Foragido por dois feminicídios em Alagoas, homem mata nova mulher no Recife

Natelson Venancio da Silva Filho, que se identificava como Jair, desferiu 16 facadas contra vítima

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O terror da violência contra a mulher ganhou mais um capítulo brutal na capital pernambucana. Foragido da Justiça por dois feminicídios cometidos em Alagoas, Natelson Venancio da Silva Filho, que se identificava como Jair, matou mais uma vítima: Elisangela Borges da Silva, de 39 anos, na Vila dos Milagres, bairro do Barro, na Zona Oeste do Recife.O crime foi cometido com extrema crueldade: 16 facadas, boca amordaçada para impedir pedidos de socorro, e fuga sem deixar rastros. Agora, a polícia corre para capturar o suspeito, que já carregava dois mandados de prisão pelo mesmo tipo de crime e é investigado também por outros, como homicídio.CRIME CHOCOU VIZINHANÇA DO BAIRRO DO BARROAuxiliar de serviços gerais e muito querida pelos vizinhos, Elisângela Borges vivia há anos no Barro. Há cerca de um ano, ela se relacionava com o autor do crime, mas nunca tinha visto sua identidade.O namoro, porém, era conturbado: agressões constantes, ameaças e ciúmes doentio, sobretudo quando o homem bebia.De acordo com relatos da família, na tarde do crime, Elisangela e Natelson discutiram. Ele a levou para casa, trancou a porta e a manteve em silêncio forçado — colocou um pano na boca dela para impedir gritos de socorro.As horas passaram, e a ausência da mulher, que sempre interagia com vizinhos, começou a chamar atenção.Ao olharem pela janela, moradores avistaram Elisangela desacordada em cima da cama, coberta de sangue. Com ajuda da vizinhança, a porta foi arrombada. Ela foi encontrada com múltiplas perfurações no corpo. Ainda foi socorrida para a UPA da Lagoa Encantada, mas não resistiu.O caso foi abordado no Jornal da Tribuna 1ª Edição, comandado por Artur Tigre. A entrevista com familiares e amigos foi de Rafaella Pimentel.”Ela deu o último suspiro dentro do carro. Eu pensei que ela ia viver, mas foi o suspiro da morte”, contou, emocionada, a irmã da vítima, Edneide Borges da Silva. De acordo com os médicos, ela morreu de choque hipovolêmico, que acontece quando a vítima perde muito sangue.RELACIONAMENTO MARCADO POR AGRESSÕES

Elisângela Borges vivia com o feminicida sem saber de seu passado

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O histórico de violência era conhecido pela família e pelos amigos. Edneide, que morava ao lado da irmã, relatou que intervinha sempre que ouvia gritos.”Toda vez que ele queria fazer malvadeza com ela, ele trancava ela, batia. E eu sempre escutava e vinha socorrer. Só que dessa vez eu não consegui escutar nada, porque ele tinha botado um pano na boca dela”, disse.Ao longo do relacionamento, Elisângela sofreu agressões não apenas dela, mas também ameaças contra a mãe e a irmã.”Ele queria bater em mim, queria bater na minha mãe. Era muito agressivo, principalmente quando bebia”, completou Edneide.IDENTIDADE FALSA ESCONDE PASSADO CRIMINOSO

