
Mutação genética provoca ausência de melanócitos e requer cuidados com o sol, já que pele sem pigmento é mais sensível. ‘Faz Bem’: entenda o piebaldismo, condição frequentemente confundida com vitiligo
A Vitória tem três meses e já chama atenção ponte onde passa. Ela nasceu com uma mecha branca no cabelo, igual a da mãe, Pamella Sandy. Elas têm piebaldismo, uma condição genética rara que provoca a ausência de pigmentação na pele.
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“Na hora que ela nasceu, eu estava de touca, então as pessoas não estavam entendendo muito o que estava acontecendo. E aí foi que meu marido gritou, ‘ela é careca, ela é careca’. […] A única pessoa certa da cabeça foi a fotógrafa, que falou assim, ‘não, ela tem o cabelo igual a mãe dela’. Aí vieram as enfermeiras, tiraram a minha touca ‘pra’ ver o meu cabelo e aí constataram que ela tinha vindo com o cabelinho branco igual o meu”, relembra Pamella.
Pamella herdou a condição do pai e hoje vê a mesma característica se repetir na filha. Além dela, uma das sobrinhas, filha de seu irmão mais velho, tem a mesma condição.
O que é o piebaldismo?
É uma condição genética que provoca a ausência de melanócitos, as células responsáveis pela produção da melanina, o pigmento que dá cor à pele, aos olhos e aos cabelos. Isso resulta em manchas brancas ou áreas sem coloração, geralmente no centro da testa, cabelo e tronco.
Essa mutação genética não é uma doença e na maioria das vezes não exige tratamento, mas requer cuidados com o sol, pois a pele sem pigmento é mais sensível.
“[O piebaldismo] não escolhe sexo, então o gênero feminino e masculino é de igual, não tem predisposição. E ele é desde o nascimento que aparecem características”, explica Fernanda Ayala, médica geneticista. “Os cuidados são relacionados ao sol, principalmente, à radiação solar para outras questões que possam aparecer e, às vezes, uma hidratação melhor da pele”, afirma.
Condição é diferente de vitiligo
Apesar de ser muito confundido com vitiligo, as condições são diferentes. Segundo Ayala, nos dois casos ocorre a ausência de melanócitos na pele mas as causas não são as mesmas.
“Acontece que, no vitiligo, a pessoa pode desenvolver em qualquer momento da vida, não vem desde o nascimento. E ocorre em qualquer região do corpo, na face, não especificamente na região central. E ocorre que os nossos anticorpos atacam os melanócitos e destroem eles, e isso é associado sempre com uma outra doença autoimune, como o hipotireoidismo, por exemplo”, explica a médica.
Preconceito
Como o piebaldismo é raro, Pamella conta que enfrentou preconceito na infância, mas com ajuda da mãe aprendeu a falar da própria condição com naturalidade e segurança.
“Tem o olhar maldoso, o olhar de preconceito, e tem o olhar curioso também. Então, acho que a gente não tem que levar sempre para o mau olhar, a gente tem que levar para uma curiosidade, porque o ser humano, ele é curioso. A minha mãe sempre me tratou muito natural, e ela fazia eu explicar o que eu tinha. Era quando alguém perguntava, ‘o que é isso’? Ela fazia, ‘filha, explica o que você tem, fala o que você é’. Então, eu acho que isso me trouxe naturalidade, me trouxe uma certa segurança para explicar o que eu tinha”, conta.
Hoje, Pamella diz que espera ensinar o mesmo para a filha Vitória.
“É muito mais sobre amor próprio do que o próprio piebaldismo. Então, é isso que eu quero transmitir para minha filha, para ela ser feliz da maneira que Deus criou, e a gente tem aqui as manchinhas do amor”, afirma.
Piebaldismo não é doença e não precisa de tratamento, mas exige cuidados com a pele.
Reprodução EPTV
Pamella e a filha, Vitória, têm piebaldismo, condição genética rara que provoca alteração no pigmento da pele.
Reprodução EPTV
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