Um clima de comoção marcou a missa em sufrágio do Papa Francisco no início da tarde desta segunda-feira, 21, na Catedral Metropolitana de Goiânia. A celebração foi conduzida pelo arcebispo de Goiânia e 1º vice-presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom João Justino, e representou uma “intercessão” pela alma de Jorge Mario Bergoglio, o argentino que, por 12 anos, liderou a Igreja Católica. O sumo pontífice partiu na manhã de hoje, vítima de um AVC e de uma insuficiência respiratória, aos 88 anos.
Justino se referiu a Francisco como um homem “lúcido, corajoso e profético” para os temos que vivemos. “Deixa-nos um legado enorme nos seus ensinamentos escritos, nas suas pregações, mas principalmente nos seus gestos e decisões”.
O arcebispo foi nomeado para o posto em dezembro de 2021, pelo Papa Francisco. Nessa época, Justino revelou em carta ter dito ao pontífice: “Aceito esta nova missão renovando meu Sim a Deus e à Igreja”.
Hoje, quatro anos depois, após a missa em sufrágio do Papa, e ainda sensibilizado pela partida dele, Dom João Justino foi perguntado pelo Jornal Opção sobre seu último contato com o Santo Padre, que aconteceu no dia 6 de fevereiro deste ano e parece ainda restar vívido em sua memória.
“Foi na visita da presidência da CNBB, agora no mês de fevereiro. Ele nos recebeu na Casa Santa Marta. E já estava, inclusive, com o que ele mesmo disse para nós: ‘Estou com uma bronquite e vou falar menos e mais ouvir’. Mas ele nos deu atenção durante 40 minutos naquela manhã do dia 6 de fevereiro”, relembrou Justino.
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O arcebispo de Goiânia revela ainda ter levado algo que ganharia a bênção de Francisco: “Eu apresentei a ele a imagem da Sagrada Família do nosso Santuário Basílica, pedindo que a abençoasse, pois nós traríamos aquela imagem para circular nas casas dos devotos e dos paroquianos”, contou.
Dom João Justino também contou, questionado pela reportagem, sua lembrança mais intensa de contato com o sumo pontífice. O arcebispo da capital de Goiás citou dois momentos específicos: quando recebeu seu Pálio, que é a faixa de lã branca usada sobre os ombros pelos arcebispos, e quando participou da visita ad limina, uma peregrinação a Roma feita pelos bispos diocesanos a cada 5 anos, que inclui um encontro com o Papa.
“Talvez seja uma lembrança muito forte, porque na visita ad limina, em outubro de 2022, houve a oportunidade de conversarmos, eu e os vários bispos. Eu acompanhei os de Minas Gerais, mesmo já estando aqui [em Goiás]. O Papa deixou livre, e eu dirigi uma pergunta a ele. Ele respondeu à pergunta que eu fiz de modo muito, muito sereno, abrindo ainda mais perspectivas para nossa missão evangelizadora”, recordou.
Para Justino, Francisco deixa como maior legado o Evangelho, “no sentido de que o Papa Francisco viveu o Evangelho como Papa”. “Ele foi traduzindo na vida do sucessor de Pedro, vivendo de modo muito simples, cuidando muito das expressões misericordiosas, chamando a Igreja para o essencial”, afirmou.
O arcebispo metropolitano disse que este, agora, é um tempo de súplica “para que o Senhor suscite na Igreja um novo sucessor de Pedro, que possa, segundo vontade de Deus, conduzir a Igreja nesse tempo difícil por tantas questões sociais, econômicas, internacionais que nos afetam a todos”.
“Então, naturalmente, imediatamente, queremos alguém que dê continuidade ao legado de Francisco. Certamente, isso é muito importante, mas o Espírito traz muitas surpresas. Certamente, quem for escolhido pelo Senhor, por meio dos votos dos cardeais, conduzirá a Igreja segundo a vontade do Senhor. Eu creio, espero e rezo nessas intenções”.
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