Emoção no resgate de animais silvestres feridos

Bióloga Tatiana Borlini atua há cinco anos no Hospital Veterinário Silvestre, em Vila Velha

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Fábio Nunes/AT

Após o resgate de um lobo-guará fêmea em coma às margens da BR-101, em Cachoeiro de Itapemirim, comover capixabas no último sábado (05), biólogos e veterinários compartilham histórias emocionantes que revelam o lado mais gratificante desse trabalho: a emoção de salvar a vida de animais silvestres.Bióloga e mestre em Ecologia de ecossistemas, Tatiana Borlini atua há cinco anos no Hospital Veterinário Silvestre, em Vila Velha. A instituição é referência no atendimento à fauna nativa e integra um dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).Tatiana recorda com entusiasmo o momento em que um lobo-guará macho se levantou sozinho após dias de tratamento.“Ele chegou com as patinhas queimadas, muito assustado, com doença do carrapato e uma infecção grave. Ficou dois meses internado. Quando finalmente voltou a andar e começou a explorar o recinto, todos nós vibramos. É muito lindo”, afirmou.Segundo a bióloga, esse resgate ocorreu em janeiro durante uma das operações de salvamento realizadas em áreas devastadas por queimadas em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do ES.Médico veterinário com 15 anos de experiência em programas de reabilitação, Marcelo Borges considera a soltura o momento mais marcante de cada resgate. “Ver um animal correndo para a mata, livre, depois de tanto sofrimento, é como respirar junto com ele. Às vezes, nossa equipe se abraça e chora de alegria”, revela.Em um resgate recente, Marcelo participou da reintrodução de um grupo de jabutis em uma área desmatada próxima à zona rural de Domingos Martins, na Região Serrana do ES.“Eles estavam completamente desorientados, sem água e sem abrigo. Foram semanas de cuidados. No dia da soltura, colocamos todos no chão, e lentamente eles retornaram para o mato. Foi um espetáculo”, afirma Marcelo.Os profissionais ressaltam que, além da técnica, a empatia e a sensibilidade são essenciais nesse tipo de trabalho. “Entramos na mata com equipamentos, mas também com o coração”, observa Karina Lemos, bióloga que liderou o resgate de bugios em uma região devastada pela seca e pelo fogo. “Um dos filhotes sobreviveu, e quando o vimos brincar pela primeira vez no galho, foi como ganhar um presente”.Veterinários surpresos com a tranquilidade do lobo-guará

Pedro Henrique Oliveira
Kaion e Leonardo: veterinários

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Pedro Henrique Oliveira

Os veterinários Kayon Gonçalves, de 27 anos, e Leonardo Lyrio, de 43, trabalham na clínica CETVET, em Guarapari. Eles relataram como foram os primeiros-socorros do lobo-guará fêmea resgatada em coma às margens da BR-101 em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do ES.“Ficamos surpresos quando ela acordou, pensávamos que seria agressiva, mas estava calma. Isso nos deu tranquilidade enorme para iniciar o atendimento com o máximo de cuidado”, conta Kayon.O veterinário lembra do momento em que a equipe precisou agir rapidamente. “Ela estava em uma condição bem delicada, mas a primeira reação foi positiva. Sabíamos que, com o tratamento correto, as chances dela se recuperar seriam boas”, disse.Veterano da área e com mais de 20 anos de experiência, Leonardo compartilha a satisfação com o resgate.“É um trabalho como esse que nos faz lembrar da importância de nossa profissão. Quando conseguimos estabilizar o animal, uma sensação de alívio toma conta da gente. É uma alegria ver a recuperação de um ser imponente e tão frágil”.Ambos destacam que o lobo-guará, um dos animais mais emblemáticos da fauna brasileira, tem uma importância ecológica imensa, o que torna o trabalho ainda mais gratificante.“É uma experiência única. Acompanhar a recuperação desse animal é um momento de felicidade para toda a nossa equipe”, afirma Kayon.Com a recuperação da lobo-guará, a esperança é de que ela seja devolvida ao seu habitat natural.O que fazer Se você encontrar um animal silvestre ferido, como a loba resgatada, a primeira atitude que deve ser tomada é ligar imediatamente para o Ibama. Segundo o veterinário que prestou atendimentos para a loba, esse contato é primordial para garantir a segurança de toda a equipe médica para se por ventura, o animal estiver vindo de cativeiro há um tempo, não colocar a vida dos profissionais envolvidos no caso, em risco. É importante destacar que, se o caso ocorrer em trechos da BR-101 sob concessão da Ecovias 101, como aqui no estado, a concessionária também deve ser acionada. Os profissionais possuem equipes capacitadas para realizar o resgate de fauna silvestre (como no caso da loba) e atua em parceria com órgãos ambientais no encaminhamento para centros de reabilitação. Os telefones para contato são: • Ibama: 0800 061 8080• Ecovias 101: 0800 7701 101

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