A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi convidada a se filiar ao PSB após ser derrotada nas eleições internas da Rede Sustentabilidade. O convite partiu do presidente do PSB, Carlos Siqueira, e se estendeu a outros aliados da ministra, como a deputada estadual Marina Helou (SP). Por ora, Marina descarta deixar a legenda, mas interlocutores admitem que o cenário pode mudar, especialmente diante das disputas políticas dentro da sigla.
A possível ida para o PSB representaria um retorno: em 2014, Marina concorreu à Presidência da República pelo partido, após a morte de Eduardo Campos, de quem era vice na chapa. Na ocasião, alcançou seu melhor desempenho eleitoral, ficando em terceiro lugar. Agora, o convite reacende discussões sobre o futuro político da ministra, fundadora da Rede em 2013. As informações são do jornal O Globo.
As disputas internas no partido giram em torno da liderança exercida por Heloísa Helena, ex-senadora e aliada histórica de Marina que se tornou adversária. A escolha de Paulo Lamac, ligado a Heloísa, como novo porta-voz nacional da Rede, intensificou o conflito. A ala de Marina questiona a legitimidade da eleição e aponta arbitrariedades no processo, enquanto a direção atual rebate, acusando o grupo da ministra de não respeitar decisões democráticas.
Leia mais
Um dos principais focos de atrito se deu nas eleições municipais de 2024, quando a Rede optou por apoiar candidaturas que contrariavam os interesses do grupo de Marina. Em Pernambuco, por exemplo, o deputado Túlio Gadelha não conseguiu legenda para disputar a prefeitura do Recife. A escolha recaiu sobre a deputada Dani Portela (PSOL), com apoio de Heloísa. O partido terminou o pleito com apenas quatro prefeituras eleitas em todo o país — o pior desempenho desde a sua criação.
As divergências ideológicas também pesam. Marina defende uma agenda ambiental alinhada ao mercado e à institucionalidade, enquanto Heloísa sustenta uma posição ecossocialista, crítica ao modelo econômico vigente. A relação com o governo Lula é outro ponto de discórdia: Marina integra o ministério, enquanto Heloísa mantém postura crítica ao PT desde os anos 2000.
Apesar do clima de tensão, Marina e seus aliados afirmam que pretendem permanecer na Rede. “Vamos lutar pela legenda”, dizem. Do outro lado, Paulo Lamac declarou que a prioridade da nova direção é buscar a unidade: “Essas questões internas são menores diante do trabalho da Rede e das bandeiras que defendemos.”
Leia menos