“Tenho dúvidas sobre esta fusão da Azul com a Gol”, diz Silvio Costa Filho

A possível fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol gera preocupação para o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Em entrevista ao podcast Direto de Brasília, nesta terça-feira (15), ele afirmou que o processo “não ajuda” o Brasil. Apesar da avaliação crítica, o ministro disse que respeitará a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), responsáveis por analisar a operação.

“Tenho dúvidas sobre essa fusão, porque 98% da movimentação da aviação brasileira está nas mãos da Gol, da Azul e da Latam. É um processo que ainda depende do Cade, não de mim. Essa modelagem de fusões acontece no mundo, de empresas que estão em dificuldade se juntarem para poder se salvar e se planejar para o futuro. Mas, neste momento, na minha avaliação, uma possível fusão não é benéfica para o país. Não ajuda. Quanto mais companhias aéreas, melhor”, disparou.

Leia mais

Silvio ressaltou a articulação que fez junto ao presidente Lula e aos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda) para garantir uma linha de crédito de R$ 4 bilhões para as companhias aéreas poderem se reestruturar. “As três empresas sinalizam que farão operações de crédito, e, se elas pegarem esses recursos, poderão se organizar, pagar dívidas, comprar aeronaves, para que não seja necessária essa decisão (fusão). Penso que temos muito tempo, o processo está sendo gestado pelas companhias aéreas, e agora se iniciou a discussão dentro do governo. Nesses dois anos, tivemos um incremento de mais de 5% nos voos internacionais no Brasil, um crescimento de 14% nos voos nacionais — isso tudo vai fortalecer a aviação nacional. E tenho trabalhado para buscar novas companhias aéreas. Há algumas interessadas que sinalizam até a compra de aviões da Embraer. As tratativas estão caminhando bem, isso dá mais opções e democratiza cada vez mais”, colocou.

O ministro também comentou sobre o acidente da Voepass e as consequências para a reputação da empresa. “Ela está com muita dificuldade. Tentamos ajudar, ela está buscando uma operação de crédito para a reestruturação, a renovação da frota. Vamos ter uma reunião na primeira semana de maio, na qual querem apresentar um plano estratégico de fortalecimento. Mas a Anac só vai autorizar qualquer operação de retomada de voos quando eles puderem apresentar um plano de reestruturação. Mas ela (Voepass) está dialogando com companhias aéreas de fora do Brasil — de repente, pode acontecer uma incorporação da Voepass a outra empresa”, elencou Silvio Costa Filho.

Por fim, o ministro celebrou os avanços do programa Voa Brasil, o qual conseguiu tirar do papel e que já deu oportunidade a 40 mil aposentados do país de viajarem pagando até R$ 200. Mas afirmou que não tem condições de ser expandido para toda a população.

Ao encerrar a entrevista, Silvio Costa Filho destacou os resultados do programa Voa Brasil, voltado inicialmente para aposentados. Segundo o ministro, a iniciativa já permitiu que cerca de 40 mil pessoas viajassem pagando até R$ 200 por passagem, sem uso de verba pública. “Não tem R$ 1 de recursos públicos, pois é feito em parceria com a iniciativa privada”, explicou. Apesar do êxito, ele reconheceu que não há condições de ampliar o benefício a toda a população. “O Brasil não tem recursos para subsidiar a aviação. Governar é elencar prioridades, e neste momento é mais certo investir em infraestrutura e programas sociais”, afirmou.

Leia menos

Adicionar aos favoritos o Link permanente.