Palestina só pode ser alcançada por meios pacíficos e sob o direito internacional.
“Permanecemos firmes em nosso compromisso com a solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, dentro das fronteiras de 1967 e com Jerusalém Oriental como sua capital, vivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança”, defendeu.
Vieira afirmou que a reunião no Brasil acontece em um momento que o Brics é mais vital do que nunca. “Enfrentamos crises globais e regionais convergentes, com emergências humanitárias, conflitos armados, instabilidade política e a erosão do multilateralismo”, lembrou.
Para ele, as crises desafiam os próprios fundamentos da paz e da segurança internacionais e exigem um compromisso renovado com a ação coletiva.
“Não podemos falar do papel do BRICS no avanço da paz e da segurança sem abordar as crises urgentes que continuam vivas em todo o mundo”, argumentou.
Ucrânia
No caso da Ucrânia, o chanceler diz que o conflito continua a causar pesado impacto humanitário, o que demonstra a necessidade urgente de uma solução diplomática que defenda os princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas.
“Em setembro passado, Brasil e China sediaram, em Nova York, uma Reunião de Alto Nível dos Países do Sul Global sobre o Conflito na Ucrânia, que levou à criação do ‘Grupo de Amigos da Paz’, reunindo países do Sul Global. Permanecemos comprometidos em continuar trabalhando pela paz e por uma solução política para o conflito”, lembrou.
Outra situação levantada pelo brasileiro foi no Haiti, onde a deterioração da situação de segurança, humanitária e econômica exige imediata ação do Brics.
“Devemos apoiar as autoridades haitianas e o povo haitiano em seus esforços para restaurar a ordem pública, desmantelar gangues armadas e estabelecer as condições para um desenvolvimento social e econômico duradouro”, defendeu.
Em relação à África, o minitro disse que o Brasil está “profundamente preocupado com a escalada das tensões no Sudão, na região dos Grandes Lagos e no Chifre da África”.
“Apoiamos plenamente os esforços da União Africana e das organizações regionais africanas, das Nações Unidas e de outras instituições e países em busca de soluções políticas e diplomáticas para essas crises”, reforçou.
Vieira diz que o Brics deve continuar a defender um sistema humanitário global neutro, despolitizado e genuinamente universal.
“O caminho para a paz não é fácil nem linear. Mas o Brics pode e deve ser uma força para o bem, não como um bloco de confronto, mas como uma coalizão de cooperação. Devemos liderar pelo exemplo, reafirmando nossa crença em um mundo multipolar onde a segurança não é privilégio de poucos, mas um direito de todos”, propôs.
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