Metade dos robôs do mundo, em 2025, vêm da China

Um relatório recente divulgado pela Leaderobot revela que a China está prestes a consolidar sua posição como líder global na produção de robôs humanoides. Com previsões de fabricar mais de 10 mil unidades em 2025 e gerar uma receita de US$ 1,14 bilhão(cerca de R$ 6,5 bilhões), o país avança rapidamente em um setor considerado estratégico para o futuro da economia global. O estudo destaca que a indústria chinesa pode replicar o sucesso alcançado no mercado de veículos elétricos, onde Pequim já é hegemônica.

Essa liderança não é apenas resultado de inovação tecnológica, mas também de um plano meticuloso de automação industrial e investimentos massivos em inteligência artificial (IA) e robótica. Enquanto países ocidentais enfrentam desafios como escassez de mão de obra qualificada e resistência à automação, a China avança sem obstáculos significativos, graças ao controle centralizado do Partido Comunista.

“Made in China 2025”: o motor da transformação industrial

O programa “Made in China 2025”, lançado há uma década, tem sido o pilar dessa transformação. O plano identificou dez setores prioritários para o desenvolvimento nacional, incluindo robótica, inteligência artificial e manufatura avançada. Desde então, o governo chinês tem incentivado empresas locais a adotarem tecnologias de ponta, enquanto compra fornecedores estrangeiros para transferir conhecimento técnico ao país.

A automação está revolucionando as fábricas chinesas. Empresas como a Zeekr, montadora de veículos elétricos, já operam com centenas de robôs em “fábricas escuras” — instalações totalmente automatizadas que funcionam sem luzes ou intervenção humana. Essas unidades reduzem custos, aumentam a eficiência e garantem competitividade global, mesmo diante de tarifas comerciais impostas por EUA, UE e outros países.

Além disso, pequenos negócios também estão se beneficiando. Em Guangzhou, Elon Li, proprietário de uma oficina que fabrica churrasqueiras e fornos, planeja adquirir um braço robótico equipado com IA por US$ 40 mil — uma fração do custo de sistemas similares há quatro anos. Esse exemplo ilustra como a disseminação da tecnologia está democratizando a automação, tornando-a acessível até para pequenas empresas.

Robôs e um trabalhador em uma fábrica de carros elétricos Zeekr, em Ningbo, China, 31 de março de 2025.

Robôs humanoides: a nova fronteira

Os robôs humanoides estão emergindo como uma nova área estratégica. Segundo o relatório, espera-se que a China domine cerca de 50% do mercado global desses dispositivos ainda este ano, com uma receita projetada de 8,24 bilhões de yuans (US$ 1,14 bilhão). A UBTech Robotics, uma das líderes do setor, anunciou que 20 de seus humanoides serão utilizados em atividades industriais ainda no primeiro semestre de 2025.

He Liang, fundador da Yunmu Intelligent Manufacturing, afirma que os robôs humanoides têm potencial para criar uma nova indústria tão lucrativa quanto a dos carros elétricos. “É uma estratégia nacional”, disse ele, destacando o compromisso de Pequim em se tornar a principal potência tecnológica global até 2027.

Embora ainda estejam em fase inicial, os robôs humanoides já estão sendo testados em diversas áreas. No fim de semana, a prefeitura de Pequim organizou uma meia maratona com 12 mil corredores humanos e 21 robôs humanoides. Apenas seis máquinas completaram a prova, mas o evento serviu como uma demonstração pública dos avanços tecnológicos chineses.

O papel do governo e investimentos estratégicos

O governo chinês tem desempenhado um papel crucial nesse processo. Em fevereiro de 2025, foi lançado o Plano de Ação para Inovação Científica e Cultivo Industrial de Inteligência Incorporada, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de produtos de alta tecnologia. Além disso, a principal agência econômica do país criou um fundo de capital de risco de US$ 137 bilhões para financiar iniciativas em robótica, IA e outras tecnologias emergentes.

Nos últimos quatro anos, os bancos estatais chineses concederam US$ 1,9 trilhão em empréstimos para modernização industrial, permitindo que empresas expandissem suas operações e adotassem novas tecnologias. Paralelamente, universidades chinesas formam cerca de 350 mil engenheiros mecânicos anualmente, um número muito superior aos cerca de 45 mil diplomados nos EUA.

Impactos sociais e econômicos

A automação acelerada trouxe benefícios econômicos significativos, mas também preocupações sobre empregabilidade, à medida que os robôs assumem tarefas antes realizadas por humanos.

No entanto, a crise demográfica enfrentada pela China torna a automação inevitável. O número de nascimentos caiu drasticamente desde 1987, e dois terços dos jovens optam por ingressar em universidades, distanciando-se do trabalho fabril. “O dividendo demográfico da China acabou”, afirmou Stephen Dyer, da consultoria AlixPartners ao New York Times. “Agora o país vive um déficit demográfico, e a única saída é aumentar a produtividade.”

Liderança global com desafios

A China está claramente vencendo a corrida robótica, solidificando sua posição como líder mundial em automação e inteligência artificial. Com investimentos maciços, apoio governamental e uma força de trabalho altamente qualificada, o país está moldando o futuro da manufatura e da tecnologia global.

A China não apenas quer liderar; ela quer redefinir as regras do jogo global. Com a China determinada a conquistar a liderança tecnológica global, o mundo assiste a uma nova era de competição e inovação sem precedentes.

Principais números do relatório

  • Produção de robôs humanoides (2025): Mais de 10 mil unidades.
  • Receita projetada (2025): US$ 1,14 bilhão (R$ 6,5 bilhões).
  • Mercado de inteligência incorporada (2030): 103,8 bilhões de yuans (R$ 80 bilhões).
  • Engenheiros mecânicos formados anualmente: 350 mil na China vs. 45 mil nos EUA.

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