Planalto pressiona Carlos Lupi após escândalo de fraudes no INSS

O Palácio do Planalto está cada vez mais incomodado com a postura do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, diante do escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Internamente, a avaliação é que o ministro deveria pedir demissão para minimizar o desgaste político para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O caso ganhou repercussão após investigações revelarem desvios bilionários em benefícios de aposentados e pensionistas. Apesar de ter sido alertado sobre o problema ainda em junho de 2023, Lupi só tomou medidas concretas quase um ano depois, em março de 2024.

A demora irritou setores do governo, principalmente pela dimensão do prejuízo e pelo impacto direto no eleitorado de Lula: os aposentados. De acordo com apuração do Jornal Nacional, as 23 reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social realizadas sob a gestão de Carlos Lupi mostraram que o tema das fraudes só foi debatido formalmente em abril de 2024, dez meses após o primeiro alerta.

Mesmo assim, o assunto não voltou a ser tratado nas reuniões seguintes. A operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) — batizada de Operação Sem Desconto — revelou um esquema que pode ter desviado até R$ 6,3 bilhões de aposentadorias e pensões do INSS.

O relatório de auditoria da CGU apontou que o valor dos descontos suspeitos triplicou: saltou de R$ 80,6 milhões em junho de 2023 para R$ 248,1 milhões em abril de 2024. As fraudes envolviam 11 associações que realizavam descontos nas aposentadorias sem autorização dos beneficiários.

A primeira instrução normativa para regulamentar esses descontos só foi publicada em março de 2024, quando as investigações já estavam avançadas no âmbito da CGU e do Tribunal de Contas da União (TCU).

PDT e o impasse político para Lula

A permanência de Carlos Lupi no cargo cria um impasse para o governo, uma vez que ele é presidente do PDT, partido historicamente aliado do PT. Além disso, Lupi foi o responsável por indicar dois presidentes do INSS envolvidos em polêmicas: Alessandro Stefanutto, demitido após a operação da PF, e Glauco Wamburg, exonerado em 2023 sob suspeita de uso irregular de passagens e diárias.

A pressão para que Lupi entregue o cargo é grande, mas até o momento ele mantém postura defensiva. A avaliação é que sua saída voluntária poderia reduzir o desgaste político e evitar maiores prejuízos para a imagem do governo Lula, já bastante sensível em razão do impacto do escândalo sobre a população idosa.

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