Familiares acham documento verdadeiro do suspeito

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Quando conheceu Elisangela, Natelson se apresentou como “Jair”. Alegava não ter documentos e nunca revelou seu verdadeiro nome. A verdade veio à tona apenas depois de sua morte, quando a polícia encontrou documentos escondidos.”Ele se apresentou como Jair. A gente descobriu depois que ele tem dois feminicídios em Alagoas e está com dois mandados de prisão abertos”, revelou Edneide.Além dos feminicídios, o homem também responde por outros crimes e é investigado em outro homicídio. Sua verdadeira identidade, Natelson Venâncio da Silva Filho, só foi descoberta após a tragédia.FILHA DE ELISÂNGELA, DE SETE ANOS, FICA ÓRFÃA morte de Elisângela deixou uma filha de apenas 7 anos órfã. A menina está sendo acolhida pela família e pelos vizinhos, que prometem garantir o cuidado e o amparo. O nome da garotinha não será revelado.”É uma família que eu nunca tive, e eu quero justiça. Que ele vá pra cadeia”, desabafou uma amiga da vítima.MEDO E AMOR EM UMA RELAÇÃO MARCADA PELA VIOLÊNCIAEdneide relata que a irmã queria se separar, mas o medo a impedia. “Provavelmente ela tinha medo dele, porque ela não contava nada pra gente. A roupa estava sempre arrumada pra ir embora, mas ele nunca ia.”Segundo a irmã, Elisângela chegou a registrar boletins de ocorrência contra o agressor, mas o ciclo de violência se repetia: ele voltava “com pele de cordeiro”, como descreveu a família, e a convencia a reatar.”Ela morreu por amor demais. Ou medo”, lamentou Edneide.POLÍCIA INVESTIGA E BUSCA FORAGIDOO caso foi registrado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que agora concentra esforços para localizar Natelson.Sem documentos verdadeiros e já acostumado a usar nomes falsos, a localização do suspeito é considerada prioridade.A Polícia Civil informou que as investigações estão avançando e pediu o apoio da população para qualquer informação que leve ao paradeiro do foragido.Quem tiver informações pode fazer denúncia anônima pelo telefone 197.VEJA REPORTAGEM DA TV NA ÍNTEGRA A PARTIR DE 7min16

COMO DENUNCIAR VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER EM PERNAMBUCO (META A COLHER)✅ 1. Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher – Funciona 24 horas, todos os dias da semana, em todo o Brasil. – A ligação é gratuita e anônima. – O 180 orienta, registra denúncias e encaminha para os órgãos competentes.✅ 2. Disque 190 – Polícia Militar – Para casos de emergência (agressão em andamento, ameaça iminente etc.). – A PM atende e direciona uma viatura ao local.✅ 3. Delegacias da Mulher (DEAMs) em Pernambuco Pernambuco tem 15 Delegacias da Mulher espalhadas pelo estado. Algumas principais: – Recife: Rua Alfredo de Medeiros, nº 150 – Santo Amaro. – Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Caruaru, Petrolina, entre outras cidades também têm DEAMs. – Funcionamento: das 8h às 17h (dias úteis), mas há unidades de plantão.✅ 4. Plantão 24 horas do DHPP (Recife e Região Metropolitana) – Casos de feminicídio ou violência grave podem ser encaminhados diretamente ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que funciona em plantão permanente. – Endereço: Rua Odorico Mendes, nº 700 – Cordeiro, Recife. – Telefone: (81) 3184-2714.✅ 5. Delegacia pela Internet – Polícia Civil de Pernambuco – Em casos de ameaça, descumprimento de medida protetiva, injúria, lesão corporal leve, é possível registrar o boletim de ocorrência online. – Site: [Delegacia Online PE](https://servicos.sds.pe.gov.br/delegacia/)✅ 6. Centros de Referência da Mulher – São locais de apoio psicológico, jurídico e social. – Em Recife, o Centro Clarice Lispector é o principal: (81) 3355-3008. – Há unidades em várias cidades da Região Metropolitana e interior.✅ 7. Ministério Público de Pernambuco (MPPE) – Recebe denúncias pelo telefone (81) 3182-7369. – Também é possível fazer denúncia online pelo site oficial do MPPE: https://www.mppe.mp.br✅ 8. Defensoria Pública de Pernambuco- Auxilia mulheres que precisam de apoio jurídico gratuito, inclusive para medidas protetivas de urgência. – Telefone: (81) 3182-5362.✅ 9. Aplicativo “SOS Mulher PE” – Disponível para Android e iOS. – Mulheres com medidas protetivas concedidas podem acionar a polícia apertando um botão de emergência no celular. – Aplicativo desenvolvido pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco.DICAS IMPORTANTES- Mesmo sem provas imediatas (vídeo, foto, testemunha), é possível e recomendado denunciar. A palavra da vítima tem peso jurídico.- Se presenciar um caso de violência, também pode e deve denunciar. A denúncia pode ser anônima.- Em casos graves ou que envolvam risco imediato de morte, ligue direto para o 190.Violência contra a mulher é crime. Denuncie!

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