Por José Adalberto Ribeiro*
MONTANHAS DA JAQUEIRA – Chegou o Baú da Felicidade, felicidade para os candidatos. Vamos abrir as portas da esperança! Vossa excelência é um nobre freguês do art. 171. Eu não mereço tanto! Trata-se de um grandíssimo filho. Quanta gentileza do nobre deputado! Ditadura nunca mais! Stop censura. Na Venezuela. A Faixa Gaza é aqui. A caterva vermelha propõe a reconstrução do muro de Berlim. Trump é recifense da gema, diz o tocador, um candidato.
Começou a bagaceira. O programa da propaganda eleitoral gratuita, vírgula, está no éter, está nos ares, nos bares, nos mares, em todos e todes os lugares onde canta o carcará e onde cantava o sabiá.
O Fundão partidário de 4,9 bilhões este ano, distribuído entre os partidos, será pago pelos Zé Manés. O governo cortou o orçamento do programa Farmácia Popular, as florestas estão em chamas e falta dinheiro para combater os incêndios. Se fosse no governo passado, bastava dizer que a culpa era de Bolsonaro. Se houver reclamação, será considerada uma manifestação antidemocrática.
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Nos tempos da ditadura civil-militar ou ditabranda, conforme o entendimento do freguês, a propaganda eleitoral era regida pela inglória Lei Falcão, editada em 1976 e que foi aplicada nas eleições de 1982. O partido do governo, a Arena, havia levado uma surra nas eleições de 1974 e criou a Lei Falcão para evitar novas vitórias do MDB. O pessoal de hoje pode estranhar, mas é vero. O babado funcionava com base no antigo cinema mudo.
Aparecia a foto estática de um fulano e uma legenda… candidato a governador, deputado, vereador. Aqui em Pernambuco aconteceu um fato pitoresco. O agricultor Manoel da Conceição, candidato a governador pelo PT, havia participado da luta armada e sofreu a mutilação de uma perna. A propaganda eleitoral dizia a apenas o seguinte: “Manoel, candidato governador, perdeu uma perna”. O pobre Manoel, criatura simplória e boa gente, foi levado na galhofa: procura-se a perna e o sossego… Meu amigo, o guerrilheiro Bruno Maranhão, petista-raiz, foi candidato a senador.
Os candidatos olímpicos majoritários não estão nada preocupados se vão obter uma votação irrisória. São mais candidatos a receber as cotas milionárias do Fundo Partidário. Ser dono de um partido equivale a ser sócio de uma franquia da Casa da Moeda. Quem quer dinheiro do Baú da Felicidade partidária!? Não tem nenhum inocente nessa área.
Dizem que a mentira tem pernas curtas. Mentira. A mentira tem pernas compridas e caminha com botas de sete léguas. Não existem mentiras cabeludas. A mentira tem pernas depiladas e torneadas.
Atualmente eu sou um velhinho de 95 anos (Deus me ouça!), jogador de football e de tênis, treinado na guerra do dia-a-dia. Mas não há quem diga, dizem que eu pareço ter apenas 94 anos e poucos meses. Eu nunca menti na vida. Apenas vez por outra esqueço a minha idade, pois são muitas emoções na estrada da vida.
*Periodista, escritor e quase poeta
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