Professores de SP entram em greve contra retrocessos de Ricardo Nunes

Os professores da rede pública municipal de São Paulo decidiram decretar greve por tempo indeterminado. A decisão ocorreu em assembleia na última terça (15) realizada em frente à Prefeitura, no Viaduto do Chá, centro da capital, durante protesto contra a proposta de reajuste enviada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) à Câmara de Vereadores.

De acordo com o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem), o prefeito encaminhou a proposta “sem nenhuma discussão com as entidades sindicais, que estão em plena campanha salarial, tendo em vista a data-base da categoria, em maio”.

A proposta do Executivo municipal (Projeto de Lei nº 416/2025) propõe reajuste de 2,6% neste ano (a partir de maio) e de 2,55% para 2026, assim como a elevação dos pisos remuneratórios dos docentes, categoria 1 (QPE 11), em 6,27%. Os trabalhadores rejeitam esta proposta e pedem 44% de aumento real a título de incorporação dos abonos complementares de pisos, além de outras reivindicações.

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Na luta pela pauta de reivindicações (confira abaixo) também fazem parte os trabalhadores reunidos pelo Sindicato Especialistas Ensino Público São Paulo (Sinesp) e pelo Sindicato dos Educadores da Infância (Sedin), que juntos com o Sinpeem formam a Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal (Coeduc). Juntos os representantes das entidades foram recebidos pela recebidos pela secretária municipal de Gestão, Marcela Arruda, e pelo secretário-adjunto da Educação Bruno Lopes Correia, e manifestaram a sua indignação com a proposta de Ricardo Nunes e reafirmaram a posição pela pauta da categoria.

Após a manifestação na Prefeitura, os educadores caminharam até a Câmara municipal para protestar durante a tramitação no projeto. Nesta quarta (16), novamente, os trabalhadores estarão reunidos em frente à Câmara para serem ouvidos enquanto ocorre a discussão do tema na Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa (CCJ).

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Confira a pauta de reivindicações dos professores da capital paulista:

  • 44% de aumento real a título de incorporação dos abonos complementares de pisos;
  • valorização dos salários e carreiras do QPE;
  • condições dignas de trabalho, com infraestrutura adequada; 
  • revogação da Lei nº 18.221/2024;
  • fim das terceirizações e privatizações;
  • revogação do confisco e redução da alíquota previdenciária de 14% para 11%;
  • redução da jornada de trabalho do Quadro e Apoio e dos gestores;
  • investimento em saúde e segurança;
  • ampliação dos módulos dos docentes e do Quadro Apoio;
  • condições de atendimento à educação especial para garantir as aprendizagens;
  • climatização nas escolas;
  • não ao regime de remuneração por subsídio;
  • não ao fechamento das salas de educação de jovens e adultos;
  • redução do número de alunos por sala/turma/agrupamento;
  • não à plataformização do ensino, gestão escolar democrática, entre outros itens.  

Apoio

Em apoio aos professores, o Comitê de Educação do PCdoB São Paulo (SP) emitiu uma nota em que critica o reajuste oferecido pela Prefeitura como também repudia a tentativa do governo de interditar a luta via judicialização para “colocar a população contra os educadores”. Veja a seguir o documento completo:

Nota do Comitê de Educação do PCdoB São Paulo (SP)

O governo Ricardo Nunes, mais uma vez, age com total desrespeito à categoria e à democracia. Como é de sua prática, no apagar das luzes do dia 9 de abril, encaminhou à Câmara Municipal o PL nº 416/2025, sem qualquer diálogo com os sindicatos que estão em plena campanha salarial. Ignora e atropela o processo de negociação, como se os trabalhadores e trabalhadoras da educação não existissem.

A proposta apresentada pelo Executivo — um reajuste linear de 2,55% em 2025 e 2,60% em 2026, além de 6,27% nos pisos do QPE 11 — é vergonhosa frente aos 34% que vereadores, secretários e o próprio prefeito aprovaram para si. Para a elite política, o privilégio. Para os educadores, o arrocho.

Além disso, manipulam informações, a pauta da categoria vai muito além dos índices salariais: reivindica a valorização do magistério e das carreiras do QPE, a revogação da Lei nº 18.221/2024, a incorporação dos abonos, o fim da plataformização do ensino, das terceirizações e do confisco previdenciário, melhores condições de trabalho, climatização das escolas, defesa da EJA e da gestão democrática. Lutas legítimas que expressam o compromisso com a escola pública de gestão pública, gratuita, laica e acima de tudo de qualidade.

A tentativa do governo de interditar a luta via judicialização, com liminar que determina 70% de efetivo mínimo nas escolas, visa colocar a população contra os educadores. Essa iniciativa que visa nos amedrontar reforça o autoritarismo e a visão de educação como serviço e não como direito. Mas não nos calarão.

A greve é instrumento de luta legítimo. E, neste momento, aderir à greve é uma tarefa política de todos que defendem a escola pública como espaço de socialização dos saberes historicamente construídos, e não como balcão de negócios para o capital.

O Comitê de Educação do PCdoB da capital de São Paulo se soma à luta da categoria, se alinha às entidades sindicais combativas e convoca todos os profissionais da educação a fortalecerem a greve. O momento exige unidade, coragem e mobilização.

TODOS À LUTA! NENHUM DIREITO A MENOS! EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA!

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