Arcebispo de Goiânia chora ao lembrar de Francisco: “Ensinamento na acolhida singela”

O arcebispo metropolitano de Goiânia, Dom João Justino, emocionou-se ao prestar sua homenagem ao Papa Francisco, falecido nesta segunda-feira, 21. Durante coletiva de imprensa realizada na sede da Arquidiocese, o arcebispo chorou ao recordar a simplicidade e o acolhimento que marcaram o pontificado do Papa argentino.

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“Foi um homem muito lúcido, corajoso, profético para os tempos que vivemos. Deixa-nos um legado enorme nos seus ensinamentos escritos, nas suas pregações, mas principalmente nos seus gestos e decisões”, afirmou Dom João Justino.

Francisco, eleito em 13 de março de 2013, foi o primeiro Papa jesuíta, o primeiro da América Latina e o primeiro com o nome de Francisco — em homenagem a São Francisco de Assis. Seu pontificado, que durou pouco mais de 12 anos, foi marcado por um esforço intenso de aproximação com os fiéis, sobretudo os mais pobres e marginalizados, além de posicionamentos firmes diante de temas como a crise climática, o acolhimento aos refugiados, e uma nova postura da Igreja frente à diversidade.

Dom João Justino destacou, entre os gestos marcantes do início do pontificado, a escolha do Papa por seguir de ônibus, ao lado dos demais cardeais, após a eleição, recusando a limusine que o esperava. “Foi um primeiro gesto, talvez pequeno, mas profundamente simbólico. Ele nos ensinou, com palavras e atos, a viver a simplicidade do Evangelho”, disse.

Papa no Brasil

O arcebispo também lembrou da relação próxima de Francisco com o Brasil. Em sua primeira viagem internacional, apenas três meses após ser eleito, o Papa participou da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em julho de 2013, reunindo mais de 2 milhões de jovens na praia de Copacabana. “Ele foi recebido com um calor humano intenso, e nunca deixou de demonstrar cuidado com a Igreja no Brasil”, recordou.

Papa Francisco foi recebido pela então presidente Dilma Rousseff | Foto: Presidência

Em fevereiro deste ano, Dom João Justino esteve pessoalmente com o pontífice no Vaticano, enquanto ainda exercia a função de vice-presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). “Mesmo com bronquite, nos recebeu por 40 minutos. Ele dizia que falaria pouco, mas quis nos ouvir, conversar. Sempre atento e presente”, relatou.

Legado e futuro da Igreja

Ao ser questionado sobre o legado mais imediato deixado pelo pontífice, Dom João Justino foi categórico: “acolhimento”. “O Papa Francisco abriu as portas da Igreja para todos. Seu magistério nos convida a superar barreiras, a buscar o encontro e a ternura, como ele sempre dizia. É isso que permanecerá”, afirmou.

A Arquidiocese de Goiânia deve iniciar uma série de homenagens e orações pelo falecimento do pontífice nos próximos dias, com celebrações litúrgicas em memória do Papa. A missa de corpo presente será celebrada em Roma, com o corpo sendo levado à Basílica de São Pedro, e posteriormente sepultado, conforme seu desejo, na Basílica de Santa Maria Maior — local de especial devoção do Papa.

CNBB adia assembleia por causa do funeral

A morte de Francisco também impacta a agenda da CNBB. Dom João Justino informou que a assembleia geral da Conferência, prevista para iniciar em 30 de abril, deve ser adiada. “Hoje à tarde o Conselho Permanente se reunirá para tomar uma decisão definitiva. Esperávamos a presença de dois cardeais estrangeiros, mas agora eles devem permanecer em Roma”, explicou.

Sete cardeais brasileiros com menos de 80 anos têm direito a voto no conclave que escolherá o novo Papa. A expectativa é que eles embarquem nos próximos dias para os funerais e para as reuniões preparatórias do conclave. Um dos nomes citados foi o do cardeal Dom Raimundo Damasceno, amigo pessoal de Francisco, que, mesmo sem direito a voto por ter mais de 80 anos, deve comparecer à despedida.

Um apelo à oração

Ao final da coletiva, Dom João Justino dirigiu-se aos fiéis com uma mensagem de fé e esperança: “Convido a todos os irmãos católicos e às pessoas de boa vontade para que nos unamos em oração. Agradeçamos a Deus pelo ministério do Papa Francisco e peçamos as luzes do Espírito Santo para a escolha do novo bispo de Roma. Francisco sempre se apresentou assim: como o bispo de Roma. Que seu exemplo continue a iluminar nossa caminhada”.

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