
Colaboradores estão mais engajados, menos ansiosos, e conseguem conciliar melhor a vida pessoal e profissional. No entanto, destacam a necessidade de um planejamento eficiente para não prejudicar as folgas. Empresa de design de Belo Horizonte (MG) adotou semana de 4 dias
Greco/Divulgação
As empresas brasileiras que participaram de um experimento sobre a semana de 4 dias de trabalho notaram um aumento de 60% no engajamento dos funcionários, um ano após o início da redução da jornada.
🤝 A colaboração também cresceu 85,4%, contribuindo para uma melhora de 61,5% na execução de projetos e de 44% na capacidade das equipes de cumprirem prazos.
🏃♀️➡️ Os funcionários, por sua vez, relataram mais energia para realizar as tarefas, redução da ansiedade e insônia, e melhora na conciliação da vida pessoal e profissional.
Mais de 70% das empresas, inclusive, disseram ter aumentado o faturamento no último ano. Apesar disso, levantaram preocupações sobre a manutenção do modelo a longo prazo, especialmente em períodos de alta demanda ou mudanças organizacionais. (leia mais abaixo)
Essas informações estão em um relatório divulgado nesta semana pela “4 Day Week Brazil”, uma organização sem fins lucrativos, parceira no Brasil da “4 Day Week Global”, que viabilizou o experimento no país e já fez vários testes parecidos ao redor do mundo.
O objetivo do projeto era que as empresas reduzissem a jornada de trabalho mantendo 100% dos salários e da produtividade.
Ao todo, 19 empresas concluíram o projeto no Brasil. Foram três meses de preparação, de setembro a dezembro do ano passado, até que, em janeiro, os trabalhadores começaram a atuar com a carga horária reduzida.
O que diz quem passa pelo teste da semana de 4 dias no Brasil
Em fevereiro, funcionários já contaram ao g1 suas primeiras percepções (assista ao vídeo acima). Já em abril, foi divulgado o resultado parcial após três meses de teste e, em julho, o relatório de seis meses, ao fim do experimento.
Agora, veja abaixo as principais percepções dos chefes e funcionários um ano após a adoção do modelo.
Todas as empresas participantes decidiram manter, permanentemente ou ainda como teste, a redução do expediente, mas algumas em menor escala. (entenda mais aqui)
As companhias são de cinco cidades em quatro estados (SP, RJ, MG e PR) e participaram do projeto com, no máximo, 25 colaboradores. A maioria é da área de tecnologia, comunicação e consultoria, mas um hospital também participou, com funcionários da área administrativa.
De 43 para 35 horas ⌚
As empresas começaram o experimento com os funcionários trabalhando aproximadamente 43 horas por semana. Após um ano de teste, o expediente foi reduzido para cerca de 35 horas semanais, apesar de a meta ser reduzi-lo para 32.
De acordo com o relatório, os resultados mostram que a redução da jornada de trabalho é um processo gradual, que exige mudanças estruturais nos processos, aprimoramento das práticas de gestão e o engajamento contínuo das equipes.
Alguns colaboradores destacaram a necessidade de ter uma liderança comprometida, organização eficiente e confiança no time. Em empresas onde essas condições não estavam alinhadas, surgiram dificuldades em manter o dia livre, destaca o relatório.
“É importante que todos, principalmente a liderança, se organizem o suficiente para garantir um bom fluxo de trabalho e não prejudicar a folga do restante da equipe”, disse um participante.
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Por que algumas empresas decidiram não manter todas as folgas após teste
Adaptações na rotina de trabalho 👩💻
Para a semana de 4 dias funcionar, as equipes precisaram adotar diferentes estratégias para tornar os processos internos mais dinâmicos e agilizar a produção.
Como resultado:
97,2% dos participantes passaram a priorizar tarefas mais importantes;
76% estabeleceram uma comunicação mais clara com seus supervisores, alinhando responsabilidades de maneira eficiente;
81,5% adotaram práticas mais eficazes de desempenho;
e 67,5% incorporaram o planejamento diário como uma estratégia essencial.
O uso de tecnologia e automação também ajudou, e foi citado por 52,3% dos participantes. Quase 40% também afirmaram que houve redução do tempo dedicado a reuniões.
Impactos na saúde 💪
Após a redução da jornada, houve um aumento de 43,6% no número de colaboradores que praticam exercícios físicos mais de três vezes por semana. O relatório também destaca um crescimento do tempo médio de sono, de 6,7 para 7 horas por noite.
Quase 80% dos participantes ainda relataram sentir-se mais alegres e de bom humor, ao mesmo tempo em que houve uma redução expressiva nos fatores que comprometiam o bem-estar.
O desgaste emocional no trabalho caiu 58,2%, e a exaustão pela manhã, ao pensar no trabalho, foi reduzida em 59,8%.
Com isso, quase 43% dos funcionários disseram que precisariam de um aumento salarial de mais de 50% para considerar retornar a uma semana de trabalho de cinco dias.