O luto pela morte de um papa na Igreja Católica é um evento profundamente simbólico e solene, marcado por uma série de ritos, tradições e procedimentos milenares, que envolvem um meticuloso processo espiritual e institucional da igreja. O luto papal dura nove dias, período chamado de Novemdiales (do latim novem = nove).
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O funeral do Papa Francisco, que morreu aos 88 anos na madrugada desta segunda-feira, 21, no entanto, terá profundas mudanças nas regras e tradições a pedido do próprio. As regra e tradições relacionadas ao luto papal estão descritas em documentos oficiais do pontificado e no direito canônico, tendo a como base a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis.
O papa Francisco “pediu, como ele mesmo declarou em diversas ocasiões, para simplificar e adaptar alguns ritos de forma que a celebração das exéquias do Bispo de Roma expressasse melhor a fé da Igreja em Cristo Ressuscitado”, disse o mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, dom Diego Ravelli, ao Vatican News.
“O rito renovado”, disse dom Ravelli, “deveria enfatizar ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de uma pessoa poderosa deste mundo”.
Entre as mudanças pedidas por Francisco está a confirmação do óbito, que passou a ser constatada em sua capela privada, e não mais no quarto do pontífice. Uma vez confirmada a morte, o Cardeal Camerlengo da Santa Igreja Romana retira o anel do pescador e o destrói diante dos cardeais; o Vatricano emite uma nota oficial comunicando o falecimento e os sinos da Basílica de São Pedro são tocados em sinal de luto. No canal oficial do Vaticano no Youtube, já é possível ouvir os sinos tocando em intervalos de tempo programados.
Tradicionalmente, todos papa anteriores foram enterrados na Igreja de São Pedro, em Roma, que abriga mais de 90 papas, inclusive o apóstolo Pedro, considerado o primeiro papa. Por sua vez, Francisco, de acordo com informações vaticanas, teria optado pelo enterro na Igreja de Santa Maria Maggiore, local onde ele frequentava para fazer suas orações em Roma.
A pedido de Francisco, os três caixões de cipreste, chumbo e carvalho, colocados um dentro do outro, foram substituídos por um único caixão smiples, de madeira e revestido de zinco. O caixão de cipreste, na tradição apostólica româna, representa a humildade, a mortalidade e a simplicidade da vida cristã, enquanto a peça de chumbo ou zinco a durabilidade e a proteção. Já o caixão de externo, de madeira, representa a majestade e solenidade.
As mudanças não foram pedidos exclusivos de Francisco, tendo o papa Bento XVI optado também por não não ser enterrado com o caixão de chumbo, apenas com o de madeira dupla. Ele também recusou muitos dos elementos tradicionais, como os sapatos vermelhos. Além disso, O funeral de Bento XVI em 2023, sob o pontificado de Francisco, marcou uma ruptura simbólica, ainda que sutil, já que foi a primeira vez que um papa vivo celebrou um funeral de um papa emérito.
Rito de confirmação
A Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou na segunda-feira que o rito de apuração da morte e colocação do corpo do falecido Papa Francisco no caixão acontecerá na segunda-feira às 20h00, horário de Roma.
O cardeal Kevin Farrell, Camerlengo da Santa Igreja Romana, presidirá o rito na Capela da Casa Santa Marta do Vaticano.
No anúncio, a Sala de Imprensa indicou que os presentes incluirão o Decano do Colégio Cardinalício, Cardeal Giovanni Battista Re, e familiares do falecido Papa Francisco, juntamente com o Dr. Andrea Arcangeli e o Dr. Luigi Carbone, Diretor e Vice-Diretor da Direção de Saúde e Higiene, respectivamente.
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