A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que integrou a CPMI do Golpe, acredita que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), não “vai comprar uma briga” com o Supremo Tribunal Federal (STF) e pautar o projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro.
De acordo com ela, Motta enfrenta algumas dificuldades. “Pautar a anistia é um tapa na cara do povo brasileiro. É um desprezo para a democracia brasileira e um confronto com o Supremo. Eu penso que o presidente da Câmara não vai querer comprar essa briga”, diz a parlamentar ao ICL.
Para Jandira, também não há como anistiar quem ainda não foi condenado. “Isso atropela o próprio processo e a investigação do Supremo. Todos os relatórios da CPMI, que eu participei, da PF, da PGR e do próprio Supremo, mostram provas robustas e contundentes de participação e de comando de Bolsonaro sobre esse processo”, afirma.
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A deputada diz que o projeto com pedido de urgência não é mérito, isto é, há mais de 400 matérias com a urgências aprovadas e que não foram para a pauta. “Pode ser que ele [Motta] ceda na urgência e não vote o mérito. Essa é uma questão que pode ser posta”, explica.
Jandira soma a essas dificuldades as pesquisas indicando que a maioria da população brasileira é contra o projeto e o clima criado pelos bolsonaristas contra Motta. “O presidente da Câmara foi alvo da manifestação deles, agrediram muito o Hugo Motta”, disse.
Lembra ainda que Motta no seu discurso de posse citou cinco vezes Ulisses Guimarães, “Isso tudo não tem coerência de pautar uma matéria como essa, uma investigação que está nas mãos do STF”, diz.
Discurso
“Ulysses em seu discurso desenhava a função constitucional deste parlamento, já então. Palavras do Senhor Constituinte: ‘É axiomático que muitos têm maior probabilidade de acertar do que um só’. Quem era o ‘um só’ a que se refere Ulysses? O super presidente, o presidencialismo absoluto, cuja sentença de morte estava sendo decretada naquele momento, na inauguração da nova Constituição, no mesmo célebre discurso em que pronunciou a frase que ainda ecoa nestas galerias: ‘tenho ódio e nojo à ditadura’”, disse Motta durante sua posse.
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