Médico explica doença que atingiu jogador do São Paulo

Tromboembolismo venoso é a terceira maior causa de morte pulmonar. Os sinais de alerta incluem dor no peito, tosse, escarro com sangue, palpitações, desmaio e, nos casos graves, até parada cardiorrespiratória.

|  Foto:
Divulgação/Canva

O jogador Luiz Gustavo, do São Paulo, teve o diagnóstico de tromboembolismo pulmonar e precisou ser internado para tratar.

|  Foto:
Divulgação

Na última semana, o jogador Luiz Gustavo, de 37 anos, do São Paulo, foi diagnosticado com um tromboembolismo pulmonar (TEP) e precisou ser internado para tratar o problema. O atleta foi encaminhado ao hospital depois de sentir dores na região torácica.

Leonardo Lessa diz que os sintomas mais comuns são falta de ar, dor no peito, tosse, palpitação e desmaio.

|  Foto:
Fábio Nunes/AT

A doença, conforme explica o angiologista e cirurgião vascular Leonardo Lessa, acontece quando um coágulo de sangue se forma, geralmente nas pernas, e se desprende, “viajando” pela corrente sanguínea até os pulmões, onde bloqueia uma ou mais artérias.O que torna o evento ainda mais grave é quando sobrecarrega o trabalho do coração, podendo levar ao infarto do miocárdio e à morte. O tromboembolismo pulmonar é a terceira maior causa de morte cardiovascular, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).A Tribuna  – Quais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença?Leonardo Lessa: Os principais fatores de risco são: ficar muito tempo em uma posição – como em cirurgias ou viagens –, histórico de trombose ou embolia na família, uso de anticoncepcionais hormonais ou de reposição hormonal, gravidez, câncer, obesidade, tabagismo, entre outros.É comum que pessoas jovens e saudáveis, como atletas, desenvolvam tromboembolismo pulmonar? Neste público, quais seriam os fatores de risco?Não é uma situação comum, mas pode acontecer. Mesmo pessoas jovens, e aparentemente saudáveis, podem desenvolver a doença, especialmente se tiverem algum dos fatores de risco mencionados anteriormente.Quais são os sintomas mais comuns que indicam um possível quadro de tromboembolismo pulmonar?Os sintomas mais comuns são a falta de ar, dor no peito, tosse (que pode vir com sangue), palpitação, sensação de tontura ou desmaio, inchaço e dor em uma perna, no caso de trombose associada.Existe alguma forma da doença se manifestar de maneira silenciosa ou pouco perceptível?Sim. Em alguns casos, o TEP pode ser leve e causar poucos sintomas ou quase nenhum. Isso é mais comum quando o coágulo é pequeno. Mesmo assim, pode ser perigoso, se não for diagnosticado e tratado a tempo.O uso de contraceptivos hormonais se relaciona com o risco de TEP em mulheres mais jovens?Sim. Pílulas anticoncepcionais que contêm estrogênio podem aumentar o risco de formação de coágulos, especialmente se a mulher tiver outros fatores de risco, como tabagismo, histórico familiar ou predisposição genética. Embora o risco seja pequeno, ele existe.Qual a diferença do tromboembolismo pulmonar para a embolia pulmonar?Na prática, os dois termos costumam ser usados como sinônimos. Embolia pulmonar se refere ao bloqueio das artérias dos pulmões por qualquer material (como coágulo, gordura ou ar). Tromboembolismo pulmonar é um tipo específico de embolia pulmonar, causada por um coágulo de sangue (trombo). Ou seja, todo tromboembolismo pulmonar é uma embolia pulmonar, mas nem toda embolia pulmonar é causada por trombo.Como é feito o diagnóstico de TEP? O diagnóstico é feito com exames radiológicos, como a tomografia do tórax com contraste, exames de sangue e ultrassom das pernas, se houver suspeita de trombose.E o tratamento? No caso de um atleta, há um tempo médio de recuperação?O tratamento é feito com anticoagulantes (remédios que afinam o sangue) para evitar a formação de novos coágulos e ajudar o corpo a reabsorver o que já existe. Em atletas, o tempo de recuperação pode variar de algumas semanas a vários meses, dependendo da gravidade. Em geral, recomenda-se afastamento de atividades físicas intensas por pelo menos três a seis meses.Em casos mais graves, quais complicações o tromboembolismo pode causar? A doença pode deixar sequelas mesmo após o tratamento?Sim. Se o coágulo for grande ou se houver demora no tratamento, o TEP pode causar insuficiência cardíaca, queda da pressão arterial, parada cardíaca e a morte. Mesmo após o tratamento, alguns pacientes desenvolvem uma condição chamada hipertensão pulmonar crônica tromboembólica, que afeta a circulação nos pulmões e pode causar falta de ar persistente.Fique por dentroO tromboembolismo venoso é caracterizado pela presença de um trombo ou um coágulo no sistema circulatório.A condição se manifesta de duas formas: trombose venosa profunda (TVP), que acomete uma veia profunda dos membros inferiores; e o tromboembolismo pulmonar (TEP), que ocorre quando o coágulo ou trombo se desloca pela corrente sanguínea e se aloja nas artérias do pulmão.Os sintomas mais comuns do tromboembolismo venoso são inicialmente dor, inchaço, calor, vermelhidão, edema e endurecimento do tecido do membro acometido.Em quadros com embolia pulmonar, os indícios são tosse, dor torácica, escarro com sangue, palpitações, desmaio e até parada cardiorrespiratória nos casos mais graves. • Estrogênio – É um dos principais hormônios sexuais da mulher.• Coágulo – Aglomerado de sangue que mudou de estado líquido para um estado gelatinoso ou semissólido.Os números42 mil internações na rede pública, entre 2015 e 2019, foram ocasionadas pelo tromboembolismo venoso. 1 a cada 4 pessoas internadas no período morreram. Fale com a coluna na redação:• Telefone: (27) 3331-9045 ou (27) 3331-9015.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.