A urgência do apoio à Santa Casa

Irondes José de Moraes

A história não se escreve apenas com datas ou paredes antigas. Ela se constrói com propósito,
coragem e compromisso com o outro. E é exatamente isso que a Santa Casa de Misericórdia de
Goiânia tem feito ao longo de quase noventa anos. Mais do que um hospital, somos parte viva da
memória e do presente de uma cidade que cresceu ao nosso redor, mas que ainda nos reconhece
como referência quando o assunto é cuidado e acolhimento.

Diariamente, vidas chegam até nós carregando dores, dúvidas e esperanças. E nós acolhemos todas
elas, sem distinção. Não oferecemos apenas tratamento. Oferecemos dignidade. Isso é o que significa
ser filantrópico. É cumprir uma missão que ultrapassa os limites da medicina: é um compromisso
ético, humano e essencial.

No entanto, há uma realidade que precisa ser encarada com clareza: filantropia não é improviso.
Manter esse nível de cuidado exige muito mais do que boa vontade. Exige estrutura, investimento e,
sobretudo, parceria. A atuação filantrópica carrega grandes responsabilidades e enfrenta, com
frequência, desafios proporcionais à sua importância. Mesmo com recursos limitados, seguimos
firmes, com resiliência e dedicação.

É por isso que atitudes de reconhecimento por parte do poder público fazem diferença. O recente
pronunciamento do deputado estadual Paulo Cezar Martins, na Assembleia Legislativa, reforçando a
importância da Santa Casa e pedindo mais recursos para o combate ao câncer, foi mais do que um
discurso. Foi um gesto de responsabilidade social. Uma fala que evidencia o entendimento de que
saúde pública é uma missão coletiva, que requer o engajamento de todos.

Nossa ala de oncologia é um exemplo claro disso. Por mais de três décadas, temos acolhido pacientes
com câncer em um ambiente que oferece, além do tratamento clínico, apoio emocional e
acompanhamento contínuo. Mas para que isso aconteça de forma segura e eficaz, são necessários
investimentos permanentes — em tecnologia, insumos, infraestrutura e profissionais especializados.
Nesse contexto, a defesa por maior atenção e aporte de recursos torna-se não apenas pertinente, mas
essencial.

A participação da sociedade civil, por meio de doações e ações voluntárias, é extremamente valiosa e
mostra o quanto a Santa Casa é querida por Goiânia. No entanto, é imprescindível que os governos
federal, estadual e municipal cumpram seu papel no fortalecimento da rede pública de saúde, com
repasses regulares e apoio efetivo.

Vale lembrar que contribuir com instituições filantrópicas como a Santa Casa não é apenas uma
forma de reconhecer seu valor, mas também uma decisão inteligente do ponto de vista econômico e
social. Manter e fortalecer estruturas já consolidadas e em pleno funcionamento é, muitas vezes,
mais eficiente e menos oneroso do que criar novas unidades de saúde do zero. Apoiar o que já dá
certo é também uma forma de responsabilidade com o uso dos recursos públicos.

A saúde é, ao mesmo tempo, urgência e humanidade. E garantir que ela esteja ao alcance de todos
não é um favor — é um dever constitucional e moral. Enquanto houver quem precise, estaremos
aqui. Mas esperamos, cada vez mais, contar com o apoio de decisões comprometidas com aquilo que
realmente importa: a vida.

Irondes José de Moraes é Superintendente-Administrativo da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia | Foto: Divulgação

Irondes José de Moraes é Superintendente-Administrativo da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia. Além disso, foi Prefeito de Inhumas por dois mandatos e Secretário de Estado do Planejamento e Desenvolvimento Regional

